— Droga. — ele murmurou e então levantou a cabeça até seus olhos vir de encontro aos meus.
Por um momento ficamos os dois nos encarando sem dizer uma palavra, perdidos em pensamentos, até que ele resolveu quebrar o silêncio que estava se tornando constrangedor.
— Deveria olhar por onde anda ou vai acabar atropelando um carro desse jeito. — ele disse, mas não parecia bravo.
─ Vou prestar mais atenção, desculpe. Bom, eu já vou indo. ─ disse. Quando eu ia virar as costas ele falou outra vez.
─ Espere, vou pegar algo para limpar sua blusa. ─ assim que ele falou, eu olhei para minha blusa e lá estava uma pequena mancha de café. Só então senti a pequena ardência, já que o café estava um pouco quente.
Antes que eu falasse um "não precisa se preocupar", ele já tinha ido pegar algo na recepção e estava voltando com um paninho úmido.─ Aqui.
─ Não precisava se incomodar ─ falei, pegando o pano de sua mão e passando na blusa, o que não melhorou muita coisa.
─ Já que eu vou ter que pegar outro café não está afim de ir comigo? ─ o homem diz.
─ Eu não quero incomodar ─ respondi, meio receosa em aceitar o pedido, afinal, a gente nem se conhece.
─ Eu já estou atrasado mesmo, 10 minutos não vão me fazer falta. ─ fala olhando o seu relógio.
─ Sendo assim, eu te acompanho. ─ acabo aceitando. Não era grande coisa, era só um café, não vi nenhum problema em aceitar.
Fomos em direção ao restaurante do hotel e nos sentamos em uma mesa enquanto um dos funcionários vinha perguntar nossos pedidos.
─ Qual café você gosta?
─ Pode ser um cappuccino.─ Um cappuccino e um expresso, por favor. Ah, também quero panqueca com farinha de aveia. Você aceita? ─ aceno que não e o garçom se retira.
Um silêncio constrangedor se forma, até que o garçom aparecer de novo com nossos pedidos e o homem decide puxar assunto.
─ Você parece americana, é de onde? ─ ele pergunta enquanto toma um gole do seu café que o garçom acaba de entregar e corta um pedaço da panqueca.
─ Canadá.
─ Veio passar as férias na cidade? ─ questiona.
─ Sim. ─ respondo.
─ Lisboa é uma ótima cidade. E tem ótimos cafés.
─ Ouvi mesmo dizer, eu pretendo aproveitar bastante! ─ digo, abrindo um pequeno sorriso.
─ Existem muitos pontos turísticos maravilhosos aqui nessa cidade. Eu também cheguei a pouco tempo, na verdade eu acho que já nos vimos ─ ele fala.
─ Ah, sim. Talvez não dê para visitar todos os pontos turísticos, mas pelo menos alguns eu pretendo. E eu tenho uma vaga lembrança de você.
─ Aeroporto, eu vi quando você desembarcou. Achei que Portugal já tinha todas as maravilhas, mas me enganei assim que você chegou.
"Claro", penso, "ele vai ser esse tipo de cara galanteador que resolve passar cantada na primeira vez que conversamos".
─ Ah, estou meio sem graça, posso ter visto você de relance. Agradeço pelas suas palavras, mas não é para tanto. ─ eu, com certeza, não sabia o que falar. Espero que ele não tenha notado o meu nervosismo.
─ Então... pretende passar mais alguns meses aqui? ─ me pergunta.
─ O tempo previsto é de um mês. ─ respondo, tomando um gole do meu café.
─ Esse final de semana eu estarei indo conhecer a cidade do Porto, se você não for fazer nada, poderíamos ir juntos. ─ ele toma mais um gole do seu café e espera que eu o responda.─ Parece um bom programa, mas não posso aceitar um convite sendo que ainda nem sei o nome da pessoa que está me convidando.
"Ótimo, Kathe, você acabou de arrumar uma desculpa para descobrir o nome dele, eu realmente não estou me reconhecendo."
─ Diego Reis, mas pode me chamar só de Diego. Eu achei que você me conhecia. Nunca leu um livro com o meu nome? ─ ele é escritor? Tento buscar em minha memória e realmente não me lembro de um livro que tenha esse autor. Eu não sabia da existência dele, deve ser uma brincadeira.
─ É um prazer Diego, eu sou a Katherine Cárter, mas pode me chamar de Kathe. E não, eu nunca li um livro com seu nome. ─ dou um sorrisinho.
─ É uma honra, Kathe. Talvez seja porque nunca publiquei ele, mas vai ser um sucesso e tem uma pessoa maravilhosa assim como você no livro. ─ diz abrindo um sorriso.
"Como ele tem certeza que eu sou maravilhosa? Ele nem me conhece.", penso, mas não verbalizo tal pensamento.
─ Então será uma honra para mim lê-lo quando for publicado. ─ e isso não é mentira, se ele realmente estiver escrevendo um livro, eu vou querer ler.
─ Olha, a hora passou tão rápido, preciso ir agora. Mas obrigado por me permitir estar diante de uma pessoa tão elegante e simpática como você.
A hora passou realmente rápido ou ele está inventando uma desculpa para sair de perto de mim?
─ Nossa, realmente a hora passou e eu não vi. Bom, foi um prazer, Diego. Até mais.
─ Até. ─ ele se aproxima um pouco e segura meu rosto de modo natural, para logo após depositar um beijo em minha bochecha. Se eu não tinha problemas cardíacos agora seria o momento que provavelmente desenvolvo um. Antes de sair ele fala:
─ Não tente atropelar um ônibus por aí, os resultados não são bons. Até logo, Katherine
─ Eu vou tomar cuidado. Tchau, Diego. ─ dou um aceno com a mão e ele sai. Logo em seguida estou sozinha com meu café pela metade e a minha blusa ainda manchada.
"Eu não posso sair por aí com a blusa suja.", penso, já me levantando para ir ao meu quarto trocá-la.
Eu decido dar uma volta caminhando, o que eu não costumo fazer. Sempre que eu vou sair eu chamo um táxi, é mais rápido e seguro, mas hoje foi diferente, eu queria caminhar um pouco e foi isso o que eu fiz.
Andando sem rumo eu sinto um corpo colidir com o meu. Perfeito, mais um esbarrão no mesmo dia, mas dessa vez a culpa não tinha sido minha, só poderia ser alguém mais atrapalhado que eu.
─ Ei, não olha por onde anda? ─ questiono a garota a minha frente, mas ela não olha em minha cara, olhava para todos os lados, menos para mim. Parecia estar procurando alguém... Será que se perdeu ─ Estou falando com você! ─ dessa vez chamo sua atenção e ela me olha, seus olhos ainda em busca de algo.
─ Desculpa, desculpa, é que... ─ ela não termina a fala e continua a olhar para todos os lados.
─ Moça, você está procurando alguém? Está tudo bem? ─ pego em sua mão e ela está gelada, não me parece bem. Vejo que seus olhos nunca encontram os meus. Ela não responde, então a puxo para uma cafeteria que estava a nossa frente. Nem sei o porquê de estar fazendo isso, mas a levo para se sentar no lado mais discreto possível. Não quero ser o centro das atenções, vai que a menina passa mal na frente de todos. Eu não precisava fazer isso, nem a conheço, mas o lado solidário sempre fala mais alto e eu sinto que deveria ajudá-la. Só espero não estar me metendo em furada.
[...]
Olá, como estão?
E esse clima entre a Kath e o Diego???
Continuem conectados... ♡
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A Máfia Entre Nós
AçãoJá ouviu dizer que existem diversos tipos de vida que podem se conectar? Será que é verdade? Quando o maior mafioso de Portugal morre, surge uma pequena confusão em relação de quem tomará o lugar tão almejado. Mas até quando a paz reinará se todos q...