- Capítulo 9 - Traição

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              Nove Meses Depois

     Nove meses. O que poderia ter acontecido em um período que é ao mesmo tempo, tão curto e tão longo?

     Durante esses nove meses entreguei mais dinheiro à população, somando os valores finais uma semana antes da apresentação na reunião. Visitei Sam todas as vezes, e ele parecia mais magro e triste  a cada dia que passava, não sabia se era por conta da reunião que se aproximava ou de seu pai que veio à falecer por conta de uma doença, talvez seja os dois. Decidi que depois que toda esta tempestade passasse, eu dedicaria meu tempo em sua felicidade merecida. Minha relação com Kaylor foi se fortalecendo novamente ao longo do tempo e ela me agradeceu de joelhos por ter mudado de ideia antes de hora, todo e qualquer esboço que eu fazia para o discurso da reunião passava por suas mãos para que ela aprovasse ou pedisse para mudar alguma coisa, no final das contas o discurso ficou pronto. Também tive mais contato com todos os herdeiros, me aproximei mais de cada um deles. Nora a cada dia me encantava mais por sua animação e ingenuidade, me ensinou a como suturar um ferimento com alguns materiais que ela pegou emprestado de Jade e, em troca, ensinei a ela algumas técnicas de defesa pessoal. Júlio era um menino fofo, quebrando todas minhas expectativas de "menino malvado" que eu havia criado para ele de primeira impressão, descobri mais sobre ele ao longo deste tempo e percebi que ele era um menino inteligente e encantado por livros, assim como minha irmã. Matthew… ele continua me irritando, é a única pessoa que eu tenho desgosto de dividir meu castelo, certa vez, em uma das reuniões, começamos a provocar um ao outro por conta de uma simples discussão sobre climas de cada território, consequentemente meu pai me deu um sermão em frente de todos, mas ele também havia levado um puxão de orelha dos pais. Audrey e eu continuamos rindo e falando sobre vestidos e os Príncipes que ela havia se interessado, o que me deixava animada toda sexta-feira à noite. Leon começou a pegar mais pesado comigo no treino e é claro que eu não reclamei, ele sabia que eu adorava desafios. Meu aniversário havia passado, mas quase foi despercebido, pois toda a atenção do reino estava voltada para pessoas que foram mortas por conta daquela criatura na biblioteca, que por sinal, começaram a surgir por vários lugares do reino. O que salvou meu aniversário de 18 anos foi uma armadura de batalha que ganhei de minha mãe, um colar de marfim de Sam e um dia com Audrey.

    No oitavo mês eu vi meu irmão nascer e eu não pude deixar de me apaixonar quando aqueles olhos cor de mel olharam em minha direção e o bebê sorriu. Eram os olhos da mamãe. Príncipe James será um arrasador de corações, pois já ganhou o meu. Este foi um bom momento no qual o reino todo entrou em festa e por um dia esqueceram todos os problemas envolvendo o Livro, as mortes e Ruby.

    No dia seguinte do nascimento de meu irmão, fui ao centro da vila com minha roupa de Libertadora e por fim, mostrei quem realmente era. As pessoas ficaram em choque e eu, sorri ao ver o coral de cidadãos me chamando de piedosa e bondosa. A primeira parte do meu plano já foi cumprida, que no caso era o acolhimento do meu povo, agora me faltava falar isso para a minoria injusta conhecida como realeza.

    E então chegara o nono mês. O mês do sim ou do não. O mês que decidiria meu futuro. Participar ou não da guerra, ganhar prestígio e proteger meu irmão e meu povo. E agora eu estava com Kaylor em meu quarto treinando o discurso enquanto vestia a armadura que mamãe me deu.

     -Pareço intimidadora o suficiente? - Digo ironicamente.

     -Faltou-lhe a espada. - Kaylor diz, rindo.

    Embanhei a espada ao meu lado e olhei-me no espelho. Eu estava parecendo uma verdadeira guerreira. E Kaylor ao meu lado me dava todo o suporte que eu precisava. Puxei o ar e soltei determinantemente.

     -Estou pronta.

    A reunião seria feita no salão novamente, já que depois haveria a comemoração do nosso pequeno Príncipe James. Antes de descer a escadaria, passei pelo quarto dos meus pais e avistei o berço ao lado da cama aconchegante. Andei até meu irmão e olhei profundamente em seus olhos.

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