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Vamos devagar que tem surpresinha nesse capítulo. Pedido da minha esposa Cecy

Não houve tempo para pensar ou se organizar, tudo aconteceu tão rápido que pegou a família inteira desprevenida

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Não houve tempo para pensar ou se organizar, tudo aconteceu tão rápido que pegou a família inteira desprevenida.

Faziam algumas horas que Katsuki vinha sentindo certo desconforto na região lombar, uma espécie de pressão que ia e vinha, contraindo seus músculos por algum tempo antes de ceder, o que levava alguns minutos. Era incômoda, porém longe de ser dolorosa. Logo associou ao peso dos bebês e o fato de estar em repouso, tendo sido afastado do trabalho pelo risco de parto prematuro. Como aquela sensação inconveniente não batia com as descrições que tinha de contrações, e como todos os artigos e relatos que já lera associavam com a impressão de cólicas inconvenientes, ele simplesmente relaxou, tentando focar a atenção em outra coisa. Já estava mais do que acostumado aos incômodos gerados pela gravidez, crendo que aquele era apenas mais um na lista, junto aos pés inchados, dor nas costas, azia, incontinência urinária e tantos outros detalhes que o estafavam.

Passaram a noite conversando sobre vários assuntos, enquanto era paparicado pelo pai e esposo que não desgrudavam de si, sempre debruçados sobre seu ventre, brincando com os bebês que chutavam em resposta, fazendo os dois homens se desmancharem em animação e amor, como duas garotinhas eufóricas por enfim conhecer as princesas da Disney, falando com aquela voz tediosa. Ao contrário do que imaginaram, Katsuki já não se importava mais que os dois tocassem na sua barriga, só não tinha paciência para a agitação em que eles colocavam os bebês, que moviam-se ao ouvir a voz de ambos, principalmente a de Eijirou, que estava sempre grudado em sua barriga, como se estivesse colado permanentemente, e depois de ser chutado em todas as direções ele cansava e mandava ambos pararem, sob ameaça de explodir a cara dos dois.

— Mas eles querem brincar com o papai — Eijirou sempre apelava com um bico inconformado, igual uma criança sendo repreendida.

— E com o vovô também — Não bastasse o esposo, tinha também o próprio pai que se juntava a ele, e juntos protestavam.

— Eles vão poder brincar muito com os dois quando nascerem, sem ter as minhas costelas e órgãos no caminho — resmungava passeando a mão pelo ventre, com cuidado, tentando acalmar os bebês que continuavam agitados, sob o olhar atento do esposo que olhava desejoso de fazer o mesmo.

— Mas ainda vai demorar — Eijirou reivindicou, tentando tocar novamente e sendo repreendido pela mão de Katsuki que a afastou com o olhar severo, avisando-o - E eles querem brincar comigo, o papai deles!

— Eijirou, eu te amo, mas eu juro que vou explodir essa sua mão se insistir nisso — intimou-o semicerrando o olhar, para depois suspirar antes de ceder. Era incrível como Eijirou o desarmava com o olhar — Pelo menos me deixe descansar um pouco, ok? Daí você pode continuar.

Mitsuki apenas observava de longe, rindo pela cena. Ainda era estranho ver seu filho, com o rosto tão masculino e barba por fazer ostentando uma barriga de gravidez, mas ela já não se incomodava como antes, servindo de apoio para ele quando se sentia incomodado.

(...)

Como todas as noites, Katsuki se ajeitou, deitando reclinado no mar de travesseiros enquanto recebia do esposo uma revitalizante massagem nos pés, que ajudavam a aliviar um pouco a tensão em seus tendões. Eijirou cumpria fielmente seu papel de companheiro, sempre atento as suas necessidade e o mantendo o mais confortável possível. Katsuki agradecia aquele apoio, ainda mais naquelas últimas semanas, onde se sentia imenso, inchado, cansado e sensível, ansiando pelo fim da gestação como a luz no final do túnel. Era difícil ignorar os comentários homofóbicos e as malditas notícias sobre si, veiculadas agora em menor escala em todas as mídias sociais possível. Felizmente conseguiu entrar em contato e conversar com outros homens trans que já haviam vivenciado a mesma situação, com a diferença de não ter causado o furor da imprensa por não serem figuras tão icônicas ou famosas quanto Bakugou. Sentia-se acolhido ao dividir suas experiências com eles, podendo desabafar e relaxar ao passo que a gestação avançava.

Apesar de já amar os filhos e os desejar, não podia negar o sentimento de disforia que o atingia toda vez que mirava o ventre, por ser uma característica tão feminina, fora os seios que estavam o dobro do tamanho original. Não que representasse alguma coisa, afinal o dobro de nada é quase nada, mesmo assim o incomodava.

Assim que terminou a massagem, Eijirou se levantou se preparando para dormir, apagando a luz e beijando o ventre do esposo com as mãos espalmadas em ambos os lados, carinhosamente, antes de se deitar ao lado de Katsuki, que deitou em seu braço, abraçando-o de lado enquanto suspirava. Amava o fato dele dormir sem camisa pois assim podia sentir o calor da pele dele contra seu rosto, enrolando uma das pernas nas suas.

— Como está se sentindo, amor ? — Eijirou perguntou ternamente, fazendo cafuné com uma das mãos, beijando-lhe a testa enquanto mantinha a outra mão espalmada protetivamente na barriga dele.

— Cansado, pesado e estressado — Bakugou resmungou sonolento, bocejando longamente, depositando um beijo no peitoral do esposo.

— Logo vai melhorar, você vai ver. — Beijou-o de volta e Katsuki dormiu em seu abraço.

Katsuki acordou diversas vezes a noite, fosse por causa dos chutes, azia ou mesmo a festa que os filhos vez ou outra protagonizavam em seu ventre, escolhendo sempre a melhor e mais avançada hora da madrugada para isso.

Da sexta vez que se levantou para ir ao banheiro, dessa vez por causa da bexiga, foi que notou que há horas não sentia os bebês se mexerem ou agitarem. No começo pensou que estivessem apenas dormindo, mas eles nunca dormiam por tanto tempo. Tocou o ventre estranhando quão rígido estava, sentindo o mesmo desconforto na lombar agora irradiar por toda a área pélvica, pressionando seu baixo ventre. Assim que terminou de urinar sentiu a sensação se transformar em dor, xingando ao notar que seu tampão mucoso havia se soltado. Era esperto e havia aprendido o suficiente para saber o que aquilo significava.

Gritou pelo esposo por três vezes antes que ele aparecesse, desnorteado e com o olhar apavorado, entrando em desespero por vê-lo ali, curvado com as mãos no ventre e o olhar contraído em dor por estar sentindo as primeiras pontadas, da dor que agora irradiava cada vez mais forte.

— O que houve, Katsuki? — aproximou-se cercando-o de cuidados — Está sentindo dor ?

O loiro olhou para ele com sem acreditar que o esposo havia feito uma pergunta tão estapafúrdia.

— O que você acha? Me leva pro hospital logo.

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EU NÃO ACREDITO QUE ESTAMOS AQUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

FALECI.

Nosso Segredo (Livro 1/Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora