O filho avaro e ingrato,
Indiferente ao que seja vida,
Vendendo vai e barato
Sua Mãe querida!Dizei-me, o que leva um filho,
Sua Mãe, vender?
Dizei-me meu filho
Para que eu possa compreender!O filho vil e sem coração,
Vendendo vai a Mãe de seus irmãos.
Muitos dizem: ― Nem ligo...
Que sandice; que perigo!
Tornas-te tanto culpado
Quanto teu irmão bastardo.Protegeis tua criadora ―
Tua Mãe benfeitora.
Não deixais que a machuquem:
― Irmãos meus ― se eduquem!O infante desalmado,
Aos pedaços a Mãe vende:
O comprador se faz desconfiado,
Pergunta, investiga, mas se rende ―
Compra parte daquela
Que sede Mãe sua também.Que horror para ela
Ver seus filhos em conluio para um bem
Comum deles próprios.
Grandiosíssimos pacóvios!Não bastasse a Mãe mutilar
(O filho insano e covarde),
Nas suas feridas que ardem,
Continua sua Mãe a machucar:Esta com dor, geme!
Pede-lhe piedade; treme.
Bastardo filho inútil,
Acabar com a Mãe por motivo fútil!E vai expirando a Mãe amada,
Pouco a pouco, debilitada!
E em seu expirar vai levando
Seus amados rebentos
Para dentro de si, ao seu convento.
E aos poucos todos vamos expirando...O filho? Perguntai-me vós?
Mas acaso sabem que o filho é?
Sentai caso estejam de pé:
O filho somos Nós!
Que devastando vamos a beleza
De nossa Mãe, a Natureza!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pétalas Cadentes
PoezjaO sentimento de um mundo devastado por suas violências. Embora escrito em 2016 - ano que houve grande repercussão acerca da imigração e dos refugiados de guerra - há poesias que abordam temas, por assim dizer, mais antigos, e, paradoxalmente, tão a...