Capítulo 34 - Hospital

556 41 10
                                    

I'M BACK

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Quinn havia decretado ódio aos hospitais há muito tempo. Não exatamente ódio – afinal, a intenção de sua existência era curar todas as possíveis feridas –, mas, ainda sim, um claro desconforto quanto ao local.

O aroma levemente agradável que os funcionários haviam colocado passava despercebido pela loira que conseguia apenas encontrar aquele aroma de dor e morte. As paredes brancas lhe assustavam, os funcionários com expressões de tensão lhe causavam arrepios e os olhos desesperados de cada desconhecido que ali se encontrava apenas amarrava ainda mais seu estômago.

Cada uma daquelas pessoas ao seu redor possuía uma história, possuía um motivo para estar aflito. Alguns deles haviam se machucado e esperavam de forma agoniada para serem chamados, outros, contudo, queriam apenas checar a pressão e sua saúde em geral.

A maior parte das pessoas, entretanto, eram pessoas desesperadas para receberem notícias de seus amigos, de seus parentes, de seus filhos, de seus irmãos... Como era o caso da líder de torcida da Cheerios.

– Quatro voltas. – Sussurrou Quinn, uma lágrima solitária e discreta rolando por seu rosto inchado. Não era a primeira vez que ela havia cedido ao choro. – O cordão umbilical deu quatro voltas ao redor do pescoço de Jane.

– Quinn, pelo amor de Deus, não se estresse por causa disso. A culpa não é sua! – Insistiu a baixinha morena. – Isso acontece toda hora, com milhares de bebês diariamente. – Procurou uma das mãos da namorada e a segurou com força, querendo passar toda segurança do mundo para a jovem.

– Mesmo assim. Eles precisam agir rápido, não é? Digo, e se ela ficou com, sei lá, pressão alta por causa da nossa briga? E se demoramos demais para trazê-la? – A garota começou a se desesperar, demonstrando tal sentimento através da afobação impregnada em seu tom de voz. – Ainda que nada aconteça, eu me sinto tão culpada... Eu não tenho hormônios de gravidez pra culpar minha crise de gritos.

Rachel suspirou, olhando naqueles olhos que sempre lhe deixavam perdida. Aqueles olhos convidativos pelos quais ela era completamente apaixonada. Precisava ser forte, precisava trazer a serenidade de volta à Quinn para poder ver o brilho naqueles olhos o quanto antes.

– Você mesma me contou que Kaitlin conseguia ser uma... – pretendia dizer “vadia”, mas em respeito à Judy na cadeira ao lado e a Quinn repensou a escolha de palavras –... Garota impertinente bem antes de ter uma coisinha crescendo dentro dela.

Quinn engoliu em seco, fitando o piso branco e sem graça. Rachel estava coberta de razão, mas a culpa ainda pesava em seus ombros.

[...]

5 horas depois.

Quinn Fabray ainda tentava, de forma árdua, se acalmar. O parto havia sido cesárea, Jane já havia nascido. E isso era tudo que ela sabia sobre o que estava acontecendo, ficando aflita cada vez que uma enfermeira ou um médico passeava pela sala de espera.

Judy segurava sua mão, Rachel havia ido para casa – mas prometera que voltaria assim que conseguisse –, e ninguém ainda havia conseguido visitar Kaitlin. Além das vagas informações que mãe e filha haviam conseguido da primogênita também haviam tido conhecimento que a mulher estava descansando.

Quinn queria ver Kaitlin, apesar de tudo. Queria socar seu rostinho bonito e abraça-la ao mesmo tempo. Queria ouvir desculpas para então também o fazer, mas não esperava que o nascimento de Jane trouxesse um lado mais amigável de Kaitlin.

Nada traria.

Os últimos momentos que teve com a irmã ainda ecoavam em sua mente, fazendo-a estremecer sempre que os recordava. De repente algo finalmente lhe arrancou daquelas memórias tortuosas, e quando Quinn vira o que atraíra sua atenção quis poder voltar às lembranças – que ainda que dolorosas, não eram piores do que estava prestes a acontecer.

The Faberry MissionOnde histórias criam vida. Descubra agora