Capítulo 01 - Kiara Ward

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Abro as cortinas do meu quarto e deixo o calor do sol de Los Angeles bater em meu rosto, fazendo-me sentir mais acordada. Simplesmente adoro isso. 

Entro no banheiro e tomo um banho rápido. Quando termino, coloco um vestidinho preto de mangas compridas e acrescento um cinto marrom. Calço um par de botas de salto, passo uma maquiagem leve, arrumo meus cabelos e já estou pronta para faculdade.

Curso administração, afinal, tenho uma empresa para cuidar ao lado do meu irmão, Aaron. Pego minhas coisas e desço as escadas, encontrando meu avô e meu irmão conversando.

— Bom dia. — cumprimento, juntando-me a eles para tomar meu café.

— Bom dia, querida. — meu avô responde, sorrindo.

— Vejo que alguém está de bom humor, posso saber o motivo desse sorriso? — Aaron pergunta, com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso debochado.

— Claro que sim, ser quem eu sou já é um bom motivo. — respondo. Aaron revira os olhos.

— Ah, claro! Eu me esqueci de como é maravilhoso ser a senhorita Kiara perfeitinha. — revira os olhos outra vez.

— Exatamente — sorrio e lanço uma piscadela.

— Já chega com essa implicância. — interfere meu avô.

— Está bem, preciso ir agora. — digo, terminando meu café — Aaron, você já está de saída?

— Ainda não, preciso resolver umas coisas com vovô.

Reparo que eles se olham de forma estranha, o que me deixa desconfiada, mas logo descarto esse pensamento.

— Pela cara de vocês, parece sério. — digo, pegando minhas coisas.

Me despeço do meu avô e do meu irmão e saio da sala. Entro no meu carro e dou a partida, seguindo direto para faculdade.

[...]

Saí da faculdade com a intenção de tomar um banho, almoçar, descansar um pouco e estudar. Porém, ao entrar em casa, encontro meu avô e Aaron um pouco mais agitados do que o normal. Já faz alguns dias que venho observando o comportamento dos dois e eles parecem preocupados, estão sempre conversando baixo, como se estivessem escondendo algo.

— Que bom que você chegou. — meu avô diz. Estranho seu comentário.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, preocupada.

— Se sente logo! — ordena Aaron, com voz grave.

— Por que está falando assim comigo?

— Sente-se. — repetiu meu avô, me deixando desconcertada.

Olhei para os dois homens à minha frente e me sentei. Quase um minuto se passou e eu já estava perdendo a paciência ao ver que nem meu avô, nem meu irmão diziam nada.

— Maldição, Aaron! Quer me dizer de uma vez o que está acontecendo?

Meu irmão, contrariado, começa a falar, mas meu avô se antecipa e senta diante de mim, pegando minha mão.

— No dia do seu batizado, há vinte anos, seus pais fizeram um acordo com Lucca Salvatore, do qual nunca mais tornaram a falar. — entregou-me um papel velho e amassado para eu ler.

— O acordo diz que após completar seu vigésimo aniversário, deverá se casar com Oliver Salvatore. — completa Aaron.

Ao ver a assinatura do meu pai, sinto um nó na garganta.

— Como assim? Quem é Oliver Salvatore? — falo sem acreditar no que haviam me dito. Meu avô e meu irmão se olham preocupados, parecem se decidir se contam ou não sobre o tal sujeito com o qual eu deveria me casar.

— Não, não, não! — falei, jogando o papel longe. Levanto e encaro meu avô — Você não pode pensar, nem por um instante, que vou me casar com um homem que nem conheço, certo? — ele não respondeu, o que me irritou ainda mais — Eu não quero um casamento arranjado!— gritei, sentindo o sangue ferver.

Não podia acreditar no que estava ouvindo. Casar? Por quê? Por que deveria me casar com um desconhecido? Por que meu pai assinou aquele maldito papel? Não queria mais ouvir qualquer tipo de explicação que os dois poderiam me dar sobre esse acordo.

Peguei minhas coisas e subi para o meu quarto. Estava confusa, precisava ficar sozinha para pensar. 

Depois de me recompor, peguei meu celular e liguei para minha melhor amiga, Anne. Contei tudo que havia acabado de acontecer. Precisava conversar com alguém e ninguém melhor que ela para desabafar.

Desde quando meus pais morreram, nunca tive uma presença feminina em que pudesse me espelhar. Criada pelo meu avô e pelo meu irmão, seis anos mais velho, aprendi a ser mais forte. Eles me ensinaram como usar uma adaga, armas e algumas técnicas de luta. Sempre diziam que era para autodefesa, mas pra mim, era como uma diversão aprender aquelas coisas. Eu realmente adorava. Ter Anne na minha vida é mais do que apenas ter uma amiga: é ter uma irmã.

Passei a tarde toda pensando sobre esse acordo que meu pai fez. Não conseguia chegar a nenhuma conclusão do porquê ele faria isso, entregar sua filha a um desconhecido. Tentei estudar um pouco, mas não consegui, não pensava em nada que não fosse esse casamento arranjado. Eu precisava de respostas. 

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