Demo-nos as mãos!
Mas as mãos estão ocupadas
Com a árdua lida, muitas vezes
Cortadas e transformadas em máquina!
Saudemo-nos!
Mas o tempo é muito curto para isso;
É preciso prosseguir, sempre em frente;
E a polidez talvez não nos seja recíproca!
Cantemos!
Mas há o enfado até para a música;
Nossos ouvidos estão feridos e poluídos;
E o canto é incongruente e cacofônico!
Sonhemos!
Mas os sonhos saíram consternados
Com os nossos problemas e angústias;
E dormimos pouco, muito pouco!
Abracemo-nos!
Mas há tempo nos distanciamos;
Há tempo ficamos sem tempo;
E já não mais sabemos abraçar!
Beijemo-nos!
Mas há sequidão em nossa boca,
De palavras ditas superfluamente;
E sem mais gostos para beijos!
Respeitemo-nos!
Mas aprendemos com a religião,
Com a política, com a ciência... o que
É correto; e não admitimos erros!
Amemos!
Mas o amor se dissipou do mundo,
Dos dicionários; fugiu com medo
E levou a paz juntamente consigo!
Então suspiremos...
Com toda a nossa indiferença!
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Pétalas Cadentes
PoetryO sentimento de um mundo devastado por suas violências. Embora escrito em 2016 - ano que houve grande repercussão acerca da imigração e dos refugiados de guerra - há poesias que abordam temas, por assim dizer, mais antigos, e, paradoxalmente, tão a...