Jeongguk me deixou em frente ao dormitório dos alunos de agronomia junto do Jin e Jimin, ele ao menos se despediu, somente buzinou brevemente e foi embora. Seu comportamento mudou desde hoje cedo e eu sei que ele pensa que eu ainda gosto do Jaguar mesmo eu o odiando com todas as forças. Assim que os hyungs me viram perguntaram se estava tudo bem e se eu precisava de algo. Eu apenas disse que queria ficar um pouco sozinho antes de voltar para o inferno denominado de casa e enfrentar a fúria do meu pai. Nessa altura Jaguar já deveria tê-lo enchido os ouvidos e claro que o convencido de que a culpa era minha, como sempre. Suspirei audível assim que entrei no quarto do Hobi com Jin em meu encalço. - Tae-ah está tudo bem?- perguntou sentando-se na cama. – Sei que quer ficar sozinho mas.
- Você sabe que tudo isso vai piorar não sabe? – o interrompi e peguei minha mochila.
- Deixa que eu arrumo pra você. - pegou-a de minhas mãos e passou a guardar meus pertences. Ouvi meu celular tocar e o peguei da escrivaninha. Haviam trinta ligações da minha mãe. – Ótimo, eles já devem saber.
- Sua mãe? – arqueou uma sobrancelha.
- Quem mais poderia ser? Eu estou fodido.
- Calma Tae, estaremos aqui pra você lembra?
Assenti. – Meu problema maior não é esse no momento.
- Eu sei, Jeongguk não é?- suspirei pesado. Jin me conhece o suficiente para saber tudo o que sinto.
- Acho que dei a entender que eu ainda gosto do Jaguar, ele mudou a expressão e o modo de falar comigo de uma hora pra outra. Eu gostei dele ter me defendido, gostei mesmo.
- Mas ele não vai saber até que você diga. – terminou de organizar a mochila e sentou-se ao meu lado. – Taehyung, ele parece gostar muito de você assim como eu sei que você gosta dele. Eu te conheço o suficiente pra saber que o seu coraçãozinho. – tocou meu peito. – Erra uma batida perto dele. – ri. – Mas ele não te conhece pra saber o que realmente acontece na sua vida. Ele te protegeu por duas vezes porque ele quis. Ele não tinha obrigação nenhuma e se ele fez isso é porque ele sente algo a mais por você.
- Ele poderia ter defendido qualquer outra pessoa! – exclamei.
- Poderia, mas, não a ponto de se prejudicar aqui dentro. Jeongguk é bolsista assim como o Jimin e ele sabe o quanto Jaguar pode ser imbecil e prejudica-lo aqui dentro. E mesmo assim ele socou lhe a cara. A expressão dele ao vê-lo foi de puro ódio, por mais que o Jaguar seja digno desse sentimento é impossível qualquer um odiá-lo tanto quanto Jeongguk demonstrou.
Pensei por alguns minutos concordando com a linha de raciocínio de Jin.
- Será que se eu for atrás dele, ele vai querer me ouvir? – pousei minha cabeça em seu ombro.
- Claro que vai. – selou minha cabeça. – Agora me diz, o que faremos já que logo você tem que voltar?
- Não façam nada, já estou acostumado com a histeria do meu pai. Me bater pelo menos eu sei que ele não vai mas eu preciso ter cuidado por causa da Jeongguk. Se Jaguar abriu o bico, ele vai querer vir atrás dele. Eu não posso deixar isso acontecer.
- Calma, vai ficar tudo bem. Vai para a casa e qualquer coisa você nos manda mensagem que iremos te buscar. Hoje ficaremos no dormitório do Yoon. - assenti.
- Tae, os cães de guarda estão aqui. – Yoongi rosnou se referindo aos seguranças da minha família. Revirei os olhos e respirei fundo pegando a mochila do chão. – Se esses otários te fizerem alguma coisa, me ligue imediatamente.
Todos os meus amigos assim como eu odeiam o Minghyu e o Minho. Os dois são gêmeos e trabalham há anos para o meu pai como seguranças.
Assenti novamente dando um abraço em ambos e saindo do quarto. Os gêmeos me esperavam na porta e Jimin, Namjoon e Hoseok estavam mais a frente deles. Eles me lançaram um olhar acolhedor enquanto eu caminhava com os dois idiotas ao meu lado.
- Taehyung o que aconteceu? – Minho perguntou quando abriu a porta do carro pra mim.
- E isso te importa? – respondi sem paciência entrando no veículo e fechando a porta com força.
- Calma aí garoto, está afiado hoje. – Minghyu debochou. – É melhor guardar as garrinhas, seu pai não está nem um pouco feliz em te ver.
- Para com isso Minghyu! – Minho o repreendeu. – Você não tem que abrir a boca para assuntos que não lhe diz respeito.
- Falou o senhor eu não posso ser rejeitado, cujo nome traidor. – Minghyu ralhou e ele se calou.
Há alguns anos atrás eu e o Minho éramos amigos, ele me ajudava em várias coisas e até a fugir de casa escondido. Um dia ele confessou que estava apaixonado por mim e eu disse que não poderia corresponde-lo. No primeiro momento ele disse que entendia e que isso não afetaria nossa amizade, eu confiava nele a ponto de contar meus sentimentos. Na primeira oportunidade que ele teve ele me dedurou para o meu pai quando eu havia saído para uma festa com os hyungs. Ele sempre me cobria mas dessa vez, por não ter tido o sentimento retribuído ele me enganou e me entregou para o meu pai alegando que eu havia fugido e ele não sabia como eu havia feito aquilo. Meu pai me buscou na festa naquela noite e quando chegamos em casa ele bateu em mim e na minha mãe. Depois que Minho percebeu a burrada que ele fez, ele passou a tentar conquistar minha confiança novamente porém, isso nunca irá acontecer.
- Será que dá pra me levarem logo para casa? – perguntei irritado. Os dois pararam de se se encarar e Minghyu deu partida.
(...)
O carro foi estacionado na entrada da mansão, eu amava visitar esse lugar quando eu era criança e quando soube que moraria aqui eu quase explodi de felicidade. Tenho boas lembranças de quando eu tinha o meu melhor amigo aqui comigo. Corríamos o jardim inteiro e depois pulávamos na piscina com roupas e sapatos enlouquecendo nossas mães. Sinto falta daquele tempo onde a minha única preocupação era se eu poderia brincar ou não.
Atravessei o jardim já tendo em mente que meu pai estaria me esperando. Abri a porta da sala encontrando minha mãe no sofá, seu rosto estava inchado e ela deu um sobressalto quando me viu. – Meu filho! – me abraçou. – O que houve com você? – segurou meu braço enfaixado. – Eu te liguei várias vezes e você não atendeu.
Por que vocês não foram atrás de mim? Pensei comigo mesmo. Mas, se tratando da minha incrível família eles só me procurariam para me punir por algo.
- Eu não te atendi porque não levei o celular para o hospital.
Estranhei o fato dela parecer não saber sobre meu machucado.
- O que houve com o seu braço?
- Mãe, cadê o papai? – ela passou as mãos pelos cabelos.
- Seu pai está trancado no escritório com o Jaguar faz horas. Eles não me deixam entrar, você sabe como é. Mas enfim, o que houve?
Minha mãe era a única que acreditava em mim só que ela nunca tomava a frente de nada por causa do meu pai.
- Jaguar me machucou hoje de manhã. Ele luxou o meu braço. – rosnei.
- Eu sinto muito meu filho, ele está com um curativo no nariz. Você bateu nele?
- Não, quem bateu nele foi o Jeongguk.
- Jeongguk? – arregalou os olhos.
- É um calouro que eu ajudei no final de semana, ele me salvou por duas vezes das mãos daquele nojento.- minha mãe ficou pálida e parecia que desmaiaria a qualquer momento. – Está tudo bem? – perguntei.
- Filho qual o sobrenome dele? – perguntou em um sussurro.
Franzi o cenho. – Eu não tenho a mínima ideia, por que?
- Por nada era só curiosidade. – dei de ombros.
- Mina, Taehyung! – a voz grave do meu pai se fez presente no cômodo, engoli em seco vendo sua expressão e o sorriso cretino que Jaguar exibia. – Quem é o calouro que machucou vocês dois? – perguntou.
- O que? – indaguei.
- Oras quem fez isso com o seu braço?
- O Jaguar! – ditei raivoso. Meu pai lançou um olhar para ele e logo se aproximou de mim.
- Sabe que eu odeio mentiras não sabe?
- Eu não estou mentindo! Jaguar apertou meu braço e me machucou, e o nariz dele está assim porque um rapaz presenciou a agressão e socou ele.
- Taehyung por que você está encobrindo aquele cara? Eu não disse senhor Kim que ele estava interessado nele. – ditou com o cinismo de sempre.
Meu sangue ferveu e meus olhos umedeceram. Minho me lançou um olhar de eu acredito em você enquanto meu pai me encarava furioso como sempre.
- Eu quero saber quem é esse calouro pois eu vou querer ter uma breve conversinha com ele.
- Não precisa sogrinho, eu mesmo darei uma lição a ele e sei que Taehyung ficará longe. Aqueles amigos dele também fazem a cabeça fraca dele. Acho que o senhor precisa voltar com a segurança, Taehyung não anda parecendo ser muito confiável ultimamente.
Uma única lágrima percorreu meu rosto, eu queria gritar e sair correndo mas a única coisa que eu conseguia fazer era me manter imóvel.
- Também acho que os amigos do Taehyung são uma má influência.
- Você prometeu. – minha mãe o interrompeu. – Por favor, não tire isso dele.
Pensei que ele fosse mandá-la calar a boca mas ele apenas assentiu.
- Certo, não irei te afastar dos seus amigos mas Minho ficará com você o tempo todo de agora em diante e se algum desconhecido por você se aproximar dele, quero que me informe. – olhou para o segurança que assentiu. – Vá se lavar e se tiver que comprar alguma coisa para esse braço de para a sua mãe que ela compra. Hoje quero todos na mesa para o jantar, principalmente você Taehyung. Tenho um comunicado a fazer.
(...)
- Filho! – minha mãe abriu a porta do meu quarto. – Você está bem? – caminhou até a mim, sequei minhas lágrimas e fechei a conversa com os hyungs no celular. – Eu sinto muito meu amor. – me abraçou.
- Por que ele é assim? Por que ele mantém o Jaguar por perto? Ele me machuca mãe! – solucei alto. – Eu tenho vontade de subir em um prédio e me jogar de lá de cima. Eu não aguento mais isso.
- Não fala uma coisa dessa meu filho.
- Mãe, vamos deixá-lo! Vamos fugir para outro país, vamos ser livres.
- Ele jamais nos deixaria em paz, é capaz dele nos matar.
- Então vamos morrer juntos ou matamos eles. Prefiro apodrecer na cadeia do que continuar assim.
- Filho, eu tenho uma coisa para te contar. – sentou-se do meu lado. – Você sabe que o seu pai está metido com o a máfia agora não sabe? – assenti. – Seu pai cometeu um erro que eu ainda não descobri e isso trará consequências ruins. Os pais do Jaguar são nossos sócios na empresa e eles querem retirar a sociedade porque o erro do seu pai trouxe prejuízos. Para manter a sociedade somente com um casamento.
- EU NÃO VOU ME CASAR COM ELE! – gritei.
- Fala baixo por favor. -pediu. – Meu filho, a sociedade só será mantida caso vocês dois se casem, se isso não acontecer eu não sei o que restará de nós. A máfia também levou prejuízo e eles precisam do dinheiro porém se a sociedade for desfeita não terá como ser pago.
- Mãe nós tínhamos rios de dinheiro como não teremos condições de liquidar seja lá o que ele tenha feito?
- Você falou certo, tínhamos. A popularidade do seu pai caiu muito e os negócios estão afundando. A sorte que ele teve está se dissipando. Eu sei que não é o que você quer mas.
- Eu não vou me casar com o Jaguar, pode esquecer. – grunhi.
- Filho.
- Eu não acredito que você apoia isso. – ela abaixou a cabeça.- Sinceramente. – a olhei com desdém. – Pensei que você me amasse. – me levantei e entrei no banheiro fechando a porta com força.
Deslizei sobre a madeira chorando copiosamente, minha vida é uma merda eu prefiro morrer do que me casar com aquele monstro.
(...)
Tomei um banho demorado tentando cessar o choro, ouvi alguns barulhos de trovões e ao observar a janela notei que uma tempestade iria cair em breve.
Vesti uma roupa qualquer e a muito custo saí do quarto encontrando meus pais junto dos pais de Jaguar sobre a mesa de jantar. Meu pai me encarou com os olhos pegando fogo ao mesmo tempo em que minha mãe me olhou com pesar. Nem me dei ao trabalho de cumprimentar qualquer um que estivesse ali presente.
- Pensei que não viesse. – meu pai falou rispidamente.
- A minha vontade era não ter vindo mesmo. – retruquei e me sentei o mais longe possível de todos.
- Taehyung. – rosnou.
(...)
O jantar foi servido e eu apenas remexi a comida, não senti nada além de um vazio dentro de mim, fora a raiva que me consumia.
- Você não vai comer meu amor? – minha mãe perguntou.
- Não estou com fome. – respondi sem emoção.
- Bom, hoje é dia de comemorar. – meu pai ergueu sua taça para o alto. Já havia ingerido vários corpos de uísque, logo estaria bêbado. – Taehyung meu filho, a partir de hoje você e Jaguar estão noivos! VIVA! – gritou.
Senti um enjôo terrível e me levantei às pressas indo para meu quarto. Entrei no banheiro e vomitei até sentir meu estômago doer.
As lágrimas escorriam por minha face enquanto eu vomitava a alma dentro do vaso sanitário.
Senti um par de mãos afagar meus ombros e me virei bruscamente. Era Minho. – Taehyung está tudo bem?
Obviamente que não.
- Eu sinto muito por isso eu.
- Me deixa Minho. - retirei suas mãos do meu corpo. - Não venha se aproveitar da minha fragilidade pra tentar se aproximar de mim novamente. – desviei meus olhos dele observando a forte chuva que caía lá fora.
- Eu não estou me aproveitando eu só queria que você soubesse que eu sinto muito, mesmo.
- Isso não vai mudar nada na minha vida então, dispenso. – o enjôo veio novamente me fazendo ajoelhar rente ao vaso.
- Me deixa te ajudar! – exclamou.
- Quer ajudar? Mate meu pai ou o Jaguar, aí sim você me ajudaria. – ironizei.
- Você sabe que eu não posso fazer isso.
- Claro que não. - ri.
- Taehyung por favor eu só.
- Saí Minho, me deixe em paz!
Ouvi as vozes altas vindo do andar debaixo da casa mas não conseguia entender nada por conta do barulho da chuva. Me encolhi em minha cama e peguei meu celular buscando pelo contato de qualquer um dos hyungs.
(...)
Acabei adormecendo e despertei com meu pai bêbado batendo na porta. – Taehyung, abre essa porta! – ordenou com a voz embolada. O cheiro de álcool era possível ser sentido de longe. – Se você não abrir vai ser pior pra você, vamos conversar. Você não irá arruinar os meus negócios.
Eu sabia que se ficasse ali ele iria entrar, então de qualquer forma eu apanharia. Com certeza ele deve ter batido em minha mãe que tentou impedi -lo, e Jaguar não veio atrás de mim porque ele sabe que eu o rejeitaria novamente. Afinal, ele deveria estar contente por tudo o que estava acontecendo. Jaguar não precisava de nada a não ser ver a minha desgraça.
Me levantei da cama e olhei pela janela do meu quarto, não era tão alto e daria para pular.
- Taehyung! – bateu mais forte na porta.
Sem pensar duas vezes apanhei minha mochila e pulei a janela caindo por cima do meu braço já machucado. - Aí! - grunhi de dor e me levantei o mais rápido que pude.
- Taehyung? O que está fazendo aqui? – Minho apareceu na minha frente me dando um susto.
Droga!
Eu já estava encharcado da chuva e não enxergava direito um palmo a minha frente por conta dos meus olhos inchados pelo choro que não cessava.
- Você vai fugir? Sabe que ele vai te achar.
- Eu não vou fugir eu só não quero apanhar hoje.
- Vem! – segurou meu braço e me puxou.
- Me solta!
- Calma! Eu só quero te ajudar. – seus olhos transmitiam pureza naquele momento mas não o suficiente para que eu confiasse nele.
- Pra que? Pra fazer o que você fez da última vez?
- Taehyung eu.
- Eu não quero ouvir. – o interrompi.
Ouvimos o grito do meu pai no andar debaixo, ele parecia próximo a sala.
- Saía pelos fundos. Eu vou distrair seu pai e meu irmão.
- Eu não.
- Corre Taehyung.
Eu não tinha motivo algum para confiar nele novamente porém naquele momento eu precisava tentar me livrar de tomar uma surra.
Corri pelo portão dos fundos e passei pelo mesmo rapidamente para não ser visto por ninguém e sai disparado como um louco pelas ruas debaixo de toda aquela chuva.
(...)
O prédio de alunos que cursam fotografia era o primeiro do campus, me lembrei de Jeongguk e imediatamente corri até seu quarto batendo desesperadamente em sua porta. Quando ele me atendeu acabou de assustando com o meu estado.
A única coisa que eu consegui dizer foi o seu nome e me jogar em seus braços.
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Sweet Revenge Kth+Jjk
FanficJeon Jeongguk é um jovem de vinte e um anos que teve a vida transformada da forma mais cruel que existe. Cresceu sendo amparado pelos avôs que lhe deram todo o apoio, amor e carinho que necessitava. Jeongguk através de uma conversa "proibida" desco...