Capítulo 20 - Damon Stuart

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Depois de varrer o lugar onde localizei Liv, achei ela e não resisti a um abraço. Sei o quanto ela deve ter estranhado isso, afinal não somos de ficar assim em público, ser frio é meu sobrenome, mas quando se trata dessa garota, as coisas mudam. Vivo a ensinado tudo que me foi dado desde quando nasci. Meu pai me ensinou tudo que pode e o resto, aprendi. Trabalhar como segurança de Liv não era um caminho a seguir, mas acabamos por se tornar amigos, apesar dela sempre me passar a perna. Hoje foi um dia e tanto, havia recebido novas ameaças sobre Liv, e quando ela saiu pela porta sem nada, apenas estressada, eu logo entrei em alerta, conhecer Kathe fez bem, quem sabe Liv não faça uma nova amiga, depois dos quinze anos ela nunca mais conseguiu isso. Eu só quero a proteger, irmãos se protegem acima de tudo, pena que não me vejo como um irmão.

Olho para ela que agora está sentada do lado do passageiro, parece estar perdida em pensamentos.

─ Por que deu o contato? ─ falei. Ela sabia do que eu estava falando, só quis ser educado oferecendo uma carona, isso não quer dizer que queria fazer amizade.

─ Oi? ─ olho para ela rapidamente, logo volto a prestar atenção na rua.

─ O contato, Liv. ─ não preciso falar demais, sei que ela entende.

─ Ah... sei lá, ela me pareceu inofensiva. ─ olho para ela com atenção e levanto uma sobrancelha, me olha e logo revira os olhos ─ Não sei, Dan, eu só dei o cartão e pronto, foi automático.

─ As inofensivas são as que mais dão medo, Liv, não esqueça. ─ digo mais para mim, do que para ela.

Às vezes me pego pensando em coisas que não fazem muito sentido no momento. Qualquer coisa que eu queira pensar agora, vai para outro lado, já que ouço meu celular tocar. Olho de relance para Liv e ela nem se mexe. Pego o celular e desligo, tenho certeza que sei de quem se trata.

─ Devo me preocupar? ─ ela pergunta, o bom é que Liv e eu não precisamos explicar nada, a gente sempre se entende com meias palavras.

─ Sim, vamos nos mudar, assim que chegarmos arrume suas coisas. ─ digo do melhor jeito, ela me olha com aqueles olhos azuis que só ela tem, tenho que parar de prestar muita atenção nos detalhes.

─ Quando isso vai parar, Dan? ─ suspiro, por saber que essa conversa vai longe.

Eu não lembro quando tudo mudou, eu sei que comecei como segurança da garota mais mimada da cidade. E do nada estou aqui, suspirando. Ela não é mais a garota mimada.

─ Não sei Liv, até lá vamos ficar juntos. Talvez um dia isso passe. ─ passo a mão pelo cabelo os puxando de leve. Paro o carro em frente à casa que estamos e Liv não desce. Hoje é o dia.

─ Se eles estivessem aqui, isso não estaria acontecendo né? Eles não deixariam, porquê é que fizeram isso Dan, eu juro que meus pais nunca fizeram mal a ninguém, nem a uma mosca. ─ já ouvi algumas vezes Liv chorar em seu quarto, mas nunca vi. Contudo agora ela está aqui na minha frente se tornando frágil e eu não sei como reagir, nunca precisei consolar ela, sempre foi durona para isso. Meu peito se enche de tristeza por vê-la assim, eu sinto, está aqui fixado em mim, seja lá o que isso se chama, eu consigo sentir a sua tristeza quando a vejo triste. ─ Eles sempre ajudavam em tudo, íamos a igreja, fazíamos caridade, eu passava final de semana quase todo em um asilo cuidando dos idosos. Eles eram bons demais, Dan, por quê as coisas acontecem assim? Eles não eram maus, sempre faziam o bem, e ter um fim desse? Quem faz isso? Quem? Eu não aguento mais fugir, fingir, eu não estou bem, minha vida está uma merda desde quando tudo aconteceu.

─ Porque, Liv, uma hora tudo tem que acontecer, uma vida precisa ir para salvar outra, alguém precisa sempre perder algo para ajudar outras pessoas, seus pais ficaram gratos de terem doado seus órgãos. Você é uma ótima filha, você salvou pessoas apesar de ter perdido duas. Você, Liv, fez o que tinha que fazer, você nunca deve olhar só para você, olhe ao redor, tem gente que sofre muito mais que você, e não reclamam, isso não vai diminuir em nada sua tristeza, não é o que estou dizendo, mas agradeça por estar viva, agradeça por eles não sofrerem, agradeça por cada coisa ruim que acontecer na sua vida, um dia as coisas melhoram, mas ficar revoltada ou reclamar não ajudará em nada, só te fará igual aos outros. Ingratos. ─ Digo e sei que peguei pesado, mas essa não é a Liv sempre forte que eu conheço, ela me olha em lágrimas e soluça. ─ Vamos entrar, precisamos arrumar as coisas. ─ Se eu ficar por mais horas nesse carro, não serei eu.

Saio e bato a porta do carro, sinto um pouco dos pingos de chuva, respiro fundo e vou em direção a casa, abro a porta e sigo para meu quarto arrumar minhas coisas, que já não eram muitas. Mais uma vez vamos ter que partir.

Pego meu celular e olho para ver quem me ligou. Como disse, sabia. Retorno a ligação.

─ Como está a nova casa? — respiro fundo porque sei que não será uma boa conversa.

─ Estamos partindo, estou recebendo ameaças, Liv foi atacada mais cedo, vou a um hotel, ainda não consegui localizar o suspeito, sempre está em locais diferentes, já estou cansado dessa brincadeira. ─ falo logo de uma vez, não posso perder tempo.

─ Me manda todas as instruções e os códigos, tentarei localizar eles. Não devem estar muito longe, ela está bem? Treinou? ─ ele não costumava perguntar muito pelo bem estar de Liv, estranho.

─ Ela está sim, treinou durante a manhã, só foi um susto, Liv sabe se defender. ─ digo.

─ Bom... muito bom... ─ Ele repete, tentando se convencer ─ Não deixe de me dar detalhes, amanhã ligarei de novo. Até. ─ Ele não espera que eu responda, apenas desliga.

Decido que já está na hora de achar Gastón ou terei sérios problemas.

Penso mais um pouco se é o melhor a se fazer e decido que é sim. Pego meu celular novamente e mando mensagem para a única pessoa que pode me ajudar.

"Espero que tenha um pouco de tempo para tratar de negócios com um velho amigo.

Ass: Damon Stuart"

Conseguir o número dele não foi fácil, mas parece que Brad entende mesmo de tecnologia, até mais que EU, devo concordar.

Depois de arrumar todas as minhas coisas, desço a escada e Liv já está lá sentada com suas malas, ela levanta o olhar para mim e vejo a sua determinação estampada em seu rosto.

─ Essa será a última vez que mudaremos, compre uma casa, no fim do mundo, que seja, mais quero um lugar para chamar de nosso. Me desculpa pelo surto. ─ Ela diz, pega as malas e vai para fora. Essa é a mulher que sempre conheci, determinada. A mulher que eu pretendo manter em segurança sempre. A mulher que um dia quero para mim.

[...]

Sim tivemos capítulo desse deuso. Continuem conectados...

A Máfia Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora