Lemon is The New Black | myg + jjk

6 • in the dark •

LEMON is the new BLACK

• capítulo seis  •

IN THE DARK

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| y o o n g i |

Desde que cheguei à prisão, passei a me perguntar: "Estou apenas vivendo ou sendo injustiçado pela própria vida?". Afinal, meus irmãos, que mundo é esse, tão cruel, que a gente vive?

Eu queria implorar para que me levassem de volta à Mínima, fingir que nunca havia criticado aquele lugar que fedia a suor e merda, às vezes misturado com maconha. Mas as pessoas da Máxima pareciam ter saído de algum filme de tráfico da América Latina retratada em filmes americanos.

Alguns tinham tantas tatuagens no rosto que era quase impossível enxergar seus traços, e uns fumavam descaradamente, sem se importar se os guardas os advertiriam ou não. A minha recepção fora ainda mais escandalosa que quando eu havia chegado na Mínima.

Os gritos eram mais altos, as cantadas também, sendo ainda piores.

— Olha só, carne fresca!

— Dá uma sentadinha em mim, gracinha.

— Que delicinha!

A maioria das cantadas parecia ter sido criada por adolescentes sem ter o que fazer, a outra metade falava de um jeito que nem o meu avô falava mais.

Desta vez, me puseram em uma cela, mas não era gradeada, como se via nos filmes, uma que parecia uma caixa de vidro, no andar de cima, onde havia uma porta de aço enorme e vermelha, como a da solitária.

O pior de tudo era ver que havia a droga de um vaso sanitário, bem ali, sendo que um guarda no andar de baixo, além de outros presos, em outras celas com "paredes" de vidro conseguiam ter uma boa visão dali.

Em outras palavras, todo mundo me veria mijando e cagando. Agora eu sabia como o meu primeiro hamster se sentia dentro da caixa de vidro. E ainda, de bônus, para completar a minha desgraça, já havia outro preso ali, um que parecia ser vietnamita, sentado na única cama naquela cela.

— Ei, espere, onde eu vou dormir? — Questionei, enquanto o guarda que me acompanhava tirava as algemas dos meus pulsos.

— Olhe o tanto de chão que tem aí. Se vira.

Ele só podia estar de brincadeira.

Entenda, Min Yoongi, você está na Segurança Máxima, aqui, ninguém terá piedade de você. Minha mente me alertava.

Meu colega de cela usava um uniforme azul marinho, uma cor que até considerei bonita, a comparar pelo amarelo-mijo de outros prisioneiros e daquele verde-limão que eu estava começando a odiar.

— Toma cuidado, coreanito! — o vietnamita falava coreano com um sotaque engraçado.

Tentei ler o nome dele em seu crachá, mas eu definitivamente não sabia pronunciar.

— Aqui é muito perigoso? — perguntei como se a resposta não fosse óbvia.

— Bloco D, gangue perigosíssima, comandada por El Colombiano. Dung! Dung! — as duas últimas palavras aparentemente era como se dizia "não" no idioma dele — Não mexa com eles!