Após um tempo em silêncio, eu sentia os olhares da psiquiatra sobre mim.– Você precisa conversar, precisa conversar comigo pra eu poder te ajudar e você se ajudar.
Solto um longo suspiro.
– Acha que isso é frescura?
– Eu vejo que você precisa de ajuda. Não é todo dia, não é algo comum o que aconteceu com você, e é normal sentir medo e se sentir assustada.
– Pensar em sair daqui, me causa um pânico...– fecho os olhos e suspiro – imenso! Eu sonho com isso todas as noites, a imagem dos olhos frios e distantes não saem da minha mente. É como se eu ainda sentisse, a sensação de sufoco não me abandona.
Ela afirma, e digita algo em seu notebook que estava sob o seu colo, ela estava sentada à minha frente e me analisava.
– Algum pensamento negativo? – pergunta.
– Não mais. No início, imaginei que teria sido melhor se ele...– pauso – Eu não passaria por isso, e não viveria com medo. Mas agora eu penso em como deixaram Luca chegar a esse ponto.
Ela conversa um pouco mais comigo, onde eu tento explicar com mais clareza os sentimentos e as coisas nas quais eu andava sentindo fisicamente.
E então ela me "diagnosticou" com transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), um tipo de distúrbio de ansiedade caracterizado por sinais psíquicos, emocionais e físicos.. Não há questionei.
– Pessoas que passam por grandes traumas podem desenvolver isso futuramente ou de forma abrupta como você, você apresenta sinais claros. Como os sentimentos negativos, os sentimentos de impotência e incapacidade em se proteger do perigo, você teve um distanciamento emocional, se isolou, e passa pela reexperiência traumática. Vou te indicar uma terapeuta, e você fará uso de alguns medicamentos. Tudo bem?
Afirmo.
– Se esforce, e se cuide, você não tem noção da força que tem! – ela diz enquanto segura a minha mãe – Continue ajudando mulheres a se reerguerem. Eu sempre leio uma frase: Vocês não sabem que não há nada mais forte que uma mulher destruída que se reconstruiu.
– Obrigada! – sussurro, deixando uma lágrima escorrer.
A seco rapidamente com a palma da minha mão. Ela prescreve os medicamentos e entrega para Deva, que rapidamente se prontifica a ir buscar os medicamentos.
– Posso te fazer companhia? – pergunta a médica, e eu apenas afirmo.
Ela não disse nada, apenas ficou ao meu lado. E de certa forma, sua presença, sua energia era positiva, algo bom, e era como se drenasse todas as coisas ruins que haviam em mim.
Eu fechei os meus olhos, e puxei o ar com força. Tombei minha cabeça para trás e deixei que a mesma se encostasse na cabeceira da cama. Eu respirava lentamente, e tentava esvaziar a minha mente. E assim, comecei a murmurar uma música árabe, que mamadi sempre cantava para mim.
Pela primeira vez, eu tentaria afastar essa sensação ruim.
Senti uma mão tocar o meu pé, o que me fez com que eu me assustasse e encolhesse as minhas pernas. Deva me encarava um pouco temerosa, a médica me encarava e eu suspirei.
– Me perdoem, me distrai!
– Seu remédio! – Deva me entregou os comprimidos com um sorriso amarelo.
Estendi a mão para que ela jogasse os comprimidos, e com a outra peguei o copo. Eu os engoli rapidamente com um copo d'água.
– No caminho, marquei uma terapeuta. Por agora, e por recomendações médicas, ela virá até aqui! – afirmo, e sorrio.
– Obrigada, didi!
– Didi? – questiona a médica.
– Significa, irmã! – digo, e sorrio para Deva.
– O que acha de me ensinarem um pouco sobre o idioma de vocês?
– Se importaria, Maya?
Nego e sorrio.
– Seria ótimo poder me distrair um pouco, firanghi!
– O que? – questiona franzindo o cenho – Parece um xingamento.
Gargalho, e ela me observa de forma curiosa.
– Nahin, significa estrangeira!
Ela sibila, e Deva sorri.
– Deixe que eu a ensino xingar! – diz Deva com um sorriso sapeca, e eu reviro os olhos prendendo o sorriso.
E o dia passou dessa forma, falar do lugar de onde eu vim foi como se um calmante, uma sensação de tranquilidade me invadisse.
Falamos sobre cultura, sobre musicas e sobre todos os dialetos, que arrancaram sorriso da psiquiatra. Eu não sabia qual era o seu nome, mas uma hora eu descobriria qual era. Após o jantar, Deva me entregou os medicamentos para a noite como se eu fosse uma criança frágil, e logo após, eu não era capaz de sentir ou distinguir sentimentos ruins.
Na manhã seguinte, eu sentia meu corpo mole. O remédio me amolecia, e me fazia querer dormir. Eu ouvia Deva falar com alguém, mas não conseguia identificar quem era a segunda pessoa que estava ali. Minha boca estava seca, e eu jurava que dormiria novamente.
– Ela não precisa saber sobre isso agora! – diz Deva de forma ríspida.
– Deva, Maya gostaria de saber! – diz a mulher, a qual eu não sei quem é.
Levo minha mão até o criado mudo, a procura do copo d'água.
– Arebabaguandi, parem de opinar sobre o que vocês acham melhor para minha irmã! – diz Deva, se exaltando.
– Aqui, na Itália, ela ainda é casada com Luca! – como se um choque me afetasse, ouço o barulho do copo no qual eu procurava se quebrar em pedaços no chão.
A sensação de desespero havia me atingido de forma eu nunca havia sentido antes, o meu coração acelerou e a qualquer momento eu sentia que seria sua última batida, e com o descontrole do meu sistema, uma falta de ar me atingiu com força.
O mundo girava.
Eu não posso, não pode existir a possibilidade de ainda estar casada com Luca.
Minhas vistas mais uma vez se escureciam, meu corpo se debatia sobre a cama, e eu podia ao fundo ouvir os gritos desesperados de Deva.
BOA NOITE AMORAS, CAPÍTULO PEQUENO HOJE, MAS ME PERDOEM! 💖
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PROMETIDA AO MAFIOSO
RomanceSINOPSE: Maya Ebrahim, nascida e criada rigorosamente dentro da cultura indiana, e muita das vezes "burlava" a regra por ser contra os antigos costumes. Sua família era uma família de posse, uma família rica, e conhecida na região. O Sheik Bassan a...