Capítulo 31 - Lane Claire

106 19 12
                                    

Era quinta de manhã e eu estava radiante. Na próxima semana eu teria uma apresentação e como já havia ensaiado tudo o pessoal da academia me deu esse finalzinho da semana para descansar. Acordei bem cedo, tomei um banho e vesti um vestido simples em um tom amarelo pastel. Parece que minha positividade havia voltado e eu não pretendia deixar que ela escapasse novamente. Desço as escadas até a sala.

— Já acordada? — Luna parecia apressada, usando sua blusa social branca por dentro da larga calça preta e sua bolsa na mão. Ela estava saindo para o serviço.

— Acordei bem e não quis desperdiçar toda minha energia dormindo. A mamãe vai levar Joe para escola hoje? Ela não tem aquela apresentação importante?

Caminho em direção a cozinha, pego um copo de suco na geladeira e me sento no balcão de frente para a sala, onde Luna junta alguns papéis e coloca em sua bolsa.

— Sim e sim. A apresentação não é tão cedo, então dá pra ela o levar. Mas como ela chega tarde, eu tenho o projeto pra terminar e o Brian não vai poder pegar o Joe depois da aula, sobrou pra você a árdua tarefa de buscar seu sobrinho depois da escolinha. Pode ser? — enquanto fala, Luna anda pela sala parecendo procurar por algo mas para abruptamente — Você viu minhas chaves?

— Tudo bem pra mim. — respondo. Pego a chave (que estava em cima do balcão) e jogo pra ela, que sorri em agradecimento.

— Ok então. Obrigada e até mais tarde, beijos! — ela sai apressada pela porta.

— Beijos!

Hoje Luna precisava chegar mais cedo na editora onde trabalha, por isso nem esperou que todos acordassem. São sete horas agora e daqui a pouco o resto da família vai descer as escadas para se preparar para seus longos dias. Como é um dia cheio, nada de caminhada, o que é uma pena já que eu estou animada.

Resolvo preparar o café da manhã. Faço panquecas, para lembrarmos de casa, mas também mantenho o nosso tradicional café da manhã francês.

— O cheiro está ótimo, querida. Faz tempo que não como panquecas. Aliás, bom dia. — minha mãe passa por mim e deixa um beijo na minha bochecha.

— Bom dia, mamãe. O café já está quase pronto, onde está o Joe?

— Ele pediu que Brian o ajudasse se vestir. Eles já vão descer. — sirvo a última panqueca no prato.

— Acho que não precisamos esperar, estou com uma baita fome.

Me sento a mesa e nós começamos a comer.

— Bom dia, meninas. A Luna já saiu? — Brian chega, de mãos dadas com Joe.

— Sim, ela saiu bem cedo. Eu fiz panquecas.

Eles se sentam na mesa e nós terminamos o café da manhã juntos.

— Bom... — mamãe suspira e logo depois sorri — Vamos lá, Joe? — Joe pula da cadeira enquanto minha mãe pega suas coisas — Tchau, meus amores. — ela joga beijos no ar para mim e Brian e nós acenamos sorrindo.

— Eu já vou indo também. — Brian se levanta e dá um beijo no topo da minha cabeça quando passa por mim. Eu apenas sorrio. Vai ser um dia corrido pra eles, mas não pra mim.

[...]

Estou sentada em frente minha janela, lendo um livro a luz do sol. Meu celular toca na mesinha ao meu lado. Olho no visor e não reconheço o número, mas atendo mesmo assim.

— Alô? — digo.

— Você gosta de sair ao ar livre?

— O que? Quem é?

— Ah, me desculpe. Sou eu, Antoine. Encontrei seu número em sua pasta de inscrição. Não que eu devesse ficar mexendo lá sem permissão, mas foi exatamente isso que eu fiz. — ele parece rir.

— Ei! Isso é estranho, mas tudo bem. Como vai, Antoine?

— Eu estou bem, e você?

— Estou bem também. — não sei o que dizer a seguir, mas minha sorte é que não foi preciso.

— Você gosta de sair ao ar livre?

— Se não se importa, gostaria de entender melhor o motivo da pergunta. — eu digo, em tom de brincadeira.

— Ontem você escolheu o lugar onde íamos almoçar, hoje eu escolho. Eu conheço um lugar incrível e tenho 2 horas para o almoço. — permaneço calada — Você está aí?

— Sim. Quer dizer, podemos almoçar juntos hoje e eu gosto do ar livre. Onde você vai me esperar? — não sei porque, mas sei que posso confiar em Antoine. É o que meu coração diz.

— Posso passar em frente sua casa, se quiser. Ao meio-dia. Eu me lembro onde é.

— Estarei esperando.

— Ok. E me desculpe por ter ligado sem avisar. Eu não gosto de SMS.

— Não tem problema, eu acho legal a coisa da ligação.

— Certo. Até mais tarde então.

— Até.

E agora eu estou sorrindo como uma boba por finalmente ter encontrado um amigo depois de tanto tempo.

[...]

Ok, talvez eu esteja com medo. Muito medo, na verdade. Eu nunca fui muito boa em me comunicar com pessoas. Mas sei que vou dar um jeito.

Olho meu reflexo no espelho. Essa roupa parece boa. Meu cabelo solto também parece bom. Eu prefiro do meu cabelo como está: natural, volumoso e com seus cachos mal feitos. Eu não costumo usar maquiagem, então minhas sardas estão visíveis. Eu também gosto das minhas sardas. Na verdade, gosto da minha aparência, ela me faz ser única.

Ouço o som da campainha e saio do quarto, gritando um "já vai" enquanto desço as escadas. Olho pela janela da frente. É Antoine. Olho para o relógio atrás de mim e vejo que são exatamente 12:00. Abro a porta, com um sorriso.

— Você é pontual! — puxo mais a porta, abrindo caminho — Entre, vou pegar minha bolsa. Pode esperar aqui.

Ele estava usando uma camiseta branca com algumas estampas e uma calça jeans escura. Por mais simples que parecesse, estava bonito.

— Eu precisei passar em casa, achei que demoraria um pouco lá, mas foi rápido. — ele entra e para de frente pra mim — Ei, eu gostei do seu cabelo assim.

Eu sorrio. Vou ao meu quarto e pego minha bolsa, colocando meu celular nela. Termino de passar meu hidratante facial e desço as escadas. Antoine está sentado no sofá quando chego. Ele estava olhando para as fotos da família na mesinha de centro, mas quando ouve meus passos, se levanta e olha na minha direção.

— Você gosta desse estilo, como dos anos 90? — ele pergunta se referindo a minha roupa.

— Sim, é meu preferido. Os anos 90 foram os mais estilosos, não? — ele apenas fica em silêncio — Vamos?

— Claro, vamos. — ele anda um pouco até estar do meu lado — Eu também gosto. Dos anos 90. — fico em silêncio e nós seguimos andando até a porta. Saímos e eu a tranco por fora, jogando a chave em minha bolsa.

— E então, qual é o nosso destino?

— É surpresa. — ele sorri enquanto diz — Hoje é meu dia de te mostrar mais do meu mundo. Acho que é um bom começo para uma amizade, não é?

— É, eu acho que é. — continuo sorrindo — Não sei muito sobre essa coisa de fazer amigos.

— Eu também não. Acho que teremos que inventar nosso próprio bom começo.

Os sorrisos não saem dos nossos rostos nem por um segundo durante a curta caminhada até a moto de Antoine. Acho que é isso que amigos trazem: sorrisos. Pelo menos eu não consigo parar de sorrir. Sinto que posso ser feliz de novo. Eu mereço isso. Meu pai ficaria orgulhoso de mim e isso é o que me deixa mais confiante. Eu vou ser feliz por ele.

[...]

Continuem conectados...

A Máfia Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora