- Capítulo 21 - Dragão de Fogo

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    Nora olhava boquiaberta para a Deusa da Liberdade quando chegamos perto de Trinity. Matthew ainda estava cuspindo água do mar depois de quase morrer afogado, em contrapartida, agora uma legião de guerreiros de Libertália marchavam em direção ao castelo, não para atacar, para fazer uma aliança.

    Caminho até a cabeça da criatura de gelo, aquele imensos olhos azuis fluorescentes me encaram.

     -Trinity, preciso que você leve Nora e Matthew até o castelo. - Falei, agora eu me voltava para Nora que já estava posicionada em cima do dragão. - Nora, eu preciso que você faça uma rápida reunião com os reis, diga que conseguimos aliados.

    A princesa ruiva me dá um sorriso confiante, e junto com Matthew, eles partem voando até o castelo floral de Greysand.

     -Aquela criatura é sua? - Perguntou Ruby.

     -Sim, é um Dragão de Gelo. O nome dele é Trinity.

     -Admirável, dragões são criaturas difíceis de domar.

     -Trinity é... especial. - Foi a única resposta que encontrei.

    Eu e Ruby começamos a caminhar junto com o exército de guerreiros, e Matthew tinha razão, todos eles aparentavam ser bem mais fortes do que um homem normal conseguiria ser. Cada um deles, ao passar por mim, se curvou. Isso não é uma coisa que eu estou acostumada, na verdade, não queria me acostumar.

     -Me conte melhor essa história, o que Sam era seu? - Minha avó perguntou. Não lhe encarei assim que respondi, ainda tinha vergonha do que eu fiz.

     -Era meu… companheiro.

    Ruby percebeu o quanto eu estava desconfortável, e parou de perguntar. A mulher se movia com uma postura perfeita, como se os séculos de vida nem pesassem.

    Permanecemos o restante do caminho caladas. Um outro lado do meu coração queria saber mais sobre a avó, mas Ruby não se abriu para mim. Ela tinha esse direito, e eu acho que ela nunca vai falar sobre si mesma.

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    Ruby estava determinada quando a levei para a sala do conselho, onde os outros reis estavam reunidos. Por alguma razão, a Deusa quis que eu ficasse de fora da discussão, pois ela mesma disse que uma princesa com gênio forte não seria a melhor companhia que ela teria na hora.

    Passei menos de 5 horas com minha avó, e posso ter certeza que ela não me considera como neta. Um ato frio, mas necessário. Eu era a pessoa que tinha destruído um reino inteiro por puro egoísmo. Essas ideias na minha cabeça não sairiam tão cedo.

    Esse seria o momento perfeito para falar com Audrey, contar o que eu tirei dela, quem eu realmente sou. Não saberia o que dizer caso ela reagisse da pior forma, se viria contra mim ou até mesmo pegasse rancor. Eu não tinha nenhuma resposta para as perguntas que surgiam na minha cabeça, vou apenas consegui-las conversando com a princesa de Velares.

    Caminhei até o jardim do castelo, Trinity e os herdeiros não estavam lá, muito menos Júlio, que estava sumido desde cedo. Audrey cantarolava e rodopiava entre o canteiro de flores, tomando o maior cuidado para não pisar em nenhuma. Eu nunca teria essa delicadeza, para ser sincera. Caminhei com passos curtos e rápidos em direção da princesa.

     -Este reino não é encantador, Haevyn? - Audrey comenta após dar uma voltinha em volta de si mesma.

     -Deve ser o mais bonito de Thessália. - Respondo, eu realmente estava sendo sincera, aquele reino era agradável, limpo, calmo.

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