Capítulo 43 - Pessoas

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Alguns meses atrás Sue Sylvester vira Quinn Fabray, sua garota de ouro, discutindo com Rachel Berry no corredor. A diferença óbvia de altura, contudo, não fora a primeira coisa que a mulher loira e ligeiramente assustadora notou – a primeira coisa que lhe despistara o foco, inclusive, amolecera seu coração como nada nunca o fez.

Ela era uma educadora e, ainda que odiasse aquele bando de moleques fedorentos do William McKinley High, nada podia lhe impedir de shippar aquelas duas almas gêmeas que teclavam repetidamente no lugar errado.

Bom, você sabe o resto da história, e resumir todo o drama envolvido seria algo complicado. Você sabe da missão mirabolante de Sue, e provavelmente deve lembrar-se dos acontecimentos que levaram Quinn Fabray e Rachel Berry a se encontrarem e se complementarem.

O romance adolescente fora concretizado da forma mais bizarra possível, envolvendo uma mulher de 40 e poucos anos, um sonho, um quarterback idiota, uma latina insistente, vômito, cupcakes com maconha, cantoria no banheiro feminino, beijos atrás da arquibancada, fast food, rodas gigantes, salas trancadas, detenção, mais beijos, irmã nojentinha, pais complicados e fofocas de Ensino Médio.

Tudo isso até chegarmos aos olhares complexos lançados na competição de corais, na mesma competição de corais que Sue Sylvester deveria ser jurada – e não foi, porque decidiu tentar consertar a irmã nojentinha citada acima –, e aos pensamentos que atormentam aquelas duas garotas antes de dormir.

Talvez haja algum sortudo no mundo que durma anoite com a alma leve, sem arrependimentos tolos e remorsos do passado. Talvez haja algum sortudo que, ao contrário da maioria da população mundial, não pense repetidamente sobre seus assuntos inacabados e no sorriso de seu amor antes de sucumbir ao sono. Talvez haja, por aí, um coração completamente livre de toda complexidade que envolve gostar, amar, querer.

Lucy Quinn Fabray e Rachel Barbra Berry não eram essas pessoas, e pelo que sabiam, nunca seriam. A garganta doía antes de dormir, as apalavras criavam nós, as lamentações chicoteavam seus peitos e a mente deixara no replay o último abraço e as últimas palavras.

O orgulho, porém, impedia que tudo aquilo se esvaísse. Que fosse embora. Por enquanto. Bom... Depois de toda a “aventura” que nos fez chegar aqui você já deve ter percebido que Faberry sempre precisa de um empurrãozinho a mais.

[...]

Rachel Berry afundou o próprio traseiro na poltrona de seu pai Hiram, bufando e revirando os olhos para a vida como um todo. No dia seguinte, as candidatas finalistas para Rainha do Baile seriam anunciadas, e apesar dos pesares, ela almejava estar entre elas.

Queria ser a Rainha do Baile, queria aquela coroa em sua cabeça, queria aquela faixa ao redor de seu corpo e todos lhe olhando com admiração. Queria todo o glamour adolescente que os filmes clichês lhe prometeram a respeito disso.

Não queria, porém, encaixar sua mão na de Finn Hudson e deixar-se ser guiada por ele numa dança superficial. Não queria ter que competir com Quinn Fabray, e ver ela tão longe ainda que tão perto.

Ela só queria poder ser honesta com Q, e ouvir pelo menos um pedido de desculpas da garota que, querendo ou não, ela ainda amava com todo o coração. Se ao menos Fabray esquecesse seu orgulho... Se ao menos Rachel conseguisse achar uma brecha para perdoá-la e pedir desculpas por insinuar que a missão de quebrar seu coração nunca acabara.

Se ao menos ela tivesse estômago para falar as verdades presas em sua garganta.

[...]

— Sue! – Santana gritou, enquanto que com passos velozes alcançava a mulher no corredor. Gotas de suor de um treino puxado caíam pela pele morena da latina, umedecendo sua testa e seus fios pretos. – Precisamos conversar.

The Faberry MissionOnde histórias criam vida. Descubra agora