24 - Inconveniência

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Mais um capítulo porque quero meus nenê!

Eijiro sempre teve um sono pesado, daqueles que é preciso chacoalhar a pessoa e quase bater nela para que acorde, do tipo especial que praticamente entra em um estado comatoso do qual é difícil resgatar

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Eijiro sempre teve um sono pesado, daqueles que é preciso chacoalhar a pessoa e quase bater nela para que acorde, do tipo especial que praticamente entra em um estado comatoso do qual é difícil resgatar. Sua mãe vivia a reclamar da dificuldade que tinha toda vez que ele tinha que levantar para ir para a escola, um trabalho que custava muita paciência e disposição física, já que tinha que ser sacolejado como um saco de batatas por minutos ininterruptos.

Nem mesmo os constantes sacolejos violentos e explosões do esposo haviam conseguido mudar aquela realidade. No início do casamento, Katsuki tinha que lidar com o fato de que Eijiro além de dormir profundamente, como se estivesse morto, também se mexia muito e gostava de dormir abraçado, então, toda vez que tinha que levantar cedo, tinha que primeiro desenroscar o marido de cima de si, o que era chato e trabalhoso demais.

Aquele maldito detalhe era um dificultador na relação de ambos, pois ele dormia facilmente, mas não acordava com a mesma facilidade. No entanto, depois que Katsuki engravidou aquele detalhe, miraculosamente, começou a mudar, e Eijiro tornou-se mais sensível à medida que a gestação do esposo evoluía. Se estivesse longe, dormia como uma pedra, mas ao lado de Katsuki passou a ter o sono leve, quase pacífico, sem se mexer ou atropelá-lo com braços e pernas. Agora dormiam de conchinha, não só por ser uma posição confortável para o loiro que com o ventre mais protuberante, encontrava dificuldades para dormir, como também para Eijiro que gostava de dormir abraçado a ele, com a mão delicadamente espalmada sobre sua barriga, como em um abraço coletivo, sorrindo por instinto em meio ao sono toda vez que sentia os bebês se mexerem.

À medida que os bebês cresciam, evoluíam também as dificuldades. Os enjoos deram lugar a azia que vez ou outra assombrava Katsuki e não o deixava dormir. Os bebês agora maiores, também se mexiam com mais frequência, sem ter hora para dormir ou acordar, e quando um despertava, acordava junto o irmão, se remexendo em busca de uma posição melhor no cada vez mais apertado espaço. Toda essa movimentação atrapalhava o sono do pai que era despertado por chutes e pontadas a cada minuto. A princípio, nas noites em que se encontrava mais cansado, ele até tentava conversar ou acalmá-los alisando a barriga, tentando voltar ao sono, mas era impossível, pois ambos começavam a se contorcer e não o deixavam dormir.

Não era raro ele desistir e se levantar irritado. Sabia que não podia culpá-los por se mover, afinal seria estúpido colocar a culpa em bebês ainda não nascidos, mas ele se irritava mesmo assim, porque haviam noites em que eles pareciam fazer questão de lhe chutar todos os órgãos no meio do caminho, e doía, principalmente quando acertavam suas costelas, estômago ou bexiga. Este último sempre acabava obrigando-o a tomar banho, pois é impossível manter a urina dentro de uma bexiga apertada que está sendo socada a cada minuto.

- Eu sei que está apertado aí dentro, mas tentem ao menos não chutar a minha bexiga, ok? Não dá pra ficar tomando banho e trocando de cueca a cada cinco minutos. - Alisou a barriga, sentindo mais uma pontada, dessa vez perigosamente próxima as suas costelas -Devagar aí.

-Estão agitados, amor? - Eijiro riu, aparecendo por trás e o abraçando. Esfregou o rosto na nuca dele, cheirando-o antes de descer com beijos até o ombro. Carinhosamente segurou as laterais da barriga dele, rindo contra sua pele ao sentir os chutes - Ei, vocês estão agitados hoje, hein.

Os movimentos ficaram ainda mais enérgicos ao som da voz dele.

- Você não ajuda muito falando, sabia? Eles se mexem muito mais quando escutam o som da sua voz.

- Isso é porque eles amam o papai, não é meninos?! - riu tentando escapar do cascudo do esposo que mordeu o lábio com um esgar de dor ao sentir os chutes mais animados.

- Porra, Eiji, vai pro inferno! Para de agitar esses meninos antes que eu... - Bakugou revirou os olhos ao sentir mais um chute na bexiga, seguida da cueca molhando - Ótimo, agora vou ter que tomar outro banho por sua causa - reclamou tentando se desvencilhar, mas o ruivo foi mais rápido, virando-o para si e o beijando - Me larga, eu não quero ficar mijado. E para de rir ou vou socar essa sua cara!Não tem graça nenhuma!

Eijiro escapou como pode de todos os socos e explosões, escondendo o rosto no busto do esposo enquanto tentava conter os risos. Não podia negar, nem em mil anos, que era engraçado vê-lo irritado. Ainda mais tentando acertá-lo sem de fato querer. Levantou o rosto, roubando um beijo e se afastando enquanto Bakugou estreitava os olhos como um Guepardo caçando uma presa - que mais parecia uma hiena- enquanto acenava tentando dizer que ia buscar uma toalha e roupas limpas, já que não conseguia parar de rir para falar.

Quase caiu quando as pernas perderam a força ao ver Katsuki tentar se aproximar de si. Agora que a barriga dele estava enorme, ele mais parecia um marreco andando, com os quadris balançando de um lado ao outro em um gingado engraçado que servia para manter o equilíbrio, uma vez que, devido ao ventre largo e a coluna mais curva, seu centro de equilíbrio naturalmente havia mudado.

Por fim desviou de um livro que ele arremessou, ainda praguejando pelo ruivo que ria sem parar, fazendo dedo.

- Eu não quero ver essa sua cara na minha frente! - avisou erguendo o dedo médio.

Aquela última fala foi o alarme para que Eijiro compreendesse que deveria parar com as brincadeiras. O esposo estava realmente irritado.

Se jogou na cama, ainda tentando parar de rir, mas falhando miseravelmente ao lembrar da cena do gingado de Katsuki. Era como um pato furioso, e os cabelos loiros e espetados davam-lhe ainda mais aspecto. A barriga doía de tanto rir e se não parasse seria o próximo a se urinar.

Se acalmou e foi ao guarda roupa recolher as roupas e toalha, tendo o cuidado de escolher uma bem confortável como um pedido de desculpas por ter irritado o esposo. Ele vinha acordando com mais frequência, e Eijiro acordava junto, oferecendo companhia, massageando seus pés ou servindo o que ele pedia, prontamente. Sabia que era seu trabalho ajudar Katsuki como podia, já que ele estava fazendo a maior parte do trabalho.

Recomposto, enxugou as lágrimas provocadas pelo ataque de risos e partiu em direção ao banheiro. Sorria abobado pensando em seus bebês e como faltava pouco para finalmente tê-los nos braços quando seu sorriso desvaneceu.

A porta do banheiro estava trancada.

Imediatamente foi acometido pelo pavor. Tinha verdadeiro temor de que algo acontecesse a Katsuki enquanto estivesse no banheiro, alguma emergência ou acidente, e por isso pedia a ele que não trancasse a porta. No começo ele recusou-se, principalmente na época em que sua disforia estava realmente atacada, mas depois aceitou, ao admitir que não era uma preocupação tola.

Contudo dessa vez ele havia fechado a porta, e só de olhar para aquele trinco, a mente assustada de Eijiro produzia os mais diferentes cenários de tragédia, imaginando acidentes ou situações perigosas. Realmente havia deixado Katsuki furioso daquela vez.

Tentou se acalmar, se aproximando da porta e girando a maçaneta para ter certeza de que não estava surtando à toa. A porta não abriu. Pode sentir o sangue gelar em suas veias e a boca secara de expectativa e medo.

- Suki, amor, abre a porta. - pediu tentando controlar a ansiedade.

Silêncio. Nem mesmo um único murmurar. Apenas o ruído da água caindo da torneira, dentro da banheira. Seu coração se apertou enquanto sua mente traiçoeiramente criava várias suposições.

E se ele tivesse caído e desmaiado enquanto estava no quarto, e Eijiro não ouvira por causa dos risos histéricos que lhe tiraram a atenção do ambiente ao redor? Cada nervo de seu corpo retesou com a possibilidade. Encostou o ouvido na porta, pedindo novamente enquanto girava a maçaneta como se fosse suficiente para destrancá-la.

- Katsuki, pelo amor de Deus, me responde. - Continuava ouvindo apenas o som da água caindo da banheira, e passou a girar a maçaneta com mais fervor - Você está bem? Abre essa porta, amor, não faz isso comigo, sabe que fico preocupado.

Sem conseguir esperar mais e com o coração batendo freneticamente, arrombou a porta.

Nosso Segredo (Livro 1/Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora