Capítulo 4

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Rafaela

Morte cerebral, Raissa teve uma morte cerebral e não há mais nada a se fazer para salvar a minha irmã, não há mais nada que possa trazer minha irmã de volta à vida.
Trouxeram os termos que ela mesmo quis assinar dizendo que caso ocorresse tudo o que está acontecendo, era para desligar os aparelhos que mantinham ela viva.
Ela nem sequer me perguntou como eu ia ficar se ela morresse, nem sequer pensou em mim e no meu sofrimento, a gente prometeu nunca nos separar e agora ela me deixou assim, sozinha, deixou a mim e a Dalila.

O que vou fazer sem minha irmã?

Os médicos saíram do quarto do Raissa há alguns minutos, me deixando sozinha com ela.
Estou parada, no pé da cama, olhando para ela e apenas sentindo minhas lágrimas rolarem por minhas bochechas cheias de dor.
Ela está com os aparelhos ligados ao seu corpo, o "bip" do monitor se mantem firme a cada segundo, e seus olhos fechados procuram passar a ideia de que ela pode estar em um sono, talvez profundo.

- Você é muito egoísta!

Digo finalmente e sinto um bolo se formar em minha garganta, minhas lágrimas descem sem cerimônia e minhas mãos trêmulas.

- Por que fazer isso? Por que? Eu... Eu não vou conseguir - desabo no mesmo instante, dando passos para trás e encostando na parede do quarto, ainda de frente para Raissa morta. - Eu, eu te amo demais pra viver sem você, maninha! Não faz isso! Não faz isso por favor...

A porta do quarto abre e fito Pedro, assim que me vê, ele corre e me envolve em seu abraço me pedindo para ficar calma e acariciando meu cabelo.
Deito em seu ombro e deixo minhas lágrimas serem libertadas de uma vez por todas na intenção de amenizar essa dor insuportável que sinto em meu coração.

- Quando vão desligar?

Pergunto pegando o copo de água que Pedro me entrega, estamos em sua sala, o médico neurologista que estava cuidando do caso da Raissa também está.

- Amanhã pela manhã. Sinto muito pela sua perda...

Balanço a cabeça assentindo.

- Eu preciso resolver as coisas do velório e do enterro... - falo me levantando.

- Rafa, eu posso cuidar de tudo se você quiser. Fique com sua irmã...

Olho para ele, e meus olhos enchem de lágrimas, nego com a cabeça e respiro fundo.

- Foi ela quem escolheu isso, Pedro. Eu vou cuidar das coisas do velório...

Digo saindo da sala e caminhando na direção da saída, então escuto a voz daquela médica, a pediatra que está cuidando da Dalila. Viro-me e a fito, ela caminha até mim e abre um sorriso singelo.
Limpo uma lágrima solitária e abro um sorriso cheio de dor.

- Eu fiquei sabendo da sua perda. Sinto muito, Rafaella!

- Obri... - minha voz embargada. - Obrigada!

- Eu que você deve estar com a cabeça a mil e não está pensando nas coisas. Mas agora, a Dalila só tem você e...

- Eu preciso cuidar das coisas do velório da Raissa - falo a interrompendo. - Depois eu converso com você, doutora!

De repente mãe - Completa - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora