Capitulo 14 - Lane Claire

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Eu estava genuinamente feliz. Quem não fica feliz com o Natal? Mas de repente chegou o fogo. Depois, os gritos. E então a correria começou, o desespero e o medo.

Assim que percebi o que estava acontecendo, tentei correr. Sei que parece egoísta, mas sim: eu tentei me salvar, mesmo que minha família inteira estivesse em risco. Por um momento, eu só pensei em mim mesma. Sei que isso não parece tão heróico quanto eu gostaria, mas é a verdade. Eu saí de lá sozinha. Acontece que eu não fui a única a tentar me salvar.

Havia cerca de 20 pessoas na casa e 5 saíram. Minha mãe, Bianca, estava ali, com seus olhos cheios de lágrimas e prestes a entrar em completo desespero. Minha irmã, Luna, estava do outro lado, abraçada a seu filho, meu sobrinho Joe. Meu irmão, Brian, também estava ali.

Observei cada um deles, ainda em choque. Aquele era pra ser um momento feliz. Era Natal, sempre foi feliz pra gente. Parece que não dessa vez.

[...]

Nossa casa pegou fogo. Pra piorar, foi na noite de Natal, com toda a família lá dentro. Disseram que foi um acidente, um vazamento de gás. Eu não consigo parar de pensar que a culpa é minha. A família só estava toda lá pra se despedirem de mim. Minha festa de despedida, meu dia, o meu Natal. Minha culpa.

O intercâmbio começaria no próximo mês. Tentamos cancelar, já que praticamente toda minha família morreu naquele incêndio, mas não foi possível. Estava próximo demais. Então eu iria para França, mesmo sem ter mais esperança. Nunca achei que iria desistir de meu sonho, mas ele passou a não fazer sentido depois de tudo aquilo. Eu senti que precisava de um tempo com o que me restara para me recuperar, então minha mãe e meus irmãos decidiram que todos iriam para França. Queríamos ficar unidos, mesmo que nossos corações estivessem partidos.

Minha mãe chorou noite e dia, o tempo todo. Na verdade, todos choramos. Perdemos a nossa família, o nosso chão, o nosso mundo. Perdemos tudo. Eu achei que havia sofrido quando Selena simplesmente parou de me olhar, mas a dor nem se compara. Foi a pior coisa que já senti. Pelo menos não estava sozinha.

O governo nos ajudou, claro. Nós ganhamos um lugar para ficar temporariamente, enquanto tentávamos recuperar nossos documentos e coisas do tipo. Nós ganhamos comida também. A única coisa que o governo não conseguiu fazer foi trazer de volta toda nossa família e curar aquela dor. Nos apoiamos um nos outros, já que era só o que havia restado. 

Quando recuperamos nossos cartões, mamãe pagou terapia para todos nós com o dinheiro que tínhamos para emergência. Foi bom para começar a superar toda a dor.

[...]

Chegamos. Era a França. Ali estava a Torre Eiffel, o Rio Sena, a Ópera Nacional de Paris, o Jardim de Luxemburgo, o bairro de Montmartre, a Catedral de Notre Dame, etc. Todos os pontos turísticos que sonhei em ver estavam ali, bem na minha frente. Se eu me animei? É claro! Eu paguei por um intercâmbio e vou aproveitá-lo, ainda mais que tenho minha mãe, meus irmãos e meu sobrinho aqui comigo. Quer dizer, não é como se eles estivessem visitando todos esses pontos turísticos comigo. Também não é como se eu estivesse visitando todos esses pontos turísticos, foi meu primeiro dia, então eu não saí muito já que estava cansada.

Eu faria um curso de balé e um de gastronomia durante 1 mês, o tempo que ficarei aqui. Aliás, o tempo do intercâmbio. Não sei quando minha mãe vai decidir voltar para nossa cas... para os Estados Unidos.

[...]

Capítulo tenso, hein? Acharam que seriam só flores?

Até sexta-feira e continuem conectados!

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