- Capítulo 34 - A Salvação

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~Matthew~

     Trinity hesitou algumas batidas de asa antes de alcançar o castelo de Velares, isso por um bom motivo. Assim como nós, Sam também tinha um exército. E que os deuses nos salvem, mas todas aquelas pessoas estavam submissas à magia do Livro, sem contar com os lobos e trolls que se alinhavam ao Leste do exército.

     Mas eu não me importei, minha briga era, exclusivamente, com Sam.

     O dragão de gelo aterrissou nas escadarias do castelo, bloqueando a passagem com uma grossa muralha de gelo, impedindo  qualquer inimigo que tentasse apartar a briga.

     A arquitetura do castelo de Velares mudara muito desde a última vez que pus os pés naquele piso de mármore bem polido. Além de parecer mais amplo e gótico, toda a parte em que se encontrava uma longa mesa de jantar estava vazia. Um salão todo sem nenhum móvel. Apenas as grandes janelas permaneceram no lugar, deixando que parte da claridade de fora iluminasse o salão.

     Apertei a espada em minha mão, o escudo já em posição. Cada passo que eu dava ecoava pelo enorme cômodo vazio.

     -Onde você está, seu desgraçado? - Perguntei alto, de uma maneira que minha voz se propagou até perder a tonicidade. - Está com medo de aparecer? Logo imaginei, você é um covarde, Sam. Um aproveitador.

     O som de uma lâmina raspando o piso chamou minha atenção, e rapidamente girei-me sob os calcanhares na direção do ruído. A parte assombreada perto da escada mostrava alguns lampejos de uma espada negra. Não precisei ver seu rosto, apenas a risada que a sombra soltou já pude perceber que era Sam.

     -Não vou mentir que estou surpreso pela sua burrice. Vir aqui sozinho para tentar lutar contra mim? Lamentável. - Sam riu, se revelando a cada passo no qual permitia que a claridade o alcançasse.

     Seu rosto estava inexpressível, como quase sempre. Apenas um sorriso leve entortava o canto de sua boca.

     -Eu vou te matar. -Rosnei.

     Cada movimento do rei fazia com que minhas veias pulsassem debaixo da pele. A energia do meu poder rugia querendo sair, mas eu precisava reservá-lo para dar um golpe final. Ou me proteger em caso de extrema urgência. Girei minha espada, deixando-a inclinada sob meu peito. Uma tática de proteção.

     -Não faça promessas que não possa cumprir, príncipe.

     E um golpe inesperado vindo de Sam me deixou desestabilizado. Deixei o escudo me proteger, o mesmo ficou com um péssimo corte em sua parte de ferro. Um golpe desses em minha pele poderia ter me matado.

     Outro golpe, e desta vez minha espada entrou em ação. Levantei-a para cima e as duas lâminas se chocaram, fazendo um barulho horrível, que se tornou ainda mais ensurdecedor quando ecoou pelo salão. Da próxima vez, eu que desferi-lhe um golpe, Sam nem se quer tremeu quando minha espada acertou a sua.

     O garoto lutava sem escudo, na verdade, não precisava de um quando sua magia o protegia de qualquer golpe. Talvez eu precise usar meu poder antes da hora.

     Sam avançou em minha direção, mas não atacou. Em vez disso, chutou um dos meus pés, fazendo com que meu equilíbrio fosse prejudicado, sendo seguido de outro golpe fatal com sua espada. Eu poderia jurar que o escudo tremeu, e rachou levemente em sua lateral.

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