Há um incêndio ―
Um espetáculo
Tão banal,
Tão cotidiano!Não há ninguém ali;
Nenhum gemido,
Nenhum pedido de socorro,
Nenhum hálito da Natureza.
Adeus poesia!As chamas queimam quietas,
Sem vida alguma; ignorantes!
Sem entusiasmo ardem,
Ou melhor, queimam.
Adeus poesia!Não era nenhum casarão antigo,
Nem prédio suntuoso ou
Algum hotel de luxo.Não era casa, casebre.
Não era sequer lugar
Infestado de ratos
Ou baratas,
Ou horrores;
Ou lugar mesmo.
Adeus poesia!Adeus poesia,
Pesa-me escrever
O que me foge a compreensão.Pesa-me como uma rocha
Sobre minhas costas,
Que vai esmagando minhas costelas
E me deixando sem ar e sem vida.Adeus poesia!
Adeus incêndio
Algures utópico!
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Pétalas Cadentes
PoetryO sentimento de um mundo devastado por suas violências. Embora escrito em 2016 - ano que houve grande repercussão acerca da imigração e dos refugiados de guerra - há poesias que abordam temas, por assim dizer, mais antigos, e, paradoxalmente, tão a...