Capítulo 7

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Rafaella

Uma semana.
Eu não sou mais eu desde que Raissa se foi, não sei mais se tenho motivos para viver, é como se após perder minha única família, minha vida tivesse se transformando em um caos gigantesco.
Da faculdade pra casa, de casa para faculdade, da faculdade casa e de casa para cama...
Lágrimas e muita saudade.

Tenho muitos trabalhos para fazer e isso me ajuda a me distrair na maior parte do tempo.
Recebo muito apoio de Pedro e Talita, não vou dizer que o apoio deles é em vão, pelo contrário, o apoio dos dois tem sido o que me mantém em pé ainda.

- Você precisa de algo?

- Não. Eu estou bem. Não se preocupe, Pedro!

Sorrio.

- O que foi?

Pedro franze a testa lançando um sorriso meio fraco.

- É que isso é muito estranho.

- O que?

- Você aqui... Minha irmã dizia que você era um homem de bom coração e extraordinário. Eu achava que era loucura dela, Raissa achava todo mundo bom. Mas hoje, depois de tudo isso e recebendo o seu apoio, vejo que Raissa sempre esteve certa.

- Eu a...

O barulho da campainha interrompe Pedro, sorrio e caminho até a porta, a abro e então fito Felipe, o advogado de Raissa. Franzo a testa.

- Dr. Felipe?

- Olá, Rafaella! Eu conheço o endereço por causa da Raissa. Eu vim aqui falar com ela umas 2 vezes...

Balanço a cabeça assentindo, então peço para ele entrar dando passagem, logo fecho a porta.
Pedro e o doutor se cumprimentam e peço para ambos sentar, e logo Dr. Felipe senta, ficando de frente para eu, que sento ao lado de Pedro.

- Está tudo bem?

Pergunto.

- Eu nunca tive um caso como esse. É a primeira vez e a cada dia que passa, eu me emociono mais.

Pedro e eu nos entreolhamos, então volto meu olhar para Felipe.

- Eu lembro, estávamos aqui nessa sala, ela tinha acabado de escrever essa carta - ele tira uma carta da sua mala, no mesmo instante, meu coração acelera. - Raissa disse que você iria se desesperar e que desesperada, diria não ao pedido dela e levaria a criança para um lugar de confiança. Eu perguntei como ela tinha tanta certeza, e tudo que ela me respondeu foi: eu não sei. Quando fiquei sabendo do que você decidiu fazer, eu me emocionei de uma forma que nunca me emocionei... E eu espero, do fundo do meu coração, que tudo termine bem para vocês! - Ele olha para a carta e então me entrega. - Ela pediu para te entregar quando completasse 1 semana desde que você levou Dalila para o lugar seguro.

Sem pensar muito, abro a carta, e já sinto algumas lágrimas abandonarem meus olhos e rolaram por minhas bochechas rapidamente.

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Rafa,

   Alguma coisa me dizia que quando você descobrisse tudo, você iria se desesperar, se desesperar tanto a ponto de não pensar duas vezes em algo melhor para Dalila.
   Nós duas sabemos como aquele lugar tem amor e cuidado, e sei que pensou que seria o melhor lugar para Dalila ser criada.
Onde amor, cuidado, carinho...
   Mas o orfanato da irmã Rose, mesmo sendo um lugar seguro, não é o melhor para Dalila.
   Não é o melhor para nossa menina, Rafa! Dalila precisa da família dela, e nesse momento, a única família dela é você, maninha.
   A única pessoa que ela tem, sangue dela é apenas VOCÊ!
   Quando fomos para o orfanato, nos duas tínhamos uma a outra, e Dalila? Dalila não tem ninguém lá, Dalila está sozinha lá, mesmo com tanto amor e carinho das irmãs. Nós duas nos sentimos sozinhas, mesmo estando juntas.
   Rafa, se nós duas nos sentimos assim, imagine como nossa menina irá se sentir.
   A solidão é algo desesperador, irmã e eu sei que você não quer que Dalila se sinta assim.
   A nossa mãe tinha motivos para deixar a gente no orfanato da irmã Rose, mas eu nunca vou entender os motivos dela.
  Os seus motivos são os melhores, você quer que Dalila seja bem cuidada e amada pelas irmãs, mas quando ela crescer, assim como nos duas, Dalila não vai entender o seus motivos.

  Rafa, se eu te escolhi para ser a mãe da minha filha, eu tinha um motivo grande para o fazer. Eu acredito em você, acredito que você é a pessoa certa, a minha única família e eu sei, eu sei que é desesperador isso, mas o único amor que Dalila precisa é o seu e eu tenho certeza que você vai dar muito amor a ela.
     E se Dalila for adotada por outra família? Rafa, nenhuma outra pessoa é capaz de dar amor e carinho a minha filha.
Por esse motivo eu escolhi você! Amor e carinho, são sentimentos que só você é capaz de dar com verdade a ela, você é capaz.

Eu confio em você!
Eu acredito que você consegue!

Cuida da minha menina!
Eu cuidarei das duas.
Eu te amo!

Com amor,
Raissa!
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- Pe... Pedro?

O chamo com a voz completamente embargada, olho para Pedro com lágrimas rolando por minhas bochechas.

- Por favor! Me leva pro orfanato! Por favor! Por favor!

- Vem! Vamos!

Saímos tão rápido que quando percebo já estou entrando no carro de Pedro, logo ele também entra, olho para Felipe parado com algumas lágrimas descendo por suas bochechas e sorrio, um sorriso cheio de agradecimento.
Ele também abre um sorriso largo, então digo:

- Pode dar entrada no processo, Dr. Felipe!

- Com muito prazer!

Sorrio.
Então Pedro da partida no carro, e logo saímos da frente do prédio.
Como eu pude ser tão burra? Tão imatura? Tão idiota a ponto de abandonar, abandonar a minha sobrinha?
Eu achei que no orfanato ela seria mais amada e cuidada com carinho do que comigo, mas é totalmente ao contrário.
O carinho e amor que Dalila precisa tem que vir de eu, apenas! Agora eu entendo, agora eu realmente entendo o que Raissa queria quando decidiu confiar Dalila aos meus cuidados.

Não se preocupe, maninha!
Dalila será a menina mais amada de todo esse planeta!

Quando finalmente chegamos no orfanato da irmã Rose, salto do carro e corro o mais rápido que posso para dentro do prédio, quando entro, fito irmã Gabriela, ela abre um sorriso largo.

- Querida! Pensei que fosse vir ao amanhã, tudo bem?

- Onde está Dalila?

- Com a irmã Rose. No Jardim. Esta tudo bem?

Não respondo, apenas corro, corro como se fosse a minha única chance de ter a minha sobrinha de volta.
Quando chego no Jardim, meus olhos procuram por irmã Rose e Dalila, com desespero, e quando finalmente as encontro, entre lágrimas e mãos trêmulas, caminho até as duas.

- Querida?

- Dalila... - pego minha sobrinha dos braços da irmã Rose e a abraço chorando como uma criança. - Me perdoa! Me perdoa! Perdoa a sua tia, por favor! Eu fui boba, eu fui muito boba. Eu te amo tanto, Dalila! Me perdoa! - Deito ela em meus braços e acaricio suas bochechas rosadas e redondinhas - Eu nunca mais vou me separar de você, meu amor! Seremos apenas nós duas! Está bem?

Sorrio.

- A gente vai conseguir, não é mesmo? Vamos! Nós vamos conseguir sim!

A abraço novamente e fecho meus olhos e é como se Dalila me respondesse, como se ela dissesse:
Eu te perdoou tia Rafaella!
Olho para Irmã Rose e ela está sorrindo orgulhosa, ao seu lado está Pedro, que também está sorrindo. Beijo a testa de Dalila.

- Eu amo você!
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Feliz dia 25 de Julho!
Amo vocês

De repente mãe - Completa - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora