Capitulo XXIX - Sophia (parte 01 - final)

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Dedicado a todos vocês que me acompanharam até aqui. Sem vocês, Romeu e Julieta não seria possível. Vocês fizeram esse romance sair do papel e deram o sopro de vida que ele precisava. Obrigada por tudo! Eu serei eternamente grata por cada comentário, cada elogio, apoio, críticas e principalmente por cada segundo gasto lendo a história de Caíque e Sophia. Eu amo vocês de todo o coração! ♥

Minha mãe sempre me ensinou que o fim pode não ser sempre aquilo que significa. Ao contrário do que o destino e os livros sempre pregam, o fim pode ser apenas o começo.

Dona Amora sempre fora muito sábia, mesmo tendo pouca idade para receber tal título. No meio de suas panelas e temperos, ela sempre tinha tempo para me ensinar uma ou duas coisas sobre a vida, e uma dessas coisas era sobre o fim.

Eu me recordava bem da cena que se desenvolvia na minha cabeça, uma memória solta no meio de outras milhões que tinham se libertado por toda a minha mente, me recordando do passado e me mostrando as mil maneiras de como poderia ser o futuro. Essa memória era minha e da minha mãe, preparando o almoço de aniversário da minha falecida vó, enquanto ela me ensinava algumas coisas sobre a vida. Lembro bem como eu estava frustrada por as coisas com o garoto por qual eu estava apaixonada não saírem como eu imaginava, e eu nunca esqueci a frase que me impactou naquele momento:

"Querida, a vida não segue um roteiro. Ela é uma sequencia de acontecimentos bons e ruins, alguns mais ou menos, que nos levam ao nosso destino final. É por isso que a vida é tão boa de se viver: porque ela não é um roteiro de filme romântico. Ela não acontece conforme as letras que estão gravadas em um papel, ao contrário, ela acontece como acha melhor acontecer. E diga-se de passagem, Sosô, viver sem previsão nenhuma do que pode acontecer amanhã é uma grande emoção."

E como sempre dona Amora nunca errava. Viver sem previsão realmente era uma grande emoção e eu provava disso todos os dias da minha vida sem roteiros. Era verdade que nada acontecia como eu queria. Ás vezes, o meu destino fugia tanto dos padrões dos meus sonhos que eu pensava que aquele amontoado de esperanças e cores que rondavam o meu coração e mente só serviam para me iludir e me despedaçar. Mas, outras vezes, o destino tornava aquilo que eu queria tão melhor que eu pensava que os meus sonhos jamais chegariam aos pés do que o universo tinha guardado para mim.

E aquela era a grande verdade da vida: ela não era definida. Ela não fora escrita página por página por Ele para cada um de nós, como sempre ouvimos falar, era totalmente o oposto disso. A vida era um ser vivo que se moldava como queria e seguia rumos que julgava ser melhor. Era como um ser humano, como um andarilho que caminhava por aí conhecendo pessoas novas e provando temperos diferentes. Ela era uma visitante que ia embora na primavera com um sorriso do tamanho do mundo no rosto e que podia voltar no inverno com seus pedaços jogados ao chão e uma tristeza que parece não ter fim. A vida era complexa. Era composta por um milhão de coisas que juntava no meio de suas caminhadas pelo mundo.

E todas aquelas coisas faziam dela a melhor das artistas. Porque ela e apenas ela podia escrever histórias como as nossas. Histórias que podiam levar milhões de anjos ao choro e outras que podiam deixá-los de queixo caído. Histórias que continham bruxas reais, princesas que não moravam em castelos, mas em casas de classe média baixa e príncipes que não tinham cavalos brancos, mas sim carros importados, olhos tão verdes quanto uma esmeralda ao sol e cabelos tão negros quanto o pecado.

E ainda sim... Mesmo com toda a diferença que poderia separar duas pessoas que não pertenciam ao mesmo mundo, a vida os olhava com outros olhos. E ela, só ela, encaixava tudo no lugar certo para que o mundo soubesse que eles nasceram um para o outro.

Foi assim que ela começou a minha história. Me colocando em uma família que não era estruturada financeiramente e nem emocionalmente, me dando um pai que não poderia me dar o carinho que eu sempre desejei e uma mãe que lutava para sobreviver mesmo afundada no mar dos monstros históricos. E quando eu pensava que poderia estar me afogando no mesmo mar, ela me colocou em uma escada onde eu tropecei com dez anos de idade e fui salva dos risos alheios por uma garotinha de olhos azuis tão valentes e confiantes que eu a imaginava com uma capa vermelha sobrevoando a cidade á procura de pessoas em perigo. 

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