CAPITULO 18

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O momento dos meus pais chegarem chegou, e eu estava em meu quarto. Me arrumava para recebê-los.

O look azul contrastava com os meus olhos. A maquiagem simples, também dava uma maior atenção a eles.

Calcei os meus saltos, conferi minha aparência no espelho mais uma vez e sorri. Pela primeira vez em muitos dias, eu estava feliz.

Deslizei as mãos pelo meu longo cabelo, e caminhei em direção a porta, uma voz conhecida me fez parar antes que eu pudesse abrir a porta.

– Eu já falei que não quero que você venha até aqui! – diz Luca, raivoso.

– Eu não me importo com essa piranha indiana que você arrumou! – diz Regina, e eu encosto a testa na porta para continuar ouvindo – Eu queria ver você, senti saudades.

– Você já viu, Regina! Agora vá embora! Essa é a casa da minha esposa, e aqui você deve respeito a ela.

– Podemos nos esconder, não ficaria delicioso? – ela diz, e eu engulo seco ao silêncio que se formou.

– Regin...– eu ouvi um estalar, e deduzi que um selinho havia sido dado – Por favor, saia daqui. Eu também a desejo, Regina, não consigo me controlar perto de você minha loirinha, mas meus sogros já devem estar chegando e...

– Luca? – ouço uma voz, totalmente conhecida por mim.

Era Deva, minha irmã.

– O que está acontecendo aqui? – ouço a voz do meu baldi esbravejar no corredor.

Eu suspiro, e abro a porta do meu quarto lentamente. A vergonha que eu sentia, não estava escrita. Primeiro, eu encarei Luca e Regina, que estava assustada. Encarei Luca com total desgosto.

– Maya...– me chama.

Eu o encaro sem coragem, as lágrimas já faziam questão de estarem presentes.

– Baldi – minha voz sai em um fino, rouca e fraca.

– O que está acontecendo aqui? Arebabaguandi! – ele diz, e eu caminho em sua direção.

Seus braços me rodeiam, eu me sinto protegida. A menininha do papai.

– Ele estava a beijando, baldi! – diz Deva – Na frente do quarto de Maya.

– Arebaba! – diz mamadi, sua voz era alta e clara – Como permitiu essa falta de respeito, Maya? Você é filha de um homem poderoso, você é uma mulher poderosa, como se rebaixou assim?

– Eu não... não tive culpa, mamadi! – digo, e a encaro.

Seus olhos traziam uma decepção.

– Você não foi suficiente em um casamento, Maya. Isso é uma maldição! – ela diz, e se aproxima – Você é uma manglik! Deve voltar para a Índia, e passar pela Kumbh Vivah.

*Kumbh Vivah – É um ritual onde uma pessoa que tem o casamento condenado ao fracasso volta para casa, e é obrigada a se casar com um animal ou vegetal para se livrar da maldição.

– Eu não permito que você permaneça nesse tipo de relacionamento, princesa! – diz baldi, e eu o encaro – Quero que me conte exatamente tudo, desde o dia em que colocou os pés aqui.

– Maya...– Luca tenta intervir – Você não pode ir embora!

— Só abra a boca pra me dizer algo se suas palavras forem melhores que o teu silêncio! – murmuro, e me viro para encara-lo – Eu tentei Luca, você me manteve trancada em uma casa por uma semana, eu vi você na cama com a sua amante, essa kutta, você me derrubou no chão, e na primeira oportunidade tentou me enforcar! – digo, tentando não transparecer a decepção que tocava meu peito – Você me destruiu, e depois me deu uma casa, pra tentar se redimir e querer fazer diferente, você me humilhou na frente da minha família.

– Ulucapata! – esbraveja baldi – Eu não suporto estar mais um segundo aqui!

– Atchá... Eu também não, baldi! – sussurro entre lágrimas – Eu o amei, mas agora, eu prefiro viver uma vida amarrada a maldição do que viver desta forma com você!

Mahadeva! – "Deus supremo". Diz mamadi, levando as mãos até a cabeça – Chamarei alguém para arrumar suas coisas.

– Nahin! – digo – Queime-as! Eu não quero nada desse lugar!

– Maya, não faça isso! Eu estou disposto a mudar.

– Não te faltou chances para isso, Luca.

– Tchalô! Não se humilhe mais! Sua mãe já disse, você é uma mulher de poder, Maya! Os homens anseiam estar com você, sempre te trataram como uma deusa, eu jamais permitiria tamanha humilhação a você, princesa!

– Vamos embora, Didi! – chamou Deva, me segurando pelo braço e me tirando dali.

A família de Luca estava reunida, sentados na sala chique da minha antiga casa chique.

Antes que eu pudesse dizer algo, mamadi e Deva me puxaram para fora de casa. Meu pai ficou, daria o famoso discurso da pobre filha amaldiçoada que caiu nas mãos de um amor errado.

Na porta de entrada, eu olhei para trás. Luca descia as escadas rapidamente. Eu o amava. Ele me encarou, com desespero no olhar. Eu o encarei, com a decepção evidente. Já é tarde, Luca.

Ele tentou vir em minha direção, baldi o impediu. Ele tentou! Mas já é tarde, Luca.

Mamadi me enfiou dentro do carro de um dos seguranças, Deva me abraçou.

– Vai ficar tudo bem, Didi!

– Onde está seu esposo? – questionei ao ver que estava sozinha.

– Estou casada com um brócolis, Maya! – ela diz, e gargalha – Baldi me tirou daquele lugar logo após Ahmed tentar me atingir com um balde de ácido! – ela levou as mangas da blusa me mostrando o braço – Foi horrível, estou bem melhor assim, você também vai ficar!

– Eu vou, vou sim! – deitei minha cabeça em seu ombro, e apoiei minha mão sob o seu braço.

Fiz um breve carinho.

Eu queria estar lá para ajudar a cuidar de minha irmã, mas eu estava aqui. Vivendo meu inferno pessoal!

– Queria saber o que está acontecendo lá dentro...– murmurei – Baldi está demorando.

– Isso não a pertence mais, Maya! – diz mamadi – Você vai encontrar um amor que a faça viver intensamente, e que tudo valerá a pena. Você, e Deva!

– Por que Sakura não está aqui? – pergunto.

– Ela foi expulsa, Maya! – diz Deva.

O silêncio reinou nesse momento, o clima ficou pesado e eu me sentia sufocada. Eu não sabia o que dizer, não sabia o que pensar. Sakura sempre foi uma mulher difícil de lidar, mas mamadi sempre havia um apego especial a ela.

– Ela matou o noivo de Layla! – diz mamadi.

O susto e o pavor tomou conta de meu corpo. Encarei mamadi, e eu vi uma tristeza profunda em seu olhar.

– Eu não sei o que está acontecendo com a nossa família, minhas filhas amaldiçoadas, uma filha assassina. Pelo menos, deram certo para os meninos!

Eu a entendia. Ela estava decepcionado.

Ela sempre foi muito boa para a família, sempre nos criou com muito amor, e esperava receber coisas boas em troca. Mas a vida nunca supera as nossas expectativas, pelo menos não para as mulheres da família Ebrahim. Sempre fadadas a decepção, e ao sofrimento.

Baldi voltou, e correu para o carro acompanhado dos seguranças. Ele suspirou ao de sentar no banco da frente, e nos encarou.

– A partir de hoje, minhas filhas não serão prometidas a homem algum. Vocês serão grandes mulheres, tomarão conta da nossa empresa, e jamais dependerão de qualquer apego emocional para serem felizes. Eu não aguento mais ver o sofrimento na vida de vocês!

PROMETIDA AO MAFIOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora