- Capítulo 13 - Príncipe Encantado

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                        Haevyn

   O vento parecia gritar lá fora enquanto estava deitada no tapete próximo à lareira. O estalar da chamas me ajudou na concentração para colocar as palavras em ordem. Era uma desafio que estaria aceitando.

   Passei a madrugada toda acordada embaralhando palavras, letras e frases. Consegui formar o nome de Ruby, depois a palavra Liberdade. Eram míseras palavras para o tanto de letras que faltavam, algumas ainda estavam quase sem tinta, o que dificultava muito na formação da frase. Precisava da ajuda de Júlio, mas o Príncipe de Lorkland estava ocupado demais dando suporte ao pai e aos feridos que ainda estavam nas montanhas. Audrey continuava cuidando da minha papelada. O Príncipe Júlio já me avisara de que precisaria devolver o livro no dia seguinte, mas seria impossível resolver este enigma em uma noite acordada.

    Foi quando, no maior pico de sono, decidi arrancar as folhas importantes do livro. Júlio me disse para devolver o livro, mas não especificou em qual estado.

    Amanhã de manhã eu devolveria o livro com Matthew e voltaria no quebra cabeças de palavras.

    Fui em direção à cama e simplesmente apaguei.

    Não demorou muito para que o quarto se transformasse em um completo gelo. Mesmo com inúmeros cobertores e peças de roupas, estava tremendo de frio. Achei estranho e abri os olhos com uma certa dificuldade, e poderia ter jurado que havia um acumulado de sombras no canto do quarto perto da lareira, mas nem mesmo o fogo conseguia iluminar. Semicerrei os olhos. Tentei perguntar quem era, mas minha garganta falhou. Não conseguia falar.

    Inesperadamente a sombra ganha forma e uma silhueta masculina anda pelo quarto. Meu corpo começa a tremer quando Sam me olha.

     -Tão coitadinha… - Comenta o menino com um sorriso malicioso. - Uma rainha sem coroa, sem trono, sem reino, sem nada… - Sam diz, cada passo era calculado, perigoso. O menino se movia como uma víbora, os braços estavam atrás das costas e a capa vermelho rubro se mexia por conta do vento que entrava pela janela aberta.

     -A única coisa que ainda tem é o irmão… - Um de seus braços dobrou em frente ao peito e a figura do Príncipe James apareceu em seus braços. O bebê dormia calmamente sem imaginar o perigo em que estava inserido.

    Tentei me levantar e  todos os músculos do meu corpo me deixaram na mão. Estava imobilizada.

     -Desesperador saber que o seu reino está em minhas mãos e não pode fazer nada sobre isso. Eu tenho total controle sobre sua vida agora, eu estarei atacando reino por reino até chegar em Hansport. Matarei todos que ama, mas deixarei você viva.

    Quis gritar quando Sam parou de se mover ao meu lado e esticou a mão, segurando meu maxilar e fazendo-me olhar em seus olhos chocolates.

      -Você vai sofrer cada dia da sua vida. O porquê? Por que eu sempre quis ser rei e não vai ser uma princesinha mimada que me tirará do caminho.

    Podia sentir a pressão que seus dedos faziam em minhas bochechas.

    E então eu gritei. Tudo desapareceu aos poucos. A sombra de Sam e James se perdeu nas luminosidades da lareira. Meu coração estava disparado quando levei a mão ao peito e enchi os pulmões.

    Era um pesadelo. Mas também um aviso de que Sam destruiria minha vida caso eu não fizesse nada.

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    A neve da floresta parecia estar mais densa quando eu e Matthew descemos do Dragão e colocamos os pés na neve, que nos afundou até as canelas.

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