Capítulo 32.

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Minho me deixou na casa dos meus avós e eu estava ansioso para ver minha mãe que além de matar a saudade, tiraria todas as minhas dúvidas referente ao Jeongguk. Ela teria que me dar alguma explicação coerente dessa vez sobre o porque de seu comportamento estranho.
Apertei a campainha e não demorou muito para meu avô abrir a porta. – Oh meu filho! Que surpresa boa.
- Oi vovô, vim passar o final de semana aqui tudo bem? – ele sorriu e me abraçou.
- Claro que sim, entre. – cedeu espaço e pegou minha pequena mala.
Assim que entrei na sala senti o cheiro gostoso de café e biscoitos que somente minha vó sabia fazer. Faz tantos anos que eu não os visito mais por conta das proibições do meu pai.
- Gente, temos visita! – vovô exclamou alegre quando aparecemos na entrada da cozinha.
- Meu filho! – minha mãe veio até a mim e me abraçou. – O que faz aqui? Aliás, como você veio até aqui?
- Mãe nós precisamos conversar e prometo que te conto tudo desde que você me conte também. – ela franziu o cenho.
- Vamos comer primeiro. – forcei um sorriso e fui até a minha vó. – Oi vovó. – ela me deu um beijo na testa.
- Sente-se querido eu já irei servir os biscoitos.
                              (...)
Tomamos o café da manhã em um silêncio incômodo e constrangedor, eu sempre soube que todos eles escondiam algo de mim e hoje seria o dia em que eu descobriria tudo o que minha família escondia de mim.
Assim que terminei de ajudar minha vó com a louça pedi para que ela, meu avô e minha mãe permanecessem ali. Respirei fundo e iniciei minhas perguntas. – Bom, eu vim aqui para ver vocês e para fazer algumas perguntas. Eu quero a verdade porque eu sei que vocês me escondem algo. – eles se entre olharam. – Pra começar eu quero saber o porquê mãe. – aponte para ela. – Você reage estranhamente quando eu menciono o nome de Jeongguk. – todos arregalaram os olhos.
- Meu filho eu já disse que é só impressão sua. Eu.
- NÃO! – soquei a mesa. – Chega de mentir, eu quero saber a verdade. Ele é o garoto da minha infância não é? Era a família dele que a gente visitava sempre quando éramos crianças, não era?
- Querido, existem um milhão de Jeongguk's na terra.
- Mãe! – a olhei sério. – Eu reconheci a cicatriz no rosto dele de quando ele caiu aquela vez no galho de árvore. – ela suspirou pesado. - Eu não tenho mais dez anos, eu quero saber o que está acontecendo!
- Ok Taehyung, é ele sim. Eu vi vocês no dia em que eu vim para cá e é realmente o Jeongguk da sua infância. Mas o que isso importa? Você reencontrou um antigo amigo não estou entendendo por que está nervoso assim.
- O que nossa família tem haver com a morte dos pais dele? – perguntei e ela engasgou. Meus avós também tiveram uma reação estranha.
- Q-que conversa é essa Taehyung? Como assim? Por que isso agora?
- Porque eu cansei de mentiras, Jeongguk voltou para cá porque ele sabe que mataram os pais dele covardemente.
- Mas o que isso tem haver conosco?
- Mãe, uma semana depois da morte deles nós nos mudamos para a mansão que eles moravam e eu fui proibido de me aproximar dele...nossos pais éramos amigos e depois viraram inimigos e eles morreram e nós ficamos com a casa? Não insulte minha inteligência, isso não faz sentido!
Minha mãe ficou completamente sem ação, abria e fechava a boca diversas vezes sem emitir um som sequer.
- Conte a verdade Mina. – meu avô ditou terno. – Uma hora ele iria descobrir.
Minha vó se encolheu na cadeira e vi os olhos da minha mãe marejarem. - V-você vai me odiar pelo resto da vida por isso. – as primeiras lágrimas começaram a escorrer por sua face. – Taehyung nós estávamos falidos quando você era pequeno, não tínhamos nada nem o que comer... Foram tempos difíceis. Seus avós naquela época também não tinham condições de nos ajudar constantemente, eu imaginei que nós íamos perder tudo, principalmente nossa casa. – minha avó lhe deu um copo com água. – Um dia fomos ao mercadinho do bairro e depois de seu pai ter passado o dia todo atrás de algum bico, ele conseguiu uns trocados para comprarmos leite pra você. Seus avós já tinham nos dado comida e eu estava envergonhada demais para pedir mais coisas pra eles. – sorveu um gole do líquido. – Nesse dia encontramos os pais de Jeongguk, nós estudamos juntos e éramos muito amigos mas o tempo acabou nos separando. Eu morri de vergonha aquele dia porque nós parecíamos uns  sem teto e eles estavam tão arrumados. Morri de inveja da elegância deles, das roupas, das jóias e mesmo com tudo isso eles eram os mesmos garotos de anos atrás. Simples, humildes. Me senti um lixo naquele dia, eles sempre foram esforçados e nós também mas as coisas só estavam dando certo para eles. Até questionei a Deus, porque era tão injusto. Sempre fomos bons mas eles pareciam surreais no quesito ter um bom coração. – mais algumas lágrimas foram derrubadas. – Jaebum e Yoona perguntaram o que nós estávamos fazendo da vida e seu pai disse que nós estávamos querendo investir em algum negócio mas que não tínhamos condições para isso. Seu pai mentiu dizendo que tínhamos uma pequena quantia e Jaebum grandioso como era propôs uma sociedade na empresa dele. O dinheiro que seu pai disse que entraria para investir nunca entrou, seu pai era esperto e fez um depósito fantasma na época que deu certo e o comprovante mostrava o valor. Nós conseguimos a sociedade e nossa vida mudou magicamente dentro de um mês. Conseguimos pagar nossas contas e eu já ostentava algumas jóias, roupas caras... Mudamos de casa e passamos a ter a vida como a que eles tinham. Bom, quase como a deles. – riu soprado. – Tudo para eles dava sempre certo, chegava a me dar raiva até e quanto mais eles ajudavam as pessoas mais dinheiro eles ganhavam. Passamos a visitar a casa deles com frequência e então você e Jeongguk se tornaram muito amigos e graças a Deus me filho você tinha a mesma pureza de Jeongguk.
Senti meus olhos arderem, meu coração estava acelerado e aos poucos fui relembrando de diversos momentos com ele.
- Vocês eram lindos e felizes juntos. Depois de um ano mais ou menos dessa parceria das famílias, Jaebum fez um acordo milionário com uma outra empresa mas não incluiu seu pai nisso e não foi por egoísmo não. Seu pai ficou maluco com isso e acabou ficando obcecado por ganhar dinheiro, ele criou uma espécie de competição com Jaebum sobre quem ganharia mais dinheiro mas é claro que Jaebum não tinha ideia disso. Seu pai conheceu uns traficantes que atuam como uma máfia poderosa daqui e começou a fazer parceria com eles. Seu pai usava a transportadora para lavar dinheiro e transportar drogas ilícitas sem o consentimento de Jaebum. Conseguimos muito dinheiro meu filho, nossa, era incrível poder ir nos lugares mais caros do mundo e ter tudo o que tivesse vontade. Mais um ano se passou e eu apoiava seu pai nisso mesmo sendo totalmente errado. Jaebum acabou descobrindo o que seu pai estava fazendo e ficou extremamente chateado, o acordo milionário que ele havia feito envolvia seu pai também mas ele não contou na época porque não sabia se daria certo. Eu vi a decepção nos olhos dele e da Yoona, nada do que eles faziam eles excluíam a gente, tínhamos uma sociedade e era tudo dividido exatamente igual. – sorveu mais um pouco da água. – Mais uma vez eles nos mostraram que eram bons. Jaebum não aceitou ter a empresa lavando dinheiro e obviamente não aceitou as drogas, seu pai com medo de perder tudo acatou o pedido dele mas se manteve ligado a eles. No momento em que eu percebi que havia me tornado um monstro eu me corrigi, perdi as contas de quantas vezes pedi desculpas para Yoona, ela foi minha única amiga verdadeira. Seu pai ficou totalmente descontrolado por não estar ganhando tanto quanto antes depois de ter que parar com as falcatruas e passou a roubar Jaebum. Eu não sabia disso, eu juro que não sabia e depois de algumas divergências nas finanças da empresa Jaebum decidiu que não queria mais a sociedade. Ele não aceitava nada errado e muito menos ser roubado por quem considerava um amigo. Ele confiou em nós e a obsessão de seu pai fez com que colocássemos tudo a perder. – soluçou alto. – Seu pai não aceitou e nos proibiu de visitá-los, como o contrato deles ainda tinha uma validade Jaebum não quis quebra-lo e então. – seu choro se intensificou. – Seu pai mandou uns homens forjar documentos, falsificou assinaturas e na noite do aniversário do Jeongguk de dez anos ele sabotou o carro deles. Eu só descobri isso depois do acidente.
Permaneci estático com o coração em um milhão de pedaços, nunca imaginei que minha mãe pudesse ter sido cruel como meu pai é. A minha família destruiu a família do homem que eu amo e eu não tenho a mínima ideia se ele sabe sobre isso ou não.
- Eu sinto muito meu filho! – se levantou e veio até a mim mas dei um passo para trás.
- Não encosta em mim! – grunhi.
- Meu filho, não tem um dia em que eu não me culpe por tudo isso. Eu sou um monstro. Por favor me perdoe.
- Vocês arruinaram a vida dele, roubaram a herança, foram cruéis com quem estendeu a mão para vocês. Que nojo! – cuspi as palavras. – Eu pensei que você pelo menos me amasse e fosse boa Mina.
- Mas eu te amo, eu, eu.
- Eu não quero mais te ouvir.
- Taehyung, me responde só mais uma coisa. – pediu. – Ele sabe sobre você?
- Não, ele não sabe. Ele não me reconheceu ainda. Agora como eu irei olhar para ele sendo que minha família cometeu uma atrocidade desse tamanho?
- Você não tem culpa, meu filho.
- MAIS É CLARO QUE NÃO! – gritei. – COMO EU VOU ME DEITAR COM ELE TODAS AS NOITES ESCONDENDO ISSO? COMO ELE FICARÁ COMIGO SABENDO QUE MEUS PAIS MATARAM OS DELE?
- Calma Taehyung. – meu avô veio ao meu lado.
- V-vocês e-estão juntos? – perguntou gaguejando.
- Estamos! Eu o amo e sei que ele me ama também só que mais uma vez vocês estragaram tudo.
- Ele vai entender que você não tem culpa meu amor. – vovó acariciou meu rosto.
- A senhora entenderia vovó? – não consegui conter o choro. – Como a senhora reagiria a isso? Aliás como vocês podem ser coniventes com isso, não denunciaram nem nada? A propósito até hoje eu não entendi como você permitiu que eu  sofresse abuso do Jaguar. – apontei para minha mãe que chorava bastante.
- Seu pai nos ameaça meu filho, a mim e seus avós por isso decidimos deixar tudo como está.
- Sinceramente, eu preferia ter sido morto em alguns dos espancamentos que eu sofri dele, do que estar aqui ouvindo o quão desgraçados vocês foram! – passei por eles e peguei minha mochila do sofá. Abri a porta e ouvi um grito da minha mãe.
- TAEHYUNG, ONDE VOCÊ VAI? – mas não dei ouvidos. Eu queria sair dali.
                              (...)
Não sei por quanto tempo corri nas ruas até que avistei um táxi. Pedi para que ele me levasse até o campus, ficaria em meu quarto até que os hyungs voltassem. Independente se eles achassem alguma coisa ou não, eu iria colocar meu pai na cadeia e ele pagaria por ter acabado com uma família.
                              (...)
Cheguei no dormitório e assim que abri a porta do meu quarto desatei a chorar. Como Jeongguk reagiria ao saber que meu pai matou os dele? Justo o meu pai. Solucei audível e gritei tentando aliviar a dor em meu peito. Jeongguk parece não saber quem eu sou e eu não conseguirei esconder isso dele por muito tempo.
A ideia de perde-lo novamente me faz enlouquecer, eu nunca imaginei que minha família fosse capaz de fazer o que fez por dinheiro e poder.
Passei horas chorando e tentando pensar em uma forma de contar tudo para ele, eu prefiro perde-lo do que esconder algo dessa gravidade. Por mais doído que seja, a verdade é algo que eu sempre prazei em minha vida.

Sweet Revenge Kth+JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora