CAPITULO 5

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Eu não vi Luca o resto do dia, mamadi ficou agarrada em Sakura, e eu evitava olhar para os meus familiares. Deva notou, ela me observava, e então se levantou e caminhou em minha direção.

– Maya – chamou – tchalô, vamos conversar.

Me levantei e a segui. Ela ia em direção às dunas, de onde eu acabara de voltar.

– Sakura, fez o mesmo com você?

– Sim! – digo, e seus grandes olhos verdes me encaram.

– Até quando baldi aceitará esse tipo de atitude, Maya. Nossa família está perdendo os eixos.

– Eu nunca agi dessa forma, Deva. Mamadi a proteje o tempo todo. Você tem sorte por estar longe daqui! – digo com uma pitada de decepção – Eu vivia cega, se alguma de nós fizesse isso...

– Baguan Kelie, – Deva gargalha – iríamos para rua, com certeza. Mas agora, é sua vez de partir e para longe!

– Contra gosto!

Caminhamos de volta para casa, onde fomos juntas até o jardim que havia ali próximo à entrada de nossos quartos. Já estávamos distantes das dunas.

Eu me virei, dando as costas para a casa e o jardim. Observando aquele enorme mar de areia.

– Eu juro, Deva, se tudo der errado. Eu vou fugir!

Minha irmã me olhou com um pequeno sorriso. Mahara logo se aproximou, e se juntou a nós.

Eu não toquei mais no assunto, e aproveitei o tempo que me restava ao lado de minhas irmãs.

O que não imaginava era que duraria menos tempo, ao ver uma mulher loira de uma beleza estonteante se aproximar.

– Maya?

– Sim? – respondi.

Ela deu um gritinho e me abraçou apertado.

– Oi cunhadinha! – ela diz me apertando em seus braços.

Sorrio, e retribuo de leve.

Preciso me acostumar com essas demonstrações, ou formas de cumprimento.

– Estive tão ansiosa para conhecê-la, meu nome é Gabriela. Sou irmã de Luca!

– É um prazer em conhecê-la, Gabriela! – digo, e dou um sorriso sincero.

– Estou tão ansiosa para te ajudar a entrar no mundo italiano, mas a cultura de vocês é tão perfeita que eu tenho a ideia perfeita pra você! – ela diz – Hoje pela noite, quando formos partir...

A interrompo.

– Hoje?

– Sim! – ela diz entusiasmada – Vai ser perfeito, você será uma irmã para mim. Grazie a Dio! Eu não aguentava mais viver em uma família masculina.

Família masculina?

Arqueio a sobrancelha.

– Estou te assustando?

– Nós iremos hoje para a Itália? – ela faz que sim com a cabeça.

Eu encaro minhas irmãs.

– Are baba! Minha vida está se tornando um verdadeiro desastre – murmuro, e os olhos atentos de Gabriela me encaram.

– Maya, está tudo bem?

Nego.

– Tudo pelas minhas costas!

Caminho em passos longos em direção à sala. Eu procurava por mamadi, e baldi. Mamadi já reconhecendo me repreendeu com um olhar, ou apenas tentou.

– Quando me contariam que eu iria hoje para a Itália?

– Maya...– mamadi repreende.

– O que é, mama? Você vão me tratar de forma inconsequente até quando?

Nós estávamos sozinhos, mamadi suspirou acompanhada de baldi.

– Essa decisão coube ao seu esposo, Maya. As escolhas não são mais nossas. Você é propriedade dele agora!

– Eu não sou propriedade de ninguém! Eu os amo, mas deviam procurar saber minha opinião antes de decidirem algo por mim!

– Maya...– ouço Layla me chamar, e eu me viro para encara-la – Suas malas estão prontas, coloquei o máximo que eu pude.

– Fiquei encantada com as suas roupas! – diz Gabriela brotando atrás de Layla.

– Obrigada...– murmuro, e encaro Layla com tristeza.

Eu não quero ter que deixá-la.

– Promete que irá me visitar? – pergunto a Layla e ela afirma animada.

– Eu prometo, com toda certeza.

– Maya...– ouço uma voz masculina me chamar, e eu encaro Luca – Partiremos daqui 30 minutos.

Afirmo, e acompanho meus pais até seu quarto. Eles me encaram, e soltam um suspiro.

– Prometa que vai se cuidar, e qualquer coisa errada vai me comunicar? – franzo o cenho – Maya, isso é sério! A família de Luca se trata de uma coisa que você nunca ouviu, promete que me comunicara?

– Sim, prometo baldi!

Ele me abraça, e mamadi faz o mesmo.

– Cuide Mahara! – peço – Não deixem que Sakura atrapalhe a vida dela, eu não estarei aqui para defendê-la.

– As atitudes de Sakura não serão mais admitidas, ela tem nos dado muito trabalho!

– Sei...

Me despedi de meus pais, e fui atrás de Mahara. Me despedi a contra gosto, todos notavam a tristeza estampada na minha cara.

O caminho para o aeroporto foi o mais solitário possível. Fui em um carro separado da família, e durante o voo também. Luca com sua família havia embarcado em um jato particular, onde afirmaram não ter espaço para mim.

Eu estava sozinha, e essa era a verdade.

Eles deixaram um homem todo de preto e terno para andar atrás de mim como garantia de que eu não iria fugir.

No avião, eu sentia medo. Eu nunca havia andado de avião antes, e o medo que eu sentia era sufocante.

Durante a viagem foi um martírio, e eu não tinha a quem recorrer.

Foi a viagem mais longa que eu já fiz na vida.

Na madrugada, eu me pegava chorando baixinho por fraqueza. Eu não posso me dar um luxo de ser fraca, eu preciso ser empoderada.

Logo após 8 horas e alguns minutos infernais, eu embarquei. O segurança me guiou, e me ajudou com as malas.

Agradeci a gentileza.

Meu rosto tapado pelo sari, minhas roupas, pareciam ser algo atrativo. Todos me encaram curiosos, e eu não gostava. Será que é por mera curiosidade, ou desdenho?

– Senhora Vitale...– quem é senhora Vitale?

Droga, sou eu.

– Sim? – respondo.

– A famiglia não virá buscá-la, iremos de carro! – apenas afirmo – E ficaremos em um apartamento separado por essa noite até que eles preparem a casa para recebê-la.

Apenas concordei.

Apartamento?

O que eu não imaginava, e que eu passaria ali mais que um dia.

E eu simplesmente não entendia o que estava acontecendo, eu não tinha por onde correr.

A pequena casa, e totalmente estranha por mim era pequena. Eu não havia nenhum tipo de comunicação.

Já se passava três dias que eu estava trancada ali, sozinha, sem comunicação alguma com qualquer tipo de pessoa.

Isso estava perturbando a minha mente.

Eu havia sido abandonada?

PROMETIDA AO MAFIOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora