Desceu cada degrau já percorrido com uma hesitação incabível, enquanto encarava o rosto da irmã – tão surpreendentemente inconveniente. Suspirou quando saíra das escadas e teve que percorrer o curto caminho que separava o hall de entrada e a sala de estar.
– Não se desespere, Kait. Eu só ia trocar de roupa. – Deu um sorrisinho sarcástico, sabendo que tal recurso era a única saída para que conseguisse se controlar diante da irmã e de seu marido imbecil.
Ao descer, analisou Peter dos pés a cabeça, com certo desdém. Antigamente ela olhava assim para todos os perdedores inferiores a ela do McKinley, seguida de um risinho de escárnio e algum comentário maldoso.
Agora ela havia mudado, e tal tratamento só servia para pessoas que ela sabia que não passavam de intolerantes prepotentes, vomitando seus discursos de ódio sem bom senso algum.
Suspirou. Ela sabia que o cunhado era, além de um marido e pai horrível, uma espécie de mini-Russell – o tipo de cara que peca sete dias da semana, vinte e quatro horas por dia, mas que acredita com todo o coração que está tudo bem, afinal, na manhã dos domingos ele vai à igreja.
– Ah, olá Peter. – Sorriu amarelo, querendo que o homem desaparecesse.
Sua mente estava em consenso quanto à ignorância de Kaitlin, mas ainda fazia perguntas sobre como até ela – com todos os seus intermináveis defeitos – ainda suportava Peter, que tomava vinho tinto numa varanda parisiense enquanto ela estava no último mês de gestação.
– Quinn. Quanto tempo. – Ele também deu um sorriso, tão falsamente amigável que a Fabray caçula quis vomitar ali mesmo, no carpete marrom sob seus pés. – Soube que estava sendo uma adolescente rebelde, continua nessa fase?
– Eu não estava sendo uma adolescente rebelde. Eu fui expulsa de casa. – Retrucou, controlando-se para não revirar os olhos e piorar a áurea negativa que já pairava sobre os presentes na sala de estar. – Mas fique tranquilo, não vou fugir mais. Minha namorada precisa de mim.
Ele engoliu em seco, e Quinn sentiu-se vitoriosa. Fazer alguém babaca sentir-se mal era quase como um belo presente de Natal adiantado; ainda que a loira não soubesse se ele havia reagido com incômodo pela palavrinha “namorada” ou pela referência ao que ele fizera algumas semanas atrás com Kaitlin – ou talvez os dois, o que era até melhor.
Exausta de olhar para a expressão maçante e incomodativa do cunhado, que parecia não ter onde enfiar a cara após o que ela havia dito, Quinn virou-se para cair seu olhar sobre Kaitlin.
Quando o fez sentiu algo extremamente bom e encantador envolve-la. Jane, a mais nova membra da família, estava nos braços de Kaitlin, com os olhinhos verdes arregalados como se estivesse preparada para qualquer coisa que viesse a aparecer em seu campo de visão.
Num ímpeto, Quinn abaixou-se e aproximou-se do rostinho da menina, que não parecia intimidada pela aproximação repentina da própria tia. A filha mais nova de Judy sorriu para a recém-nascida, tão feliz por pelo menos alguém naquela sala não ser um poço de ódio.
Jane soava tão inocente, e ela era. Quinn fechou os olhos, desejando que quando ela crescesse a garota não precisasse quebrar tantas barreiras e tantos tabus para ser feliz, desejando que ela não compartilhasse dos mesmos pensamentos dos pais.
– Ela é tão linda. – As palavras saíram antes que ela pudesse se controlar. Alguns segundos depois a loira levantou-se rapidamente, censurando-se pelo ato impensado.
Onde estava sua sanidade? Kaitlin a odiava, Peter provavelmente não estava longe disso, e ainda assim ela permitiu-se a aproximar-se da sobrinha como se tudo estivesse bem entre eles.
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The Faberry Mission
FanfictionA vida de Quinn Fabray durante o Ensino Médio soa perfeita, ela não só é a garota mais popular como a mais desejada do William McKinley High School. Por outro lado, Rachel Berry é o seu oposto - e é o suficiente para abalar sua sanidade. Enquanto as...