Viola M.
Atrasada. Eu estava atrasada.
Depois de calcular minimamente todas as horas, os minutos e exatamente todos os segundos em que eu levaria do táxi para o aeroporto e do voo até o desembarque, eu ainda não acreditava que tinha conseguido me atrasar.
Sinto uma vibração suspeita dentro da bolsa e com dificuldade, consigo retirar o celular e encaixar entre a minha cabeça e o queixo.
— Alô.
— Viola, tudo bem? Oque aconteceu? Seu voo atrasou? — Lorena pergunta ao telefone. Se ela soubesse que fui eu que atrasei e não o voo, como conheço minha irmã mais velha, certamente me mataria e só não esconderia o cadáver por causa da sua imensa barriga de oito meses. Mas provavelmente obrigaria o seu marido Alex a esconder o corpo no porão do vovô.
— É uma longa história — desviei — Só vou pedir um táxi e já chego aí.
— Tudo bem, até mais.
— Tchau.
Suspiro e coloco o dispositivo de volta na bolsa. Olho o aeroporto ao redor e miro em uma lanchonete. Estou faminta. Isso é que dá, viajar por seis horas contínuas sem comer ou beber nada.
— Temos de abacaxi, manga, mangaba, laranja, cajá, caju e uva.
— Eu quero um de laranja, por favor — peço e na mesma hora, a atendente enche o copo de plástico com o suco e me entrega — Muito obrigada — lhe estico o dinheiro e saio.
Fiquei tanto tempo em Londres que me esqueci o quão quente Manhattan pode ser. E pensando bem, eu não deveria ter vestido duas camisetas, uma blusa de frio e por cima, ainda, um casaco. Daqui a pouco minha temperatura vai igualar a das outras pessoas e eu vou começar a soar.
Ando caminhando apressada em direção à saída quando em um movimento rápido, trombo com um corpo pesado e derramo todo o meu suco de laranja.
— Ai não, poxa! — suspiro assim que vejo a poça amarela do líquido na camisa formal branca do rapaz — Eu juro que não vi você, me desculpa!
Ele não responde no início e tudo oque faz é olhar para mim, para a mancha, e soltar um xingamento baixo.
Nervosa, enfio meus dedos no bolso da calça e retiro dois guardanapos. Invadindo o seu espaço pessoal, começo a tentar enxugar o excesso do líquido em sua camiseta.
— Me desculpa mesmo — peço enquanto sinto sua respiração agitada.
— Merda, para com isso — ele diz e consigo escutar sua voz grave mediana — Desse jeito você só vai piorar... — segurou minha mão e a retirou de seu peitoral com uma certa rapidez e brutalidade.
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Corações de Papel
RomantikNo dia em que Alan Levine decide pedir Rebecca, sua namorada, em casamento - ela aparece com outro homem e termina o relacionamento de quatro anos dos dois. Insatisfeito e ainda apaixonado, Alan decide reconquistar a ex. É quando ele conhece Viola...