Pão de Quimera

6 0 0
                                    

A pequena criança,
Cabisbaixa, abaixa
Suas pequenas mãos
Para abaixo do seu coração,
Das suas costelas salientes ―

Cruza sobre o ventre cheio
De um vazio agonizante
Suas mãozinhas magras,
Trêmulas, doentes, cardas!

Seus olhos famintos parecem
Querer saltar-lhe da face
Em fase à lúgubre situação;

Enormes e silentes
Pedem urgentes
Por piedade e comiseração.
Pedem por sua vida
Algo para mantê-la:
Pedem comida!

Tão pálida!
Tão ávida de algo comer!
Tão cálida, a esmorecer!

Vê; sente um vento, arrepio,
Passar por ela o deus sombrio:
Traz de longas eras,
De longas léguas para ela
Um saboroso Pão de quimera:

Come-o, mas já sem fome!
Agora a pequena criança
Descansa, e, em paz, dorme.

Pétalas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora