Capitulo XXVI - Ellen

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"Os portões dos paraíso não abrirão para mim
Com essas asas quebradas estou caindo 

E tudo que eu vejo é você
Esses muros da cidade não tem nenhum amor por mim
Estou na beira da 18º história
E, oh, eu grito por você 
Venha, por favor, estou chamando 
E tudo que eu preciso é você 
Apresse-se estou caindo..."  – Nickelback (Savin' Me) 

A faca na minha mão pingava sangue.

O peso dela estava se tornando cada vez mais impossível de suportar, a medida que minha respiração desregulada em nada ajudava a minha mente a terminar de processar o que eu tinha acabado de fazer. 

Minha visão estava turva, recuperando-se do apagão geral que meus instintos mais raivosos provocaram. 

Eu tinha matado o pai da minha nova mãe. 

Ele estava ali jogado sobre o corpo dela que estava tão imóvel quanto o dele. 

O suor cobria a minha pele com sua camada pegajosa. Eu podia senti-lo escorrer pelo meu corpo, congelando todos os meus nervos. – havia tanto sangue espalhado por aquela casa. Por aqueles corpos. Tanto sangue nas minhas mãos. 

Eu estava a ponto de ter um colapso nervoso. Eu podia senti-lo cravando suas garras em minhas pernas e subindo cada vez mais, tomando todo o meu corpo de uma forma rápida e eficaz. 

Olhei para o rosto de Sophia com desespero. Por favor, acorde. Me ajude, por favor – mas, ela não acordaria, não importava o quanto eu suplicasse. A palidez de seu rosto tão belo e de sua boca, antes tão vermelha, me confirmavam aquilo. Ela estava a beira de uma morte precoce. E só Deus sabe o quanto eu estava cansada de perder todas as pessoas que eu amava. 

Tentei enviar ar para os meus pulmões de uma forma controlada, enquanto expulsava o desespero de todas as células do meu corpo. Eu precisava ajudá-la da mesma maneira que ela me ajudou. Precisava salvar aquela mulher que me acolheu com todo o seu coração, me deu amor e carinho sem pedir nada em troca além de reciprocidade. Precisava salvar a minha familía. 

Deixei que meus dedos tensos sobre o cabo de aço soltassem um a um aquele objeto que pingava morte. Minha mente estava processando todas as opções que eu tinha para fugir daquela casa com Sophia e levá-la para o hospital mais próximo. Ela não resistiria por muito tempo. 

O baque da faca no chão de madeira me acordou de todos os meus devaneios. 

Lancei-me para o corpo imóvel de Pedro, usando minhas mãos e pés para empurra-lo para longe dela. Ele rolou para o lado, seu rosto coberto do sangue de Sophia, parecendo tenso até na morte. Alguma coisa no meu interior me alertou de que nenhum cadáver permanecia com aquela feição tão dura quando sua vida era tirada, mas eu não tinha tempo para aquilo agora. Eu precisava me certificar de que minha mãe ainda estava viva. 

Coloquei meu ouvido em seu coração tentando escutar suas batidas. O silêncio ali dentro estava tão arrasador quanto as lágrimas que rompiam pelos meus olhos com força. 

Não... Não... Por favor, não vá. – meu coração implorava ao seu desesperadamente. Eu não podia perdê-la. Não Deus, não a tire de mim. Por favor, tenha misericórdia

O silêncio ainda permanecia ali, tão imponente e forte em seu decreto final. Ela não voltaria. Ele não a deixaria voltar. 

- Não, mãe. Por favor, não me deixe. – sussurrei para seu corpo sem vida, entrelaçando suas mãos nas minhas. – Seja forte, por favor. Seja forte por Anabelle, por Caíque... Por mim. Seja forte por mim. – as lágrimas escorriam pelas minhas bochechas e pingavam na blusa ensanguentada dela. – Ninguém nunca foi forte por mim antes além de você. Por favor, não desista agora.

Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora