Rafaella
- Julia, o Pedro? Cadê o Pedro?
Pergunto segurando o choro ao máximo por causa dos pacientes que estão esperando para serem atendidos, talvez por Pedro, talvez pelos outros médicos.
- Ele, ele está no consultório, doutora. Tudo bem?
- Ele está atendendo? Está com pacientes?
- Não. Ele só vai atender mais tarde. Está no consultório.
- Por favor, não deixa ninguém entrar...
Minha voz embarga e corro para a sala de Pedro, assim que entro fecho a porta, e a tranco.
Quando me viro, Pedro está em pé, me encarando sem entender o porquê do meu desespero.- Meu amor...?
- Pedro...
Corro e o abraço desabando em lágrimas no mesmo instante, chorando como um bebê desamparado, porque é exatamente assim que me sinto. Completamente desamparada.
Pedro me aperta contra seu corpo e não consigo parar de chorar, apenas digo o nome dela, lembrando de tudo que me disse naquela igreja, lembrando de tudo que passei, de tudo que Raissa e eu passamos sem ela para cuidar e amar a gente.- Minha... mãe... meu Deus, Pedro!
Pedro segura meu rosto, me fazendo olhar para ele.
- Ei... Respira... por favor, minha vida! Calma...
Ele beija minha testa e me ajuda a sentar em sua cadeira, logo Pedro pega copo de água do filtro que fica em sua sala e me entrega, tremendo, bebo um gole da água, mas me acalmar parece ser algo completamente impossível.
- Respira, meu amor... É me fala o que aconteceu. O que tem sua mãe?
Respiro fundo.
Pedro pega minhas mãos e as acaricia mostrando que está comigo, que esta ali, ao meu lado para me apoiar.- A minha mãe apareceu...
- Apareceu?
Balanço a cabeça assentindo, e mais lágrimas descendo por minhas bochechas sem qualquer cerimônia.
- Minha mãe... Pedro, a minha mãe é a Bete. A Dra. Bete.
- O que? Como? Como assim? A Dra. Bete?
- As filhas delas nunca morreu. Porque as filhas dela somos eu e Raissa. Ela mentiu que a gente tinha morrido no acidente que matou o meu pai. Ela mentiu sobre tudo. Ela abandonou a gente, abandonou a gente em um orfanato, sozinhas quando a gente mais precisava dela, Pedro.
- Meu Deus...
- Eu sinto tanto ódio. Tanta mágoa dela. Meu Deus, como uma mãe é capaz de fazer o que ela fez?
- Ela... Ela pode ter tido motivos pra isso, motivos sérios, amor.
- Nenhum motivo é válido. Abandonar duas crianças, em um orfanato porque o marido morreu, e ela não sabia o que fazer. Não é um motivo válido. Ela foi covarde.
- Meu Deus... Eu nunca imaginei que a Dra. Bete tivesse mentido sobre algo tão sério.
- Ela matou a mim e a Raissa. Ela nem refez a vida dela, teve outro filho e nem sequer voltou pela gente, como ela disse? Acompanhou a gente de longe, e por medo não pegou a gente de volta - dou uma gargalhada irônica. - Ela não é minha mãe! Não é mesmo!
Pedro limpa minhas lágrimas com seu polegar, respiro fundo.
- Ela se aproximou da gente. Se aproximou de mim e de Dalila, e sempre soube que eu era filha dela. 5 anos depois, ela me conta achando que eu vou abraçar? Eu sinto raiva! Eu sinto muita raiva! Raiva! Raiva!
- Ei... Ei... para...
Ele pega o copo, coloca na mesa e volta a me abraçar, quando começo a chorar soluçando novamente.
A gente se afasta, respiro fundo sentindo que a qualquer momento minha cabeça vai explodir.- Eu vou cancelar as minhas 2 últimas consultas e a gente vai pra casa, tudo bem?
- Não. Você precisa atender seus pacientes. Eu vou casar, pego a Lila e vou pra minha casa e...
- Não... Você não está em condições de ficar sozinha e eu não vou deixar você sozinha - ele beija meus lábios. - Vem... Vamos pra casa! Mais tarde pego a Lila.
♡
Abrir meus olhos sentindo um peso enorme em minha cabeça, meus olhos inchados de tanto chorar e com certeza vermelhos. Me levantei devagar e logo a porta abre, revelando Pedro, ele abre um sorriso de lado e senta ao meu lado na cama, pegando minha mão e selando um beijo cheio de amor, sorrio acariciando seus cabelos.
- Como você está?
- Com dor de cabeça, com certeza com os olhos vermelhas inchados, mas eu estou bem, meu amor!
- Eu não gosto de te ver triste. Me da uma sensação de impotência... Você é tudo pra mim, e te ver chorar, te ver sofrer, acaba comigo.
Sorrio sentindo meu amor por esse homem aumentar cada vez mais e mais.
Selo meus lábios nos seus e sorrimos juntos, puxo ele para deitar ao meu lado e logo estamos deitados, Pedro em meu peito e eu acariciando seus cabelos.- Amanhã eu vou estar bem. Eu te prometo. Vou cuidar dos meus pequenos pacientes e tudo vai melhorar.
- Eu tenho a noiva mais guerreira da face da terra!
Sorrio.
- Onde está a Dalila?
Pergunto, parece que já está de tarde e sempre pego Dalila na casa de Mia antes das 19hrs.
- Fui buscar ela na Mia, sabe o que ela me disse?
- O que?
Pergunto já rindo sabendo das proezas que Dalila é capaz de fazer.
- Que só vai embora da tia Mia quando o filme das princesas acabar.
Começamos a rir, quando faço menção de dizer algo, escutamos a campainha tocar.
Pedro levanta devagar, após beijar meus lábios, diz que vai atender a porta.
Devagar, me levanto e após lavar meu rosto, saio do quarto e caminho até a sala, fito Pedro conversando com um homem de terno, um rapaz alto, os cabelos negros, franzo a testa e sento no sofá olhando para os dois.- Amor, é um oficial de justiça.
- Como?
Levanto e caminho até a porta, o homem me entrega um envelope, então quando meus olhos fitam o nome de Dalila e acima, pedido de guarda meu coração dispara de uma forma desconcertante.
Olho para Pedro, ele segura minha mão e sela seus lábios em minha cabeça.- Meu Deus... Pedro...
- Calma...
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Até a próxima
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De repente mãe - Completa - Em Revisão
RomanceAtenção: Plágio é crime! Todos os direitos dessa obra são da autora. A estudante de fisioterapia Rafaela Maldonado viu sua vida mudar de forma drástica após sua irmã, Raissa Maldonado, morrer no parto e descobrir que a irmã pediu, como último desejo...