Capítulo 5

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Rafaella

Fui na faculdade pedir uns dias em casa para me recuperar de todo esse inferno que tenho vivido, fui abraçada por muitos colegas e amigos, recebi palavras de apoio e não posso negar que isso me fez bem.
Um dia desde que enterrei minha irmã e tudo que consigo fazer, quando estou sozinha em casa, é chorar feito uma criança.
Dalila ainda está no hospital, está com aquela icterícia e tomando banho de luz, ainda não fui ver ela, e não consigo.
Por mais que eu lute conta isso, eu não consigo olhar para ela... E eu quero, ela é minha sobrinha, um pedaço da minha irmã.
Pedro pediu me ligou mais cedo e pediu para eu ir ao hospital que tinha algumas coisas que precisavam ser acertadas.
E eu sei que é sobre o que irá acontecer com Dalila...
Sinceramente, eu ainda não pensei nisso e eu não posso ficar com um bebê recém-nascido, sozinha.

- Que bom que chegou!

- Sai da faculdade e vim direto. Está tudo com a Dalila?

- Está! Está tudo ótimo! Ela está bem da icterícia e logo receberá alta.

Balanço a cabeça assentindo, então percebo que tem um homem de terno preto no consultório, sentado na cadeira de frente para a mesa de Pedro e segurando uma pasta. Olho para Pedro com a testa franzida, logo ele responde no há pergunta.

- Esse é Felipe. Ele é advogado é veio até o hospital hoje dizendo que vem em nome da... da Raissa!

- Raissa?

- A senhorita deve ser a Rafaella! Prazer, senhorita!

- Prazer!

Cumprimento o advogado, Pedro me guia até a cadeira, me sento ficando de frente para advogado. Pedro senta em sua cadeira.

- Sua irmã me procurou há alguns dias. Raissa me disse que estava com pressentimento de que iria morrer e não queria deixar você e a filha sozinhas e desamparadas.

Sinto um bolo se formar em minha garganta, meus olhos começam a lacrimejar.

- Ela me pediu para te entregar essa carta - ele diz, pegando uma carta em sua pasta é me entrega. - Eu vou esperar a senhorita ler para eu continuar...

Olho para Pedro, ele sorri fraco, abro a carta, minhas mãos trêmulas e quando fito a letra de mão pequena e bem redondinha de minha irmã, nao consigo mais controlar minhas lágrimas.

Ah, Raissa!

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Rafa,

Se está lendo essa carta eu com certeza não estou mais nesse mundo.
Posso imaginar o quanto você está sofrendo e se perguntando o porquê fiz tudo isso sem te contar ou até mesmo te consultar se essa seria mesmo a decisão correta.
Eu posso te dizer que essa é a decisão mais correta que tomei em toda a minha vida!
Sabe por que? Porque eu sei que estou dando a minha vida para que minha filha fique viva e sinta o quão perfeito é ter vida. Eu não aceitei o fato de ter que sobreviver e deixar a minha pequena Dalila morrer, então eu escolhi a vida dela, porque é isso que as mães fazem, dêem sua vida pela vida de um filho.
Você entenderá isso quando for mamãe, tenha certeza disso!
Não se engane, para eu também está sendo doloroso, de saber o quanto você vai sofrer com tudo, eu também sofro, meu amor! Muito!
Prometemos muitas vezes que não íamos abandonar uma a outra, e eu vou cumprir com essa promessa! Não vamos nos abandonar! Para sempre estaremos juntas! Sempre!! Quando você olhar para a Dalila, eu estarei no sorrisos dela, no olhar, no beijinho que ela te dar, eu estarei em cada detalhe da minha pequena Dalila.
Quando sentir saudades, olhe para o céu procure pela estrela mais brilhante que você encontrar, está estranha será eu e eu cuidarei das duas do céu!

De repente mãe - Completa - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora