23 - Preciosos

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Enfim, consegui postar hoje. Que Deus me ajude!

A obstetra que o atendia ao menos estava tentando ser gentil, ainda que seu olhar fosse de reprovação

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A obstetra que o atendia ao menos estava tentando ser gentil, ainda que seu olhar fosse de reprovação. Folheava seu histórico médico depois de prestar os primeiros socorros, atenta a cada detalhe enquanto franzia a testa, mordendo levemente a ponta da caneta, anotando e comparando resultados. Havia sido recomendada por seu obstetra pessoal que estava vindo de carro para atendê-lo.

Por fim, após um tempo aparentemente infinito, a médica baixou a prancheta, olhando diretamente nos olhos de Katsuki, com um misto de desaprovação e cansado.

— O que o senhor fez hoje, senhor Bakugou, foi extremamente arriscado, e tenho certeza de que sabe disso — iniciou, aproximando-se enquanto mexia no soro.

— Não precisa me lembrar, apenas faça a porra do seu trabalho e me diga se está tudo bem com os meus bebês. — Era péssimo lidando com o nervosismo e acabava sendo ignorante para disfarçar seu receio.

Ela o mirou com o olhar carrancudo.

— Caso não saiba, o meu trabalho envolve não somente reportar, mas também conscientizar os pacientes e, em casos como o seu, repreendê-los quando cometem erros estando cientes das consequências.

— Que eu saiba esse trabalho não é seu, mas do meu obstetra pessoal.

— Sua atitude reflete na sua conduta, e esta, por sua vez, quase o matou, então peço que seja cauteloso com as palavras, a menos que deseje ser atendido por uma das minhas honoráveis colegas transfóbicas — novamente o mesmo olhar, mas dessa vez Bakugou não sentiu o ímpeto de rebatê-la — Aceitei atendê-lo a pedido do seu médico que é um grande amigo meu, e por também ser uma admiradora do seu trabalho, mas não estou aqui para ser tratada de maneira rude. Sei que está irritado, e longe de mim querer dizer como deve se sentir depois do que foi obrigado a passar, assim como não tem direito de dizer como eu, enquanto médica, devo me portar, contudo lembre-se que não sou a culpada, e vou chamar a sua atenção sim, querendo o senhor ou não.

A fala realmente o deixou sem jeito.

— Apenas me diga se está tudo certo ou não. — pediu uma última vez, um tanto envergonhado e emburrado por estar sendo tratado como uma criança.

— Sua pressão subiu a níveis alarmantes. Posso afirmar, sem nenhuma sombra de dúvida, que teria morrido se tivesse levado seu plano adiante. — a médica continuou, com o semblante fechado, e Katsuki tentou ao máximo esconder sua surpresa e o frio na barriga que aquela afirmação havia lhe causado — Você entraria em trabalho de parto, teria convulsões com sequelas, um provável enfarto seguido ou não de coma, e seus filhos morreriam sufocados, visto que a placenta deixaria de prover o oxigênio necessário ao parar de funcionar. Consegue entender a gravidade da sua situação?

Havia um reboliço de emoções enorme dentro de Katsuki, sentimentos que quase o sufocaram, entre eles a culpa.

— Pelo que posso ver na sua ficha você ainda está com vinte e nove semanas gestacionais, o que nos deixa ainda mais em alerta. — Afastou o lençol das pernas dele, deixando a mostra seus pés, apontando-os — Também já temos alguns sinais aqui. Inchaço nessa fase da gestação é um tanto incomum. O ideal é que comece uma nova dieta, mas vou deixar o seu obstetra escolher isso. Por hora vou apenas receitar repouso e pedir o afastamento do trabalho. Quanto aos bebês, eles estão bem e fora de risco, mas vou solicitar alguns exames adicionais.

Nosso Segredo (Livro 1/Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora