- Capítulo 17 - Escuridão

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     Hansport organizou seu exército em pouco tempo. De acordo com o rei de Lorkland, as tropas de seu território já estavam caminhando para as fronteiras de Greysand e chegariam até lá em pouco tempo, considerando a ajuda de carruagens e cavalos.

    Júlio havia se encontrado comigo no corredor, disse que seria melhor chegarmos lá com antecedência e Trinity seria uma ótima opção. Audrey estaria junto às tropas de Hansport, portando chegaria com o reforço mais atrasado.

    Por sorte, Trinity não reclamou de eu estar levando mais alguns passageiros conosco. Por outro lado, Nora quase me derrubou do Dragão assim que levantamos vôo. A princesa poderia ser muito talentosa quando se tratava de cirurgias e ervas medicinais, mas tinha pânico de altura. Matthew para piorar a situação, disse que ela não iria cair, apenas se ficasse em pânico. Foi motivo o suficiente para Nora ficar reclamando durante a viagem inteira.

    As poderosas batidas de asas do animal nos fizeram passar por Lorkland e suas tropas e atravessar a fronteira de Greysand. Nora me explicava que o reino sempre fora voltado para colheitas e agricultura, não é atoa que por cada canto se via uma macieira, ou melhor, que o castelo feito de pedras fosse todo enfeitado com trepadeiras e árvores frutíferas. Por sorte, a escuridão de Sam não havia chegado ao castelo por enquanto. Na verdade, o céu ao redor não apresentava nenhum indício de que a vila em frente ao castelo corria perigo.

    Mercadores e consumidores andavam por uma grande praça enfeitada com um chafariz em seu centro, sem imaginar que a pouco tempo chegariam exércitos de dois reinos. Algumas pessoas olhavam para cima, contemplavam o Dragão que voava em cima de suas cabeças, repararam que nós estávamos o montando. Algumas crianças começaram a apontar para o céu, para nós. Talvez seja este o dia mais feliz da vida delas. E precisamos fazer algo para que não se torne o pior.

    Além do horizonte, uma mancha acinzentada cobria o céu.

    Sam. A parte que ele estava tentando dominar.

    Minhas mãos se apertaram nas escamas do Dragão assim que me perguntei se o próprio Sam estaria lá. O que eu faria se encontrasse com ele?  

     -Vamos pousar um pouco mais perto da nuvem negra. - Murmurou Júlio. - Será mais seguro para todos nós do que entrar nessas nuvens.

     -Com certeza. - Respondi.

    Trinity a cada impulso com as asas chegava mais perto da parte negra do continente. Aquilo era surreal, era como se metade do reino fosse perfeito, com flores, pássaros, céu aberto e pessoas cantarolando e do outro lado, uma escuridão, podre e perversa, um pequeno rio dividia essas duas partes. Resolvemos pousar nas margens claras do rio.

     -Como vamos atravessar? - Analisei a correnteza, não seria uma boa ideia passar sem nenhum equipamento.

     -Eu não sei, podemos falar com os mercadores se eles pudessem emprestar algum barco pequeno ou…

     -Não. - Matthew interrompe a lógica de Júlio, o príncipe de Lorkland expressa uma grande confusão. - Tenho uma ideia bem mais prática. - O príncipe invernal agachou- se às margens do rio. Matthew olha por cima dos ombros, para nós. - Júlio e Nora, peço que fiquem calmos com o que vão ver agora.

    Me empolguei quando Matthew tocou o chão e uma bela ponte de gelo se formou até o outro lado do rio. Era perfeita, segura e prática.

     -Matthew… - Nora arregalou os olhos.

     -Eu conto para vocês depois, antes, vamos dar umas porradas no Sam.

    Atravessamos a ponte.

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