- Capítulo 20 - Aliança

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Ouvi meus amigos gritando e correndo em minha direção, me deixando em pânico. Não podia deixar que Ruby os ferissem.

As mãos bronzeadas em volta de meu pescoço se amenizaram, agora eu podia pelo menos respirar. Uma pressão forte tomou conta de todo meu corpo quando Ruby me deixou de lado, e com passos calmos e determinados caminhou em direção aos meus amigos.

Nora e Matthew não pararam de andar, ao contrário prepararam suas armas. Tentei me mover, uma pressão era investida no meu corpo e me deixava incapacitada de mover um músculo, minha cabeça estava latejando. As cordas vocais funcionavam, mas estavam doloridas depois de quase ser enforcada pela força da Deusa da Liberdade.

-Parem onde estão. - Tentei alertá-los. Não acredito que estão sendo tão ingênuos a ponto de desafiar a Ruby para me salvar. - Eu resolvo isso, parem. - Minha voz estava rouca, baixa demais para ser ouvida.

Eu poderia implorar para que eles parassem onde estão. Não posso suportar ver meus amigos sendo machucados por minha causa.

Um movimento com as mãos e Ruby os jogou longe, Matthew consequentemente caiu no mar e uma onda quebrou em cima dele. Ouvi um xingamento vindo do príncipe. Enquanto Nora foi jogada para frente, na areia. Trinity, por sorte, a protegeu, colocando sua asa sob a garota.

A mulher de cabelos vermelhos voltou-se para mim novamente, caminhando como um felino faminto em minha direção, o olhar de uma predadora. Quando aquela Deusa sorriu para mim, perdi a noção do espaço-tempo, nem me importando com o navio branco que acabara de atracar ao nosso lado. Os dentes brancos exibiam afiados caninos de ouro, todos envoltos de lábios carnudos com um batom cor de cereja.

Com ou sem a magia que ela usava para me prender eu não conseguiria me mover, estava paralisada de medo. Desde o começo achava que Ruby não nos receberia bem, mas não imaginei que fosse de uma forma tão hostil.

-Não ache que vai nos impedir, princesa. - Ruby ergueu as mãos, um possível comando para que os guerreiros na embarcação acima de nós comemorassem.

-Por favor, deixe-me explicar. - Meu corpo ficou trêmulo quando aquelas unhas se estenderam perto de meu rosto, mas apenas colocaram uma mecha de cabelo solta atrás da orelha.

-Eu não quero sua piedade, ladrazinha. Quero recuperar seu continente, eu e Morgana iremos castigar cada rei e rainha que aparecer em nossa frente. - A Deusa suspirou profundamente, confiante. -Qual seu nome, princesa?

Meu coração acelerou tanto, os pensamentos rodopiavam em minha volta, como vou explicar que Morgana está morta, que eu sou sua neta e, consequentemente, tenho direito ao trono de Libertália? Meu maior medo naquele momento era a reação da minha avó, pois agora sabia que um simples movimento de suas mãos e meu pescoço se partia.

Aqueles olhos escuros me encaravam, esperando pacientemente pela minha resposta.

-Haevyn... Meu nome é Haevyn. - Gaguejei.

-Morgana gostava desse nome...

"Não é atoa que me nomeou com esse ele." Pensei, não era a hora certa de falar isso.

-Eu posso te maltratar por último, então. - Uma risada maléfica que retumbou em meu coração, aquela mulher com certeza espantaria o mais corajoso dos sentinelas, apenas me mantive em pé por conta da pressão que Ruby exercia em volta de mim.

-Ruby, você não entende... eu sou...

As unhas afiadas na mulher percorreram meu pescoço. Um arrepio congelante desceu pela minha coluna. Ela estava contemplando meu colar, presente de Sam. Me pergunto por que ainda não o joguei fora, por outro lado agradeci por isso, eu estava ganhando tempo. Tempo o suficiente para me acalmar e explicar o contexto que estávamos inseridas.

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