Lemon is The New Black | myg + jjk

2 • trapped •

LEMON is the new BLACK

• capítulo dois •

TRAPPED

| y o o n g i |

Quando refletimos em frases meditativas que costumamos ver com tamanha frequência, que acabamos por memorizá-las, no final, vemos aquilo não como um alerta a levar para a vida, e sim algo mecânico que servia apenas para enfeitar textos poéticos.

Certas lições só podiam ser aprendidas se passadas diante dos seus olhos. Assim aconteceu comigo, onde esperei que o dia acabasse como um sonho que surge em uma noite e no outro dia as imagens se apagam. Mas então, ao invés disso, minha vida mudou drasticamente em um piscar de olhos.

Algemado como um criminoso, em uma viatura de polícia, envergonhado ao ver as pessoas que passavam pelo carro, sem imaginar que, dentro daquele veículo, estava um homem inocente; condenado por um crime que nem sequer cometera.

Era um engano. Tinha que ser.

Minhas mãos gélidas se juntaram, e os dedos entrelaçavam inquietamente, ao passo que minhas pernas se moviam. O frio em minha barriga aumentava ainda mais com o silêncio ensurdecedor. Tinha um policial no banco carona, na minha frente, com uma arma tão grande que mal se encaixava naquele espaço.

Eu não sabia o que dizer, só sentir. Uma mistura de vergonha, angústia, medo, e ainda um sentimento estranho que eu não sabia ao certo se havia uma palavra correta para descrever. A sensação de que algo ali estava errado, porque era impossível que um cara que mal aguenta halls preto com água gelada pudesse estar envolvido com tráfico de drogas.

E lavagem de dinheiro...? Eu não sabia nem descobrir a senha do wifi do vizinho com programas da internet, ia saber como usar sistema para roubar dinheiro? Se eu soubesse, com certeza a polícia nunca me encontraria em meu castelo super protegido em Dubai.

— Pela milésima vez, senhores... — entrei em desespero — Vocês pegaram o cara errado! Eu nunca nem vi maconha de perto na minha vida. Só sei o cheiro por causa dos colegas de faculdade que fumavam no campus. Eu juro! Vão na federal às cinco da tarde que vocês vão averiguar o que estou dizendo. Pegaram o cara errado!

O policial ao meu lado já estava sem paciência, suspirando pesadamente, e eu sabia que no fundo ele queria poder me dar um tiro para acabar com o seu estresse. Ora, mas tinha que se pôr no meu lugar.

Se você estivesse em paz, na segurança de sua casa, e de repente o prendessem injustamente. O que faria?

O pior de tudo era que os malditos policiais não davam a mínima para o que eu estava falando. Eu me sentia um otário, imaginando que aqueles homens já tivessem ouvido todos os tipos de depoimento de pessoas que de fato eram criminosas, que acabei entrando para a lista. Ou seja, apenas mais um em meio a tantos.

— Você é Min Yoongi, tem vinte e seis anos e mora no Condomínio Cruzeiro do Leste? — um dos oficiais interrogou-me.

— Bom... sim, mas...

— Então, pegamos o cara certo! — Interrompeu-me, rebatendo a minha defesa.

Merda.

— Quem foi o idiota, digo... o cidadão que me denunciou? — Questionei.

— Foi uma denúncia anônima. — o motorista respondeu — Mas isso o senhor só vai poder resolver na delegacia.

A vida tinha um dom de me prejudicar que mais parece que os dinossauros foram extintos para que bilhões de seres humanos pudessem existir para debochar da cara de Min Yoontrouxa.