Capítulo 21

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Rafaella

- Julia, o Pedro? Cadê o Pedro?

Pergunto segurando o choro ao máximo por causa dos pacientes que estão esperando para serem atendidos, talvez por Pedro, talvez pelos outros médicos.

- Ele, ele está no consultório, doutora. Tudo bem?

- Ele está atendendo? Está com pacientes?

- Não. Ele só vai atender mais tarde. Está no consultório.

- Por favor, não deixa ninguém entrar...

Minha voz embarga e corro para a sala de Pedro, assim que entro fecho a porta, e a tranco.
Quando me viro, Pedro está em pé, me encarando sem entender o porquê do meu desespero.

- Meu amor...?

- Pedro...

Corro e o abraço desabando em lágrimas no mesmo instante, chorando como um bebê desamparado, porque é exatamente assim que me sinto. Completamente desamparada.
Pedro me aperta contra seu corpo e não consigo parar de chorar, apenas digo o nome dela, lembrando de tudo que me disse naquela igreja, lembrando de tudo que passei, de tudo que Raissa e eu passamos sem ela para cuidar e amar a gente.

- Minha... mãe... meu Deus, Pedro!

Pedro segura meu rosto, me fazendo olhar para ele.

- Ei... Respira... por favor, minha vida! Calma...

Ele beija minha testa e me ajuda a sentar em sua cadeira, logo Pedro pega copo de água do filtro que fica em sua sala e me entrega, tremendo, bebo um gole da água, mas me acalmar parece ser algo completamente impossível.

- Respira, meu amor... É me fala o que aconteceu. O que tem sua mãe?

Respiro fundo.
Pedro pega minhas mãos e as acaricia mostrando que está comigo, que esta ali, ao meu lado para me apoiar.

- A minha mãe apareceu...

- Apareceu?

Balanço a cabeça assentindo, e mais lágrimas descendo por minhas bochechas sem qualquer cerimônia.

- Minha mãe... Pedro, a minha mãe é a Bete. A Dra. Bete.

- O que? Como? Como assim? A Dra. Bete?

- As filhas delas nunca morreu. Porque as filhas dela somos eu e Raissa. Ela mentiu que a gente tinha morrido no acidente que matou o meu pai. Ela mentiu sobre tudo. Ela abandonou a gente, abandonou a gente em um orfanato, sozinhas quando a gente mais precisava dela, Pedro.

- Meu Deus...

- Eu sinto tanto ódio. Tanta mágoa dela. Meu Deus, como uma mãe é capaz de fazer o que ela fez?

- Ela... Ela pode ter tido motivos pra isso, motivos sérios, amor.

- Nenhum motivo é válido. Abandonar duas crianças, em um orfanato porque o marido morreu, e ela não sabia o que fazer. Não é um motivo válido. Ela foi covarde.

- Meu Deus... Eu nunca imaginei que a Dra. Bete tivesse mentido sobre algo tão sério.

- Ela matou a mim e a Raissa. Ela nem refez a vida dela, teve outro filho e nem sequer voltou pela gente, como ela disse? Acompanhou a gente de longe, e por medo não pegou a gente de volta - dou uma gargalhada irônica. - Ela não é minha mãe! Não é mesmo!

Pedro limpa minhas lágrimas com seu polegar, respiro fundo.

- Ela se aproximou da gente. Se aproximou de mim e de Dalila, e sempre soube que eu era filha dela. 5 anos depois, ela me conta achando que eu vou abraçar? Eu sinto raiva! Eu sinto muita raiva! Raiva! Raiva!

- Ei... Ei... para...

Ele pega o copo, coloca na mesa e volta a me abraçar, quando começo a chorar soluçando novamente.
A gente se afasta, respiro fundo sentindo que a qualquer momento minha cabeça vai explodir.

- Eu vou cancelar as minhas 2 últimas consultas e a gente vai pra casa, tudo bem?

- Não. Você precisa atender seus pacientes. Eu vou casar, pego a Lila e vou pra minha casa e...

- Não... Você não está em condições de ficar sozinha e eu não vou deixar você sozinha - ele beija meus lábios. - Vem... Vamos pra casa! Mais tarde pego a Lila.

Abrir meus olhos sentindo um peso enorme em minha cabeça, meus olhos inchados de tanto chorar e com certeza vermelhos. Me levantei devagar e logo a porta abre, revelando Pedro, ele abre um sorriso de lado e senta ao meu lado na cama, pegando minha mão e selando um beijo cheio de amor, sorrio acariciando seus cabelos.

- Como você está?

- Com dor de cabeça, com certeza com os olhos vermelhas inchados, mas eu estou bem, meu amor!

- Eu não gosto de te ver triste. Me da uma sensação de impotência... Você é tudo pra mim, e te ver chorar, te ver sofrer, acaba comigo.

Sorrio sentindo meu amor por esse homem aumentar cada vez mais e mais.
Selo meus lábios nos seus e sorrimos juntos, puxo ele para deitar ao meu lado e logo estamos deitados, Pedro em meu peito e eu acariciando seus cabelos.

- Amanhã eu vou estar bem. Eu te prometo. Vou cuidar dos meus pequenos pacientes e tudo vai melhorar.

- Eu tenho a noiva mais guerreira da face da terra!

Sorrio.

- Onde está a Dalila?

Pergunto, parece que já está de tarde e sempre pego Dalila na casa de Mia antes das 19hrs.

- Fui buscar ela na Mia, sabe o que ela me disse?

- O que?

Pergunto já rindo sabendo das proezas que Dalila é capaz de fazer.

- Que só vai embora da tia Mia quando o filme das princesas acabar.

Começamos a rir, quando faço menção de dizer algo, escutamos a campainha tocar.
Pedro levanta devagar, após beijar meus lábios, diz que vai atender a porta.
Devagar, me levanto e após lavar meu rosto, saio do quarto e caminho até a sala, fito Pedro conversando com um homem de terno, um rapaz alto, os cabelos negros, franzo a testa e sento no sofá olhando para os dois.

- Amor, é um oficial de justiça.

- Como?

Levanto e caminho até a porta, o homem me entrega um envelope, então quando meus olhos fitam o nome de Dalila e acima, pedido de guarda meu coração dispara de uma forma desconcertante.
Olho para Pedro, ele segura minha mão e sela seus lábios em minha cabeça.

- Meu Deus... Pedro...

- Calma...

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Até a próxima

De repente mãe - Completa - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora