- Capítulo 12 - Livros e Magia

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     Apenas parei de abraçá-las quando questionaram sobre o Dragão que repousava sobre a área congelada e agora estava prestes a dormir. Disse à elas que explicaria melhor depois, tínhamos assuntos mais importantes para discutir, por enquanto. Despedi-me de Matthew, o  mesmo havia me dito para que me sentisse em casa, podendo escolher qualquer quarto para ficar. O Príncipe tomou um rumo diferente assim que eu e as garotas subimos as escadas em direção ao corredor de quartos.

    As paredes eram todas brancas, enfeitadas com pinturas e espelhos gigantes. Caminhamos até o final do corredor e Kaylor abriu as portas duplas. O quarto no qual entrei era aconchegante, grande e calmo. Me joguei na cama assim que tive a oportunidade, arrancando risadas breves de todas nós. E então o clima de tensão voltou quando olhei para Kaylor e lembrei dos lampejos de desespero que vi em seu rosto aquela noite.

     -Acho que temos coisas para conversar. - Falei sentando-me devidamente na cama.

     -Coisas delicadas… - Audrey suspira.

     -Você… já sabe?

     -Mamãe e papai estão mortos e James está no castelo com Sam. Sim, já sei. - Durante toda minha vida nunca vi um olhar tão vazio vindo de Audrey. Imagino o quanto deve ter sofrido vendo os nossos pais morrerem na sua frente.

     -Foi tudo culpa minha. - A queimação em meus olhos voltou. Me agarrei aos cobertores na cama, segurando a vontade imensa de chorar.

     -Não ouse dizer isso. - Audrey disse em alto tom. - Por sua causa eu ainda estou com a cabeça grudada no pescoço. - Outro flashback veio em minha mente, o som da minhas espada e a da Sam chocando-se…

    Me arrepiei.

     -Pode me consolar o quanto quiser, Audrey. Mas o Sam ter entrado no castelo foi culpa minha.

     -Haevyn, eu sei que Sam é filho de Kaylor mas… como se conheceram e mantiveram isso escondido por anos?

     -Quando eu era pequena, Leon me levou para uma passeio à cavalo perto do rio. Quando paramos para descansar um pouco, acabei desobedecendo o Capitão e me aproximei das margens da água. Eu teria morrido afogada se não fosse por Sam me tirando de lá…

    Silêncio. Estava  silêncio, mas minha mente gritava. Como pude ser tão burra? Como não desconfiei de nada?

     -Fui descobrir que era filho de Kaylor quando cresci. Eu notei que o menino estava magro demais de fome e acabei me tornando a Libertadora. Sam foi um dos motivos, mas por causa disso me encantei por nosso povo. E eu não vou deixar que a pessoa que me deu o mundo agora o tire de minhas mãos.

     -Eu sinto muito por você, Haevyn.

     -Eu sinto muito por todos que eu trouxe para o buraco. - Sussurrei para mim mesma.

     -Independente do que você fizer, você nasceu para comandar. E terá meu apoio até o final. - Audrey aperta minhas mãos. Trocamos sorrisos sinceros e Audrey se despede, tinha coisas para resolver em questão de novos feridos e papeladas que eu deveria estar cuidando.

    Agora restava apenas eu e Kaylor. Não estava pronta para um grande sermão.

    Eu mereceria, claro. Mas… se tratava de Sam.

    Fiquei surpresa quando Kaylor silenciosamente atravessou o quarto, sentou-se ao meu lado na cama e me abraçou. Por mais fraca e envergonhada que estivesse, não consegui conter mais lágrimas.

     -Você não fez nada de errado, pequena. - Diz Kaylor me consolando. - Nada. Foi Sam. Eu estava certa o tempo todo… não conheço o filho que tenho.

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