Limpo o suor que escorre por minha testa e desvio do ataque de um dos meus homens. Sem muito esforço lhe acerto com um gancho de direita e o mesmo cai no tatame instantaneamente.
— Como foi a viagem ? — meu tio questiona.
— Tranquila. — respondo sem dar muita atenção.
— Robson me ligou.. — ignoro e ajudo Asafh a se levantar — Disse que você revelou ser o filho de Charles Richter.
Me viro para encará-lo e vejo a raiva brilhar em seu olhar. Sorrio e pego minha garrafa de água.
— Sim, revelei. — falo sem dar muita importância para o acontecido.
— O que você tem na cabeça, Santiago? Juro, não sei o que você tem aí. — ele pergunta e me encara à espera de uma resposta.
— Qual o problema, Tio? Não vejo nada demais nisso. — me faço de desentendido.
— O problema, seu idiota, é que ninguém pode saber que você é um Richter. Se Aaron desconfia dessa possibilidade, nosso plano vai por água abaixo! — ele grita, finalmente deixando a raiva transparecer na voz a plenos pulmões.
— Nosso plano? — ele dá alguns passos em minha direção — Meu plano, pelo que me lembro, você sempre falou que era para acabar com todos eles sem me envolver pessoalmente com a família Ward. — digo me recordando das inúmeras vezes que já o ouvi dizer antes.
— Eu sou o Chefe por aqui. — ele pontua de forma firme.
— O quê? — gargalho — Eu devo te lembrar que eu sou o herdeiro? — digo em meio às gargalhadas.
— Você é apenas uma criança mimada, nem tudo na vida é ganhado por poder. — ele diz tentando pagar de mestre sábio.
Pego minha arma que estava no chão, a destravo e atiro em seu braço. Ele me olha com os olhos arregalados e segura o ferimento enquanto os homens se aproximam sem falar nada.
— Sério? — estalo os dedos e meus homens apontam as armas para meu tio.
— Bando de traidores... — ele rosna — Eu cuidei de você e é assim que você me retribui? — ele grita com tudo que tem, percebendo só agora que ele já não manda mais em nada.
— Não precisa fazer drama, tio Afonso. — estalo o dedo e as armas são guardadas — Só estou te mostrando que poder sempre vai ser poder, não importa se você tem estratégias, se não tem poder... Não tem nada. — digo calmamente, para ver se assim ele compreende.
— Eu sou seu conselheiro e estou dizendo que temos que agir de uma vez ou a máfia será destruída. — ele diz como se tudo fosse preto no branco, como se não existisse nada mais que pudesse ser feito.
— E eu sou o chefe aqui e estou falando que não vamos atacar a família Ward agora, preciso saber quem são os envolvidos com a armação contra meus pais, e não conseguirei descobrir nada com os únicos suspeitos estando abaixo da terra. — digo, deixando claro que não vai ser ele a me fazer mudar de ideia.
— Você acabou com tudo, Santiago! Ninguém poderia saber ou se quer desconfiar que a família Braga tinha se unido aos Richter no passado! — mais uma vez ele grita, isso está começando a ficar irritante, ou ele está achando que tenho problema de ouvido ou ele está querendo me fazer adquirir um.
— Eu odeio quando grita. — digo num tom baixo e forte e lhe dou as costas — Levem ele daqui.
Ele é arrastado pelos meus homens e eu volto ao meu treino, agora com o doce silêncio que tanto aprecio.
[...]
— Como foi a viagem? — Safira questiona pulando no sofá ao meu lado.
— Não é da sua conta. — respondo sem me dar ao trabalho de a olhar e continuo digitando no notebook.
— Sou sua assistente e amiga, acho que sua única amiga. — ela diz tentando me lembrar do meu círculo de amigos quase inexistente.
— Se esqueceu do Damon? Ele é meu amigo, você só anda comigo para pegar mulheres. — digo para o caso de ela ter se esquecido.
— Que horror, Santiago — a olho e a mesma coloca a mão no peito — Mas me diga, conseguiu encontrar ele? — ela repete a pergunta anterior de outra forma.
— Não, mas por um momento achei que ele tinha saído do armário. — respondo me recordando do ocorrido.
— Por que? — ela ri e me olha curiosa.
— Ele não me avisou que estava morando com uma mulher — balanço a cabeça rindo — Mexi em umas gavetas e encontrei calcinhas, eu ri tanto pensando que eram dele, que me distraí e a garotinha que ele cuida me pegou desprevenido. — conto em tom de riso, ainda me lembrando da cena.
— Uma criança? — ela gargalha em meio a pergunta.
— Ela não é, foi só forma de dizer — rio a acompanhando — Ela é uma linda ruiva, com belas curvas e um olhar penetrante.
— Ai meu pai, você pegou a garota que ele cuida? — ela se ajoelha no sofá animada, olhos chegam a brilhar de curiosidade.
— Lógico que não, obviamente ele está gostando da mulher, já que encheu a casa de seguranças enquanto ele não está. — respondo me recordando dos seguranças nada preparados para uma verdadeira ameaça.
— Ele é tão romântico! Se ele me desse uma chance... — ela suspira.
— Achei que fosse lésbica. — arqueio a sobrancelha, a encarando.
— Eu gosto de sexo querido, não importa com quem. — ela diz de forma bem despreocupada.
— Você é uma depravada. — constato em voz alta, não que ela já não tenha ciência desse fato.
— E você está ficando frouxo. Vamos sair hoje? — ela convida.
— Tenho que revisar algumas coisas, não vai dar. — respondo deixando transparecer o meu desânimo para sair.
— Você está focado demais nesse plano de vingança, acho que deveria deixar para lá. — ela solta a sugestão, como se isso fosse possível.
— Não. — começo a responder.
— San.. — ela insiste.
— Não, Safira — altero meu tom de voz para umas notas a mais do que seria indicado para uma conversa pacífica e atiro o notebook contra a parede, me levanto encarando a mulher a minha frente — Eu vou ver a família Ward ser destruída e não existe nada e nem ninguém que mude a minha escolha. Então pare de falar em desistir do meu plano, já que você não sabe o que é crescer sem os pais e ser treinado desde criança para ser o melhor em tudo. Eu já fui torturado, espancado e mantido preso apenas por responder o meu tio. Mas agora eu sou adulto, eu mando nessa merda toda, e eu não vou desistir do meu plano, jamais! Fui claro?
— Sim. — ela responde de forma direta, não querendo me ver mais alterado que já estou.
— A família Braga nunca se esquece de uma dívida e os Richter's são conhecidos como donos do inferno. E é exatamente por isso que se necessário, vou fazer o inferno subir na terra se alguém tentar me impedir. Agora sai daqui! — ordeno.
— Sim, senhor. — ela responde de prontidão, já se retirando.
Ela sai apressada e eu caminho até o meu bar. Abro uma garrafa de Whisky e a viro na boca, sentindo o líquido queimar em minha garganta.
— Todos vão saber que eu sou Santiago Richter Braga e que não deveriam ter me subestimado. — digo para mim mesmo em voz alta, não posso me esquecer disso, de quem eu sou, minha missão.
[...]
Continuem conectados...
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A Máfia Entre Nós
AçãoJá ouviu dizer que existem diversos tipos de vida que podem se conectar? Será que é verdade? Quando o maior mafioso de Portugal morre, surge uma pequena confusão em relação de quem tomará o lugar tão almejado. Mas até quando a paz reinará se todos q...