Cores

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I

Neste mundo
Tão colorido de amores;
Neste mundo
Tão distinto de cores,

Mas cercado
Este mundo de horrores,
São, desarmoniosas
Distribuídas as cores!

II

Predomina o tom Cinza
Nas ruas, nos prédios, nas casas,
No céu, no peito; até na imaginação.
Há muito Encarnado
Vertendo dos olhos iracundos,
E também de corpos já jazidos.

Centelhas e fagulhas de um Verde
De outrora e um pouco agora desse
Já não tão imenso verde.
Um molhado Azul
Aos poucos sendo escasseado.
Um Cerúleo
Já não mais tão cerúleo assim.

Dourado também há
― Essa cor rica e fúlgida ―,
Porém ridicularmente
Distribuída e utilizada.
Há o cardo Marrom
Execrado por intermédio
De ações levianas, vis;
De palavras demagogas.

Púrpura falaz há em todos
Os cantos e credos;
Mas há a benigna e
Filantropa Púrpura também.
Uma nesga da cor de Sofia
Existe ainda ― Roxa ―, porém
Presente na puerilidade e insciência.

Há o Preto, essa cor obscura,
Marcante e austera,
Silenciando o dia,
Suscitando o sono profundo.
Pouco de alvura,
Encontrada muitas vezes no ermo,
No silêncio, na concentração
E nos sonhos lúcidos.

III

Mas o mundo está se descolorindo!
As cores deste quadro belo
― O Mundo ― vão se sumindo.
Perdendo vamos nosso anelo.

E pouco nós sabemos o repintarmos.
Muito entusiasmo nos falta
Para com isso nos importarmos.
Poucas cores para muitas faltas!

Vamos manter as parcas esperanças!
Deixar colorir o mundo as crianças
À sua maneira, com suas várias cores;
Tirar o tom cinza e dar vida às flores!

Vamos deixa-las esse mundo reinventar!
Elas é que conhecem a Arte de pintar
As coisas com amor e com vivacidade:
Grandes as crianças não só de pouca idade!

Pétalas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora