Capitulo XI - Caíque

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*CONTEÚDO PARA MAIORES DE 18 ANOS.


"Meu coração amou antes de agora? Essa visão rejeita tal pensamento, pois nunca tinha eu visto a verdadeira beleza antes dessa noite."  – Romeu 


Os faróis dos poucos carros que passavam pela rodovia iluminavam o rosto perfeito da mulher mais linda do mundo. A luz refletia-se nos seus olhos azuis como o oceano, tornando-os ainda mais claros e luminosos; sua boca naturalmente vermelha estava chamativa,  piscando a frase "me beije" em néon. Seus ombros expostos imploravam pelos meus lábios e dentes, seu pescoço perfumado era um afrodisíaco que tinha me atingido fundo desde que estávamos rodopiando pelo salão dos Vianna. Ela tinha a capacidade de tornar o ambiente sensual á ponto de fazer com que todo o meu corpo entrasse em combustão e mal percebia. 


Respirei fundo tentando me concentrar na estrada a minha frente e não no meu membro que pulsava duro dentro das calças, pedindo por socorro; muito menos na mulher que se remexia excitada no banco do passageiro. 


- Não faça isso, Sophia.

- Isso o que? – ela se virou para mim com os olhos levemente arregalados e o lábio inferior preso aos dentes. 

- Não se remexa no banco e não morda o lábio, – apertei os olhos para conseguir enxergar a estrada no meio da névoa de desejo que se apossava de tudo – eu posso perder a direção do carro por isso. 

Uma risadinha nervosa ecoou pela sua garganta á fora. Sua testa brilhava por uma camada fina de suor, seus dedos esmagando uns aos outros quando sussurrou trêmula: 

- Me desculpe, eu não sabia que ainda tinha esse efeito sobre você. 

- Você sempre vai ter esse efeito sobre mim. – olhei-a no fundo dos olhos, me perdendo dentro daquela imensidão de sentimentos. 

Ela teria esse efeito sobre mim pro resto dos meus dias, mesmo em outras vidas, ela continuaria sendo a minha perdição. Poderia nascer como outra pessoa, como uma ave, de qualquer maneira, ainda sim, se alma dela fosse a mesma em que eu me perdia agora, eu a amaria com todas as minhas forças, assim como amei desde o momento em que coloquei meus olhos nela pela primeira vez.


Eu tive a prova concreta de que ela era aquela mulher que, nós homens, encontramos apenas uma vez na vida e depois nunca mais. Aquela que nos tira do nosso sério, acaba com o nosso controle, estoura em cima da nossa vida como uma bomba relógio, tirando tudo do lugar, devastando tudo, trazendo aquela queimação absurda que vai se alastrando por todo o nosso ser e nos torna dependentes do amor, do carinho e da atenção daquela única pessoa. Toda a nossa vida muda para se adaptar a vida dela, para faze-la feliz de todas as formas. As loucuras feitas por essas mulheres são motivo de orgulho, são lembranças que nunca se vão, e mesmo que encontremos outra pessoa para pousar ao lado, nossas asas sempre irão bater naquele ritmo lento, mas incansável, querendo voar para longe, vasculhar em todos os cantos até encontrar aquela mulher. Aquela que mudou tudo, que muda tudo. Que nos torna inconsequentes e imaturos.; fiéis e submissos; carinhosos e amáveis; apaixonados e derrotados; adolescentes e domados. Todos os substantivos que não poderiam combinar juntos, mas que depois que a encontra parecem funcionar perfeitamente. 


Sophia era aquela mulher para mim, e eu sabia disso desde que a vi se espatifar no chão ao meu lado quando tinha apenas nove anos. 


Pude sentir o seu sorriso tímido sem nem mesmo olhar em seu rosto, assim como também senti que continuava mordendo o lábio com força e isso me fez pisar mais fundo no acelerador. Eu precisava chegar logo no apartamento antes que parasse o carro no primeiro meio fio e fizesse tudo que estava com vontade.

Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora