O gato, ignaro, o seu instinto seguindo,
Na gaiola de pássaro, lá se foi subindo.
O cão, abandonado, de fome tremendo,
No lixo, atrás de comida foi remexendo.Pobre e inocente gato! Pobre ser alado ―
A gaiola treme e está de toda vazia agora.
O lixo da Dona Sicrana todo está espalhado ―
Pobre cão ingênuo e ávido que nas ruas mora!A noite já tão turva ainda mais se escurece
Ante a covardia e a dor que nela acontece:
Ouvem-se tristes latidos e miados; gemidosDos dois pobres e miseráveis animais pungidos.
A lua brilha. E cobrindo vai com cuidado o sereno,
Os corpos dos mortos por vil e premeditado veneno.
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Pétalas Cadentes
PoesiaO sentimento de um mundo devastado por suas violências. Embora escrito em 2016 - ano que houve grande repercussão acerca da imigração e dos refugiados de guerra - há poesias que abordam temas, por assim dizer, mais antigos, e, paradoxalmente, tão a...