CAPITULO 30

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Após um tempo em silêncio, eu sentia os olhares da psiquiatra sobre mim.

– Você precisa conversar, precisa conversar comigo pra eu poder te ajudar e você se ajudar.

Solto um longo suspiro.

– Acha que isso é frescura?

– Eu vejo que você precisa de ajuda. Não é todo dia, não é algo comum o que aconteceu com você, e é normal sentir medo e se sentir assustada.

– Pensar em sair daqui, me causa um pânico...– fecho os olhos e suspiro – imenso! Eu sonho com isso todas as noites, a imagem dos olhos frios e distantes não saem da minha mente. É como se eu ainda sentisse, a sensação de sufoco não me abandona.

Ela afirma, e digita algo em seu notebook que estava sob o seu colo, ela estava sentada à minha frente e me analisava.

– Algum pensamento negativo? – pergunta.

– Não mais. No início, imaginei que teria sido melhor se ele...– pauso – Eu não passaria por isso, e não viveria com medo. Mas agora eu penso em como deixaram Luca chegar a esse ponto.

Ela conversa um pouco mais comigo, onde eu tento explicar com mais clareza os sentimentos e as coisas nas quais eu andava sentindo fisicamente.

E então ela me "diagnosticou" com transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), um tipo de distúrbio de ansiedade caracterizado por sinais psíquicos, emocionais e físicos.. Não há questionei.

– Pessoas que passam por grandes traumas podem desenvolver isso futuramente ou de forma abrupta como você, você apresenta sinais claros. Como os sentimentos negativos, os sentimentos de impotência e incapacidade em se proteger do perigo, você teve um distanciamento emocional, se isolou, e passa pela reexperiência traumática. Vou te indicar uma terapeuta, e você fará uso de alguns medicamentos. Tudo bem?

Afirmo.

– Se esforce, e se cuide, você não tem noção da força que tem! – ela diz enquanto segura a minha mãe – Continue ajudando mulheres a se reerguerem. Eu sempre leio uma frase: Vocês não sabem que não há nada mais forte que uma mulher destruída que se reconstruiu.

– Obrigada! – sussurro, deixando uma lágrima escorrer.

A seco rapidamente com a palma da minha mão. Ela prescreve os medicamentos e entrega para Deva, que rapidamente se prontifica a ir buscar os medicamentos.

– Posso te fazer companhia? – pergunta a médica, e eu apenas afirmo.

Ela não disse nada, apenas ficou ao meu lado. E de certa forma, sua presença, sua energia era positiva, algo bom, e era como se drenasse todas as coisas ruins que haviam em mim.

Eu fechei os meus olhos, e puxei o ar com força. Tombei minha cabeça para trás e deixei que a mesma se encostasse na cabeceira da cama. Eu respirava lentamente, e tentava esvaziar a minha mente. E assim, comecei a murmurar uma música árabe, que mamadi sempre cantava para mim.

Pela primeira vez, eu tentaria afastar essa sensação ruim.

Senti uma mão tocar o meu pé, o que me fez com que eu me assustasse e encolhesse as minhas pernas. Deva me encarava um pouco temerosa, a médica me encarava e eu suspirei.

– Me perdoem, me distrai!

– Seu remédio! – Deva me entregou os comprimidos com um sorriso amarelo.

Estendi a mão para que ela jogasse os comprimidos, e com a outra peguei o copo. Eu os engoli rapidamente com um copo d'água.

– No caminho, marquei uma terapeuta. Por agora, e por recomendações médicas, ela virá até aqui! – afirmo, e sorrio.

– Obrigada, didi!

– Didi? – questiona a médica.

– Significa, irmã! – digo, e sorrio para Deva.

– O que acha de me ensinarem um pouco sobre o idioma de vocês?

– Se importaria, Maya?

Nego e sorrio.

– Seria ótimo poder me distrair um pouco, firanghi!

– O que? – questiona franzindo o cenho – Parece um xingamento.

Gargalho, e ela me observa de forma curiosa.

Nahin, significa estrangeira!

Ela sibila, e Deva sorri.

– Deixe que eu a ensino xingar! – diz Deva com um sorriso sapeca, e eu reviro os olhos prendendo o sorriso.

E o dia passou dessa forma, falar do lugar de onde eu vim foi como se um calmante, uma sensação de tranquilidade me invadisse.

Falamos sobre cultura, sobre musicas e sobre todos os dialetos, que arrancaram sorriso da psiquiatra. Eu não sabia qual era o seu nome, mas uma hora eu descobriria qual era. Após o jantar, Deva me entregou os medicamentos para a noite como se eu fosse uma criança frágil, e logo após, eu não era capaz de sentir ou distinguir sentimentos ruins.

Na manhã seguinte, eu sentia meu corpo mole. O remédio me amolecia, e me fazia querer dormir. Eu ouvia Deva falar com alguém, mas não conseguia identificar quem era a segunda pessoa que estava ali. Minha boca estava seca, e eu jurava que dormiria novamente.

– Ela não precisa saber sobre isso agora! – diz Deva de forma ríspida.

– Deva, Maya gostaria de saber! – diz a mulher, a qual eu não sei quem é.

Levo minha mão até o criado mudo, a procura do copo d'água.

– Arebabaguandi, parem de opinar sobre o que vocês acham melhor para minha irmã! – diz Deva, se exaltando.

– Aqui, na Itália, ela ainda é casada com Luca! – como se um choque me afetasse, ouço o barulho do copo no qual eu procurava se quebrar em pedaços no chão.

A sensação de desespero havia me atingido de forma eu nunca havia sentido antes, o meu coração acelerou e  a qualquer momento eu sentia que seria sua última batida, e com o descontrole do meu sistema, uma falta de ar me atingiu com força.

O mundo girava.

Eu não posso, não pode existir a possibilidade de ainda estar casada com Luca.

Minhas vistas mais uma vez se escureciam, meu corpo se debatia sobre a cama, e eu podia ao fundo ouvir os gritos desesperados de Deva.



BOA NOITE AMORAS, CAPÍTULO PEQUENO HOJE, MAS ME PERDOEM! 💖

PROMETIDA AO MAFIOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora