Eu sai o mais rápido que pude, e nas escadas para a sala de estar eu já podia ouvir a voz da Regina. Eu engoli seco e desci.
– Lucca, como foi capaz de fazer algo do tipo? Você abandonou a clínica, não comunicou a sua família e veio morar na casa dela? Justo ela?
– Regina...– Lucca falava com calma – Fale baixo, por favor.
– Eu não aguento mais viver na sombra dela, Lucca.
– O que faz aqui, Regina? – pergunto a encarando.
Ouço passos e vejo que Mahara estava no topo da escada. Eu dou uns passos em direção a Regina, não para ficar muito próxima. Aprendi a não confiar em pessoas nervosas demais. Nem todo mundo tem o mesmo autocontrole que você.
– O que eu faço aqui? Você devia fazer essa pergunta para si mesmo! – ela diz entre dentes, e eu juro que mais um pouco ela quebraria os dentes da boca – Eu que te pergunto, Maya, acha que é tão prepotente assim?
– Prepotente? – pergunto e cruzo os braços – O que te faz achar que pode fazer perguntas e me julgar?
– Você tirou o Lucca da clínica! Você barrou o pai dele de ir visita-lo – franzo o cenho e tombo minha cabeça para a esquerda analisando Regina – Giovani esta devastado com isso, Maya, antes de você ser esposa, Giovani já era o pai dele. Ele cuidou do Lucca quando você o abandonou. Eu cuidei!
– Que bonita sua preocupação com o Lucca, Regina! – havia algo de estranho nela, ela parecia diferente. Fisicamente.
– Você acha que pode desaparecer e voltar como se tudo estivesse em seu devido lugar? – ela grita – Lucca precisava ficar naquela clínica, ele estava protegido...– ela bufa, e bate nas coxas.
Arqueio minha sobrancelha, e um frio na barriga me atingiu. O que aquilo queria dizer?
– Maya...– ela dá um passos a minha direção, e eu dou um passo para trás – Você não entende, você não pode ficar com o Lucca. Ele é meu! Eu tenho medo do que possa acontecer com ele.
Ela dizia tudo em meio a lágrimas.
– Já chega, Regina – diz Lucca.
– Tem medo do que possa acontecer com Lucca ou medo do que vai acontecer com você se descobrirem que está grávida? – ela para exatamente onde está, e me encara fulminante.
Ela dá passos largos em minha direção, mas dessa vez eu não me afasto, deixo que ela venha até mim. Ouço os passos acelerados de Mahara descendo a escada, e Lucca mesmo assustado caminha rapidamente em nossa direção. Ela para na minha frente, e suas duas mãos seguram com força o meu ombro.
Lucca ia tirá-la de perto de mim quando eu disse que não precisava com um sinal e balançando a cabeça negativamente.
– Como você sabe? – ela grita.
Eu seguro suas mãos e a tiro dos meus ombros.
– Eu não sabia! Você parece desesperada, Regina. Não me diga que esse filho é do Lucca? Não? Do Giovani? Não me diga, Regina...
– Maya, cale a bo...– Lucca a interrompe.
– Pro seu bem, Regina, pegue as suas coisas e saia daqui! Se você ainda tem esperança de ter uma vida boa, vá embora e não volte nunca mais! Você não tem o direito que agir ou tratar alguém de forma autoritária, você está errada, e aqui você não vai encontrar alguém que te trate a sua altura, as pessoas aqui são melhores que você. Nunca vão se igualar. Pro seu bem! E pro bem desse filho, vá embora!
Regina trincou os dentes, e eu vi os seus olhos lacrimejarem. Ela pegou a sua bolsa com certa brutalidade, e me encarou.
– Eu posso ter todos os defeitos do mundo, Maya. Mas eu sempre estive ao lado do Luca. Nunca o abandonei! Mas fiquem tranquilos, eu quero ter essa criança e por ela sumirei! Mas não será a última vez que vocês me verão – ela diz, e me deu as costas caminhando rapidamente em direção a saída da sala de estar.
Lucca me abraça de lado, e me acerta um beijo na testa.
– Não dê ouvidos a ela! Você não me abandonou quanto eu precisei...– ele diz, e sorri de forma amigável.
– Agora que essa vadia foi embora, podemos tomar um café da manhã em paz? – diz Mahara com seu habitual humor matutino.
– Vadia? – questiona mamadi – Quem era aquela que passou bicuda por mim?
– É o passado do Lucca batendo na porta, mamadi! – digo, e caminho em direção cozinha.
– Não diga isso, meu passado é grande demais! – ele diz, e eu vejo seu olhar vago.
– Você sabia? – digo, e ele nega.
– Eu sempre achei que apesar dos problemas, ele respeitasse a minha mãe.
– Ele é...– pauso – difícil.
Lucca ri, e me abraça.
– Maya...– ouço Teodoro me chamar, e também vejo a surpresa no olhar ao me ver com Lucca – Vocês... Estão juntos?
– Sim! – Lucca responde com firmeza – Por que?
– Maya...– Teodoro se direciona a mim – Isso é sério?
– É hoje! – diz Mahara saindo da sala, e revirando os olhos.
– Existem muitas coisas que você não sabe, Teodoro! – digo, e ele arqueia a sobrancelha.
– O que eu vi já não basta? – ele diz.
– Maya, eu vou para a cozinha! Não posso me estressar! – diz Lucca que encarava Teodoro de forma fulminante, eu podia ver os miolos de Teodoro estourarem apenas com o olhar de Lucca e eu engulo seco.
– Ele te ameaçou? É isso?
– Não, Teo! Nem tudo é por um péssimo motivo! – digo, e cruzo os braços.
– Estou surpreso, ele tentou te matar! – ele afirma o óbvio.
– Eu sei, eu estava presente! Mas ele está passando por um período difícil, de autoconhecimento, e eu posso ajudá-lo! Eu ainda o amo, sempre amei! – digo, e abro um pequeno sorriso – Estamos a duas quadras da clínica que ele estava internado, eu conversei com o médico e... Eu não tenho que te dar explicações!
– Se acalme, eu só quero seu bem!
– Então ofereça ajuda ao invés de tentar atrapalhar, Teodoro! Todos nós passamos por momentos de fragilidade, tudo depende de nós e do apoio que recebemos! Uma pessoa bem acompanhada é muito melhor do que uma pessoa sozinha, sob influência ruim. Eu não poderia deixar ele lá, e eu não devo explicações sobre as minhas atitudes a você! Te agradeço, e vou ser eternamente grata ao que você fez por mim, mas isso não te dá o direito de opinar sobre as minhas atitudes.
– Uau, me perdoe!
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PROMETIDA AO MAFIOSO
RomanceSINOPSE: Maya Ebrahim, nascida e criada rigorosamente dentro da cultura indiana, e muita das vezes "burlava" a regra por ser contra os antigos costumes. Sua família era uma família de posse, uma família rica, e conhecida na região. O Sheik Bassan a...