Capítulo 9

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Bete

- Carlos, me espere aqui! Não vou demorar, tudo bem?

- Claro, senhora!

Salto para fora do carro.
Entro no orfanato da irmã Rose e logo sou recebida por ela, que me abraça forte, quando nos afastamos, ela abre um sorriso cheio de ternura.
Entramos em sua sala, me sento e sinto meu coração acelarar, preciso saber como está Raissa, como está minha neta, como está minha Rafaella. 
Irmã Rose da a volta na mesa, após fechar a porta e senta em sua cadeira, ela resposta fundo.

- Irmã, como estão minhas meninas? Tentei te ligar esses dias, não consegui. Raissa já teve a bebê?

- Quando voltou de férias?

- Hoje! Hoje mesmo já volto para o hospital ainda nem sei como esta as minhas consultas, mas por favor, me diz... como estão minhas meninas?

- Bete, infelizmente as notícias que tenho não são boas, querida.

- Como assim?

Ela resposta fundo.

- Raissa teve um parto muito complicado. Ela foi muito guerreira, teve a força que eu sabia que ela sempre teve, desde quando você as deixou comigo e ela cuidou da Rafa.

- Foi guerreira?

Meus olhos se inundam de lágrimas, não pode ser...

- Eu sinto muito, querida... mas Raissa, - ela faz uma pausa, mas logo continua - Raissa morreu no parto da Dalila.

- Não... - nego com a cabeça e lágrimas já abandonam meus olhos. - Não, irmã... Minha Raissa não... É mentira! Diz que é mentira... por favor!!

- Eu queria poder  dizer isso pra você... Raissa descobriu que a gravidez era de risco e assinou termos que dizia que era pra escolherem a Dalila e não ela. Que não era pra reanimar ela... Ela assinou termos que os médicos tiveram que seguir porque foi o último desejo dela. Não tínhamos o que fazer, querida!

- Minha filha, meu Deus! Minha Raissa...

Me levando dá cadeira e sinto o meu coração doer.
Raissa está morta.
A minha menina está morta e eu não estive ao lado dela nos seus últimos momentos, eu não estive ao lado dela em nenhum momento da sua vida.
Eu sou um monstro de mãe!
Desabei no chão da sala em lágrimas, irmã Rose correu até mim e me abraçou no chão, o desde pedi tomou conta de todo o meu ser quando me dei conta de que nunca vou poder pedir perdão a Raissa por ter abandonado ela, eu perdi a minha filha, meu Deus!!

- Minha Raissa, irmã! Eu perdi minha Raissa! Por que?

- Chora, filha! Chora e liberta toda essa dor...

- Raissa... Raissa...

Eu não seu lidar com o luto, não sei lidar com a perda de alguém, eu perco o rumo, eu esqueço quem eu sou.
Quando Estêvão morreu, eu me perdi de mim mesma, eu esqueci quem eu era, a dor me consumiu e eu fiz a pior besteira que fiz na minha vida, abandonei as minhas filhas, abandonei as minhas pequenas filhas.
Agora, com a morte da minha filha, eu não posso me perder novamente, eu preciso lidar com essa dor, preciso ser forte.
A dor não pode me consumir da forma com que deixei ela me consumir quando Estêvão morreu...

De repente mãe - Completa - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora