No céu, um sol abrasador e pungente.
Na terra, um chão seco, árido e ardente.
Tão poucas sombras em que se possa proteger.
Tantas as pessoas a quererem algo para se beber.
Um belo e grande rio ― esse já não existe mais.
Onde água existia, prevalecem hoje lamaçais.
O verde que se via abundante por aqui outrora,
Rareou, transformando-se em cor seca agora.
Há uma poça de água suja em que dela bebem;
É imunda e perigosa, mas é o que conseguem.
São mártires sabe se lá do quê meu Deus!
E olham já sem saber o porquê para os céus:
Esperam a chuva? a piedade divina? a morte?
A compaixão humana que lhes reverta sua sorte?
Nem mesmo elas sabem, mas olham absortas
Como se olhassem a Almas boas ou Almas tortas.
Talvez estejam realmente olhando para elas
E lhes pedindo silenciosamente que cuide delas.
Enquanto isso, o sol, calmamente atenua seu calor,
E baixando vai, até finalmente, no horizonte se pôr.
São bravas sobreviventes de mais um duro dia!
Talvez ― Foi-se o sol que deveras lhes pungia,
Mas ainda ficaram-se as dificuldades e as dores ―
Não há ainda água para se beber pelos arredores!
Enquanto lhes é permitido viver sua pobre vida,
Dançam ao redor da fogueira ali acessa, divertidas.
Com um rico sorriso no rosto, sorriem esquecidas
Das mazelas que todos os dias têm as afligidas.
E as crianças,
Sem terem do que mais brincar, dormem.
E os homens,
Sem terem do que mais falar, dormem.
E as mulheres,
Sem terem o que mais fazer, dormem.
E o poeta,
Sem ter o que mais escrever, também dorme.
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Pétalas Cadentes
PoesíaO sentimento de um mundo devastado por suas violências. Embora escrito em 2016 - ano que houve grande repercussão acerca da imigração e dos refugiados de guerra - há poesias que abordam temas, por assim dizer, mais antigos, e, paradoxalmente, tão a...