Estava esgotado despois da breve conversa com Liv, então fui descansar um pouco, esfriar a cabeça e resolver outros assuntos.
Não fazia muito tempo que tinha recebido notícias de Brad, que estava de volta. O garoto é esperto. Sumiu sem deixar rastros, mas eu sou melhor que ele e preferi deixá-lo resolver os problemas dele nesse tempo que esteve fora. Problemas pessoais é uma dor de cabeça que nunca passa.
Soube — não por Brad, mas por fontes minhas— onde ele andava e com quem andava. Tinha relatórios em minha mesa todos os dias. Aquele garoto não ia escapar das minhas mãos assim fácil, como achava. Ele pode até sumir do mapa, mas eu descobriria onde ele andava.
Brad Foster é o homem a quem escolhi para andar com Liv porque sabia que para onde eles fossem, Brad deixaria um sinal. Ele poderia ser o melhor, sabia fazer tudo nos mínimos detalhes, mas sempre uma brecha deixava quando queria ser encontrado.
Sabia também que apesar de toda aquela pose de homem humorado existia um segredo guardado, muito bem guardado. E ele não média esforços para esconder isso.
Passei grandes partes do dia no quarto, reunindo provas, vendo as filmagens de segurança da cidade, que Brad fez o favor de acessar todas para mim. Quando achei o que eu queria não estava afim de perder tempo, mas sabia que tinha que pensar antes de agir. Afinal é melhor ter um amigo, do que um inimigo.
Saio do quarto já a noite e desço as escadas as pressas. Chegando na sala, encontro Kathe. Ela parecia estar bem a vontade e ligada em algo que via na televisão, então passei direto para a cozinha, abrindo a geladeira e pegando uma garrafinha de água e jogando a direto na boca. Vou andando com ela de volta pra sala, tentando recordar o que era aquilo que ela assistia.
— Que programa é esse? — falo com a voz grave e então percebo que realmente ela estava atenta ao programa, já que pulou do sofá, assustada com minha voz.
Katherine Cárter, vinte e cinco anos, nascida dia dezoito de julho, filha única de Melissa Cárter e Luiz Cárter, formada em psicologia, adora passar tempo com crianças e ama ler, entre outras coisas. Veio a Portugal para ter férias do seu trabalho — o que não adiantou muito, tendo um imprestável igual aquele como chefe. Quem olha para ela, não vê uma psicóloga.
Uma loira bonita, alta, mas não muito, magra, mas não aquela que não tem onde pegar, ela tem. Rosto de boneca, jeito doce, delicada como um flor. Paro pra reparar um pouco mais nela. Que agora está bem mais arrumada, não como encontramos naquela casa velha, agora os cabelos estão alinhados. Ela usa uma blusa branca e soltinha, um short curto, marrom e solto, não muito curto, mas onde podemos ver suas pernas livres de qualquer pano. Realmente parece bem mais a vontade.
— Ah, você me assustou. É só um programa de culinária que estou vendo. — fala com a mão apoiada no peito e volta a se sentar.
— Não sabia que se assustava fácil. — abro um sorriso.
— Eu só estava muito concentrada, não é nada demais. — ela se explica. Kathe sempre via essa necessidade de dar uma explicação onde não era obrigatório.
— O que você está assistindo? — pergunto, chegando perto do sofá, focado no que passava na televisão.
— Kitchen Secrets, do chefe francês Raymond Blanc. Encontrei enquanto procurava algum programa interessante e como gosto de gastronomia decidi assistir. — diz.
— Não fazia ideia que você gostava disso, pensei que gostasse de mexer com o psicológico humano. — digo, dando duas palmadinhas em seu joelho, fazendo ela dar espaço no sofá para que eu sente.
— É, eu gosto, mexer com o psicólogo. Dá um pouco de trabalho, só não me recordo de já ter falado com você sobre minha profissão. — me olha atentamente, buscando uma explicação que não viria.
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A Máfia Entre Nós
AzioneJá ouviu dizer que existem diversos tipos de vida que podem se conectar? Será que é verdade? Quando o maior mafioso de Portugal morre, surge uma pequena confusão em relação de quem tomará o lugar tão almejado. Mas até quando a paz reinará se todos q...