Ó Mar, ó Mar!
Intranquilo, estás.
O que te atormenta
Que o faz irar:A guerra, a dor, a fome?
O homem em desordem?
Eu te compreendo mas,
Controlai vossa tormenta.
Escutai: vidas em ti, gemendo!Ó Mar!
Deixa-las atravessar!
Deixa-las alcançar
Terra firme!
Não as desanime!Deixai-las seguras, na terra!
Livrai-las da guerra
Que as enclausura!
Dar-lhes esperança
De uma vida futura,
Pois sanam ainda suas feridas;
E muitos a única fortuna
Que possuem sede uma aliança
Com Alá, ó Mar!Sossegas, não serdes egoísta!
Alerta, me ouvistes?
Acaso lhe apraz
Corpos jazendo em ti, em paz?Desculpai-me ó Mar
Por contigo gritar!
Sou homem e como tal,
Precisava alguém culpar
Senão a nós mesmos
Pelos nossos próprios erros;Misto do choque social
De vidas em ti se perdendo:
― Uma dor que me dói
E corrói sem estar doendo!
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Pétalas Cadentes
PoesíaO sentimento de um mundo devastado por suas violências. Embora escrito em 2016 - ano que houve grande repercussão acerca da imigração e dos refugiados de guerra - há poesias que abordam temas, por assim dizer, mais antigos, e, paradoxalmente, tão a...