– Está tudo bem, menina, você sofreu uma intoxicação com o medicamento tomado unindo com o pico de estresse, o que te levou a ter uma convulsão – franzo o cenho – Já contatamos a sua psiquiatra, e logo ela estará aqui.
Afirmo, e encaro Deva.
– Pode começar a falar, por favor? – digo de forma ríspida.
– Maya, você não pode se estressar! – ela diz.
– Eu já estou no hospital, Deva! – rebato – Tem como piorar?
Ela suspira.
– Luca foi diagnosticado com psicose, e o médico exige um acompanhamento da esposa, principalmente por ele passar maior parte do tempo te chamando.
– Isso está ficando cada vez pior.
– Alessandra foi nos avisar, e pediu que não pedisse divórcio agora, Luca está passando por alucinações terríveis, foi o que levou ele a ter aquela atitude com você. Ele está se medicando, o nível de psicose dele é bem alto, mas ele tem chamado você e vem tendo surtos pela sua falta.
– Não me diga...– murmuro, e levo a mão até a minha têmpora após sentir uma pequena dor de cabeça – Vou pensar em algo.
Controlo a pequena pontada de desespero que apertava meu peito, e me fazia querer chorar. Só de pensar em estar perto dele, eu sentia medo, será que tentaria algo? Será que eu poderia ajudá-lo nesse momento? Eu sentia medo.
– Maya, está tudo bem? – pergunta a psiquiatra entrando no quarto.
– Sinto que vou enlouquecer...– minha voz sai falhada.
A médica me prescreveu novos medicamentos e explicou o possível motivo de tudo ter ocorrido. Eu apenas suspirei, e afirmei.
– Não sei se preciso disso. – digo – Não tem como ser um calmante?
Ela suspira, e nega.
– Soube do que aconteceu! – ela diz, e eu reviro os olhos – Você está confortável com a situação?
Nego.
– Mas seria desumano...– digo apenas.
O dia se passava de forma lenta, a terapeuta veio até o hospital e eu desabafei. Falei sobre tudo que eu senti, desde o primeiro dia em que vi o Luca e fui obrigada a me casar com ele.
– Eu ainda não consigo acreditar que eu não entrei em um processo judicial para a separação.
Deva sorri.
– Talaq, talaq talaq...– diz Deva, e eu suspiro.
O "triplo talaq" era utilizado sob o qual um homem pode se divorciar pronunciando três vezes a palavra "talaq", que significa "divórcio" em árabe, na presença de sua esposa. Sendo proibida essa lei, hoje passamos por um processo judicial, acabando com a era do divórcio instantâneo.
– Preciso que fale com baldi, assim que Luca estiver estável, vou entregar os papeis do divórcio.
– Mamadi e ele estão vindo para cá.
– Desde quando?
– Desde que se isolou, buscaram uma casa, segura, e vão nos tirar do quarto de hotel. Eles ficaram preocupados.
Apenas concordo.
Deva passou a noite no hospital comigo, e hoje pela manhã eu receberia alta. Me surpreendi ao ver que Teodoro estava na recepção, acompanhado de meus pais que sem pestanejar vieram me abraçar.
E depois cumprimente Teodoro.
– Ficamos preocupados com você, Maya! Arababaguandi, quando soube...– interrompo mamadi.
– Está tudo bem agora! – digo segurando sua mão.
– Trouxe uma erva divina para acalmar os ânimos! – sorrio, e a agradeço.
– Chukriá! – agradeço – Baldi...– ele toca o topo da minha cabeça, e abre um sorriso dócil – Deva falou sobre o advogado?
Ela afirma.
– Podemos conversar sobre isso depois? Gostaria de saber como você está. Vamos almoçar.
– Venha conosco, djan! – "querido". Disse mamadi.
– Está tudo bem, depois eu passo para vê-la! – diz Teodoro, e sorri de forma encantadora – Vejo você mais tarde, Maya?
Afirmo.
– Te enviamos o novo endereço! – diz Deva.
– Seremos eternamente gratos a sua família que acolheu nossas filhas com tanto carinho em um momento tão frágil. Mas agora nós viemos para ensinar a esta família como é querer atacar com classe.
– Mamadi...– a repreendo.
– O que foi, Maya? Mostraremos a eles o que é ter casta! – diz mamadi – Até logo, Teodoro. Faremos um jantar especial e você está convidado por ter feito tanto por elas.
– Ele tirou Maya dos braços de Luca, mama! – diz Deva.
– Eu soube!
Me despeço de Teodoro com um abraço rápido, e acompanho meus pais até a saída do hotel. Mamadi falava o tempo todo, e sem parar. Dizia como queria sair para jantar com a família de Luca e ensiná-los bons modos. Deva e eu apenas segurávamos a risada.
– Nós, buscamos o melhor que a Itália poderia nos oferecer. Não queríamos diminuir o nível de lar.
– Eu bem que tentei um lar mais simples, mas... vocês conhecem a mamadi de vocês. Preparadas?
Deva afirma animada com a superficialidade, e eu sorrio. Mamadi sempre foi uma mulher elegante, e nunca economizou para deixar claro o poder que tem. Seu traje indiano, estava impecável. Os tons claros sempre a deixava assim.
O carro trilhava por um caminho totalmente desconhecido por nós, mas haviam mansões espalhadas por todos os cantos. Até que, o carro embicou em direção a uma garagem.
Realmente, mamadi não cairia o nível. Mamadi fez questão de que Deva e eu ficássemos com o quarto com vistas para a cidade. Era gigantesco.
– Quantas famílias ficarão aqui? – pergunto.
Mamadi sorri.
– Mama, não tem como habitar todos os cômodos desse lugar!
– Temos um cinema! – ela diz e bate palmas – Convidei a família de Luca para um almoço, amanhã, todos! Luca não poderá comparecer. Layla e o esposo virão amanhã, assim como os seus irmãos.
– Menos Sakura! – diz baldi.
Mamadi apresentou todos os novos empregados da casa, e eu fiquei surpresa com a mudança repentina para a Itália. Nunca imaginei.
– Mahara também se separou...– diz mamadi – Nossas mulheres são amaldiçoadas, sem sombra de dúvidas.
– Recente? – pergunto.
– A sim, ela está muito abalada. Mas não deixará de vir para cá, todos virão.
– Por isso uma casa tão grande! – diz baldi, abrindo um sorriso dócil – Ou tem para todos, ou não tem para nenhum!
– Hoje faremos um jantar para agradecer Teodoro, e logo pela manhã seus irmãos chegarão e no almoço, nos encontraremos com a família de Luca.
– Pra que isso? – questiono.
– Maya, nós devemos sempre manter os inimigos por perto!
– Mas não inimigos como os Vitale, Mamadi.
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PROMETIDA AO MAFIOSO
RomanceSINOPSE: Maya Ebrahim, nascida e criada rigorosamente dentro da cultura indiana, e muita das vezes "burlava" a regra por ser contra os antigos costumes. Sua família era uma família de posse, uma família rica, e conhecida na região. O Sheik Bassan a...