Capítulo 41 - Katherine Cárter

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A noite anterior foi um tormento. Eu não consegui dormir direito, tirava um cochilo e outro mas sempre despertava. Pela manhã, quando levantei, não queria sair do quarto, queria ficar lá dentro só eu e meus pensamentos. Espiando pela janela eu vi Liv chegando e os homens logo ficaram ao redor dela, como proteção. Damon pegou ela no colo e a levou para dentro. Parecia indefesa, mas decidi não me intrometer, afinal não era da minha conta nada daquilo. Apesar da curiosidade estar me matando, ignorei tudo e saí do quarto em direção a cozinha. Peguei algo para comer, uma garrafa de água e voltei pro quarto. Ninguém tinha me visto, já que  eles estavam ocupados demais para ver alguém assaltando a cozinha.

[...]

Eu não havia saído do quarto, fiquei lá dentro todo o tempo. Anoiteceu e preferi continuar nos meus aposentos. Lá tinha banheiro então não precisava sair. Dado a hora de dormir, a casa se tornou silenciosa. Eu tentei dormir, mas falhava sempre. Tentei por muito tempo, mas de novo falhei e ficou ainda mais difícil pegar no sono quando de madrugada tive que escutar os gritos de Liv. Tenho certeza que a vizinhança toda ouviu. Eu quase me levantei para ver se ela estava bem, mas depois de um tempo não se ouviu mais nada, por isso decidi não interferir. Talvez ela tenha conseguido dormir. Quando finalmente peguei no sono, já estava amanhecendo, mas nem durou muito já que comecei a ouvir uma gritaria lá embaixo. Me levantei as pressas e sai do quarto. Cheguei no alto da escada e fiquei olhando horrorizada tudo acontecer. Damon estava quase matando um homem, que já estava no chão. Coloquei a mão na boca, reprimindo um grito.

Meu olhos quase saem do lugar olhando tudo aquilo. Os seguranças eram passivos. Não se mexiam, só olhavam tudo normalmente.

Depois de uma breve conversa até calma com o Damon, voltei para meu quarto. Preferi não dar muito assunto. Se eles estava passando por tudo aquilo, eu iria ajudar. Eles me ajudaram, né? Então eu iria retribuir o favor.

Minha noite não foi das melhores e pela manhã não consegui mais dormir. Todas as vezes que fechava os olhos eu via aqueles homens. Eles não tinham piedade, iriam me matar se tivessem tempo. Não conseguia não pensar em tudo.

Por volta das nove da manhã, saio do quarto e fui em direção a cozinha. Provavelmente tinha café da manhã.

Chegando lá, me assustei um pouco mas logo retomei a minha postura. Liv estava ali, com os olhos vazios, olhando para nada em específico. Sentei ao seu lado, creio que nem reparou em minha chegada. Fiquei em silêncio por uns instantes mas logo depois resolvi falar.

— Você está bem? — perguntei, percebendo logo depois que fiz uma pergunta idiota. Era óbvio que ela não estava bem. Ela me olha assustada e logo seu olhar se suaviza.

— Já estive melhor. — diz, voltando a olhar pro nada.

Resolvo ficar calada e vou pegando uma xícara e colocando um pouco de café. Enquanto coloco as coisas a minha frente pra me alimentar dou umas olhadas pra ela, que parece tão triste.

— Kathe? — ouço ela chamar, logo olho pra ela — Já teve a impressão de não existir? Quer dizer, de existir lógico, mas parece que está apenas olhando tudo de fora como um simples telespectador? — a ruiva me olha e vejo seus olhos marejados. Penso por uns instantes no que responder.

— Não até pouco tempo — falo e viro meu olhar pra xícara de café nas minhas mãos.

— Se sente assim agora? — ela se vira e me olha. Tenho certeza que ganhei sua total atenção.

— Sim. — respondo, porque era verdade. Às vezes tenho essa exata impressão que ela me mencionou, como se eu fosse uma simples telespectadora que está assistindo tudo em minha vida do lado de fora.

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