Capítulo 70 - Santiago Braga

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Narrador


O dia amanheceu e Santiago acordou sentindo um peso sobre si. Em alerta, o homem abre os olhos quase que de imediato mas sorri ao ver Kiara dormindo tão tranquila.

Com cuidado, cuidado demais para um Richter, ele se levanta e a encara enquanto a mulher se mexe entre os lençóis.

— Bom dia. — ela disse ainda de olhos fechados.

O Richter nunca pensou que gostaria tanto de algo como gostou de ouvi-la logo pela manhã. A voz rouca mas ainda delicada, os cabelos um pouco bagunçados e o rosto um pouco marcado, tudo isso o fazia achá-la ainda mais cativante do que já era.

— Volte a dormir, querida.

Ela sorriu e finalmente fez algo que ele mandou sem retrucar. E foi nesse momento, nesse exato momento, que ele percebeu o quão fodido estava.

Santiago R. Braga não era o tipo de homem que levava mulheres para sua casa, não era o tipo que dormia com mulheres sem a noite terminar em bebidas e sexo, a verdade é que ele nem se permitia dormir com elas. Uma boa noite de sexo era mais do que o suficiente, então levantar de madrugada e ir embora era mais do que normal para ele.

Mas para a sua surpresa ele estava ali, completamente vestido em seu quarto enquanto a mulher dormia tranquila em sua cama.

Santiago detestava assumir e se odiava por ter se colocado naquela situação. Mas agora já sabia o que estava sentindo e aquilo realmente o assustou. A vontade incessante de vê-la, o coração acelerado ao ouvi-la falar e a vontade louca de tocá-la ou beijá-la. 

Ah, como ele queria sentir os lábios dela nos seus. Era quase irritante o desejo que ele tinha por ela.

Isso era terrível para qualquer Richter, mas Santiago sabia que estava fodidamente apaixonado pela garota da língua afiada.

Ele foi até o banheiro e tomou um banho demorado, enquanto pensava nas inúmeras coisas ruins que já fez em sua vida.

Por um momento ele se perguntou se era saudável envolver Kiara em sua vida, por um momento ele desejou ser apenas um cara normal em um emprego normal. Porque talvez assim fosse mais fácil de tê-la em seu mundo.

Só voltou para o quarto depois de arrumar seu cabelo em frente ao espelho.

"O mesmo penteado, o mesmo Santiago. Certo?" — ele pensou.

Saiu do banheiro e vestiu sua roupa com calma, com a plena convicção de que Kiara ainda estava dormindo. Olhou mais uma vez para a mulher e saiu do quarto.

Desceu as escadas com sua pasta e a gravata jogada no ombro, do mesmo jeito que fazia todas as manhãs. A única diferença era que Kiara estava presa em seus pensamentos.

— Bom dia, Tiago. — Mari falou, empolgada — A menina Kiara não dormiu em casa hoje?

— Está dormindo no meu quarto.

— Hum... — ela o olhou de soslaio e ele revirou os olhos.

— Não aconteceu nada.

Ela sorriu e colocou o café em sua xícara, beijou a testa do seu "menino" e voltou aos seus afazeres.

Se alguém o visse naquele momento, com uma xícara de café, óculos de grau e lendo uma matéria sobre economia no jornal, certamente diriam que Santiago era um homem normal.

Santiago Braga

[...]

— Então quer dizer que você desistiu de se vingar da família Ward? Assim, tão fácil?

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