- Eu não quero me casar com ele Jeongguk, eu não quero. – soluçou alto se agarrando mais ainda ao meu corpo.
- Calma, vai ficar tudo bem. – tentei acalma-lo mesmo não tendo ideia do que havia acontecido.
Puxei Taehyung para dentro do meu quarto, fechei a porta e esperei que ele se acalmasse em meus braços. Ele tremia muito por estar chorando e por estar com frio por conta da chuva que havia pego na rua. Não me importei por ele ter me molhado também, eu só queria que ele parasse de chorar. Iniciei um carinho singelo em suas costas e aos poucos o choro foi cessando. Ele me olhou com os olhos inchados e o nariz vermelhinho, provavelmente deveria ter chorado por muito tempo. Segurei o seu rosto delicadamente e o encarei por alguns segundos, não vou negar que senti uma imensa vontade de beija-lo mas claro que eu não faria isso. Eu jamais me aproveitaria de sua fragilidade para ter algo ao meu favor. Mesmo que eu ache que ele ainda ame o Jaguar foi inevitável não sentir desejo de experimentar os seus lábios.
- Está melhor? – ele assentiu. – Antes de você me contar o que aconteceu, você irá tomar um banho quente e vestirá roupas secas.
- Eu estou bem assim Jeongguk. – tentou disfarçar o óbvio.
- Estou vendo, todo molhado, tremendo, com a boca roxa e com frio... Está muito bem mesmo. – ironizei rindo. – Não seja teimoso, por favor.- pedi. Peguei a mochila de suas mãos e a abri, porém a chuva foi tão forte que acabou umedecendo o que tinha dentro. Retirei todas as peças de roupas da mochila e ele me olhou confuso.
- O que está fazendo?
- Irei deixar as suas roupas esticadas aqui na cadeira para não estragarem, molharam com a chuva. – caminhei até o meu closet e pegue uma toalha limpa, uma cueca nova ainda no plástico e um dos meus pijamas mais quentes. – Pode ir tomar um banho. Você comeu?
Ele negou. – Não estou com fome.
- Tae você precisa comer. – ditei sério e apanhei minhas chaves do carro e minha carteira.
- Onde você vai? – perguntou.
- Irei comprar algo para você comer e também vou passar na farmácia para comprar algo para o seu braço já que a tala molhou.
- Não! – ditou desesperado. – Não me deixa aqui sozinho por favor. – correu até a mim e me abraçou novamente.
- Tae nada vai acontecer com você eu prometo. Eu vou sair e você tranca a porta, se por acaso alguém bater nela você não responde e deixe a luz apagada.
- E como eu vou saber quando você voltar?
- Você quer que eu leve a chave então? – ele assentiu.
- Jeongguk eu não trouxe dinheiro comigo. – me olhou envergonhado.
- Não se preocupe com isso. – por impulso selei o topo de sua cabeça. – Eu já volto, por favor tome banho, a roupa está limpa e a cueca é nova. – ele assentiu novamente porém acabou esquecendo de se soltar do meu corpo. – Tae se você não me largar eu não tenho como sair. – ele deu um sobressalto me soltando e eu acabei rindo.
- Me desculpe, eu.
- Tudo bem. – acariciei seu rosto. – Eu já volto.
Caminhei em direção a porta e antes de abri-la ele me chamou. – Jeongguk? – me virei em sua direção. – Obrigado. – sorriu mínimo.
- Não por isso. – ditei por fim saindo do quarto trancando-o.
O prédio de alunos estava silencioso, com certeza todos já estariam dormindo. A tempestade castigava a cidade e em um minuto que corri da porta principal até meu carro, foi o suficiente para me molhar por inteiro.
(...)
Para minha sorte próximo ao campus haviam uma lanchonete aberta e uma farmácia que funciona 24 horas por dia. Estacionei o carro em frente a lanchonete primeiro e adentrei o local que estava vazio.
Rapidamente fui atendido e pedi um combo de lanche, batatas fritas e refrigerante. Efetuei o pagamento e avisei que iria até a farmácia ao lado assim economizaria tempo.
Expliquei ao atendente sobre o braço de Taehyung que estava com uma tala gessada que foi molhada. Fui orientado a retira-la e a enfaixar o braço dele com cuidado para não prender a circulação sanguínea. O atendente me explicou as técnicas e me vendeu uma tesoura, tipóia, ataduras e esparadrapo. Agradeci ao homem pela gentileza e me dirigi novamente a lanchonete para retirar meu pedido que já estava pronto.
(...)
Retornei ao dormitório e assim que abri a porta avistei Taehyung deitado assistindo algo em meu notebook. Automaticamente sorri, ele parecia tão a vontade e só pelo fato de se sentir bem comigo já era uma grande coisa. – Voltei. – ditei baixinho. – Você ficou fofo no meu pijama.
- Acho que não irei devolvê-lo. – riu.
- Se quiser ficar com ele não tem problema. – me sentei ao seu lado. – O que está vendo?
- Nada demais, só estava passando pelos vídeos até você chegar.
- Toma. – lhe estendi a sacola. – Espero que você goste.
- O que é isso tudo? – perguntou referindo-se a sacola da farmácia.
- Coisas para cuidar do seu braço.
- Eu não queria te dar trabalho. – desembrulhou o lanche e deu uma mordida moderada, parecia de fato faminto.
- Não é trabalho algum. – ditei sincero. – Gostou?
- Sim, quer? – me ofereceu mas recusei.
- Não, bom apetite.
(...)
Taehyung comeu o que eu trouxe rapidamente, parecia satisfeito e isso me deixou aliviado.
- Bom, vamos cuidar desse braço? – perguntei saindo do banheiro após lavar as mãos e ter trocado de roupas. Ele assentiu e me deixou a vontade para ajudá-lo. – Terei que tirá-la mas não se preocupe não irei te machucar. – peguei a tesoura da sacola e passei a cortar a tala gessada que para minha surpresa não foi difícil de removê-la. O braço dele estava bem roxo e inchado. – Isso está horrível Tae. – comentei observando com raiva o que o idiota do Jaguar provocou.
Caminhamos até o banheiro e com cuidado consegui lavar o membro já que ele não conseguia mexer muito. Sequei direito, passei a atadura em toda a extensão predendo-a com o esparadrapo e pedi para que ele apoiasse o braço na tipóia.
- Até que você é bom nisso. – comentou divertido.
- Acho que irei trocar de curso. – ri. – Tae, será que você pode me contar o que aconteceu? Você me deixou preocupado. – apaguei as luzes e deixei algo rodando no notebook para iluminar nossos rostos. Taehyung deitou-se na cama de frente para mim. – Se não quiser me contar tudo bem, eu irei entender.
- Não, tudo bem. – respirou fundo. – Você merece saber. - aconchegou-se em meus braços praticamente me abraçando. – Meu pai é uma pessoa complicada, quando eu era pequeno ele era um exemplo que eu queria seguir mas depois de alguns anos ele se transformou em um monstro. Ele bebe muito e sempre que isso acontece ele bate em mim e em minha mãe. Nós nunca fomos bem de vida sabe, mas quando eu tinha uns sete anos mais ou menos ele enricou.
- O que o seu pai faz? – perguntei.
- Ele é metido com a máfia, só faz coisas erradas obviamente. Ele tem uma empresa de fachada que utiliza para lavagem de dinheiro de drogas.
- Nossa! – exclamei surpreso.
- Pois é, eu não me orgulho disso. Eu na verdade não entendo muito sobre o que ele faz, nunca me interessei por nada que fosse errado. Depois que meu pai passou a beber e a nos espancar constantemente minha vida virou um inferno. Jaguar é filho de um casal de amigos dele e nos conhecemos a muito tempo. Éramos melhores amigos digamos até que um dia ele se confessou para mim. Eu não queria nada com ele mas depois de tanta insistência eu resolvi dar uma chance. – senti uma pontada de ciúmes. – No começo foi legal e tal mas eu ainda não nutria sentimentos por ele. Quando isso aconteceu, ele me traiu em uma festa da fraternidade. O pouco que eu sentia por ele morreu ali. Ele me perseguiu por dias fazendo declarações estúpidas e me fazendo passar vergonha até que eu decidi perdoa-lo mas não reatei nosso namoro. Meu pai ficou uma fera comigo e me forçou a sair com ele várias vezes.
- E você saiu? – perguntei acariciando os seus cabelos.
- Sim, ou eu saía ou apanhava e sinceramente, sair era a melhor opção. Mas claro que eu não deixava ele me tocar.
- Quando foi que ele passou a te machucar?
- Uns meses após eu ter pego ele me traindo, teve outra festa das fraternidades e eu fui com os hyungs. Jaguar me viu na festa e grudou em mim como se ainda tivessemos alguma coisa. Ele tentou me beijar várias vezes a força e o Yoongi e o Namjoon perderam a paciência e bateram nele. Deram uma boa surra nele e o Jaguar virou chacota da fraternidade por um bom tempo. Ele foi parar no hospital por conta da surra dos hyungs e envenenou o meu pai dizendo que havia apanhado atoa. Além disso inventou milhões de mentiras e meu pai me tirou do meu dormitório daqui do campus e me afastou dos hyungs mantendo seguranças 24 horas no meu pé.
- Não creio que o seu pai não acreditou em você. – comentei incrédulo.
- Ele ao menos me ouve. - suspirou. - Hoje eu cheguei em casa e Jaguar já estava lá e contou que você havia me machucado, aliás que você nos machucou.
- Eu não acredito! – grunhi.
- Eu falei a verdade mas óbvio que meu pai não ouviu. Ele queria vir atrás de você e eu não iria deixar que isso acontecesse mas o Jaguar se pôs no meio, ele deu a entender que eu te protegi porque estou apaixonado por você. Enfim, ele disse que manteria você afastado de mim.
Encarei seus olhos. – Ninguém vai me afastar de você a não ser que você queira isso.
- Eu não te quero longe de mim Jeongguk. – senti meu coração rodopiar. – Eu descobri hoje que meu pai quer que eu me case com o Jaguar para que os pais dele possam salvar a nossa empresa já que eu não sei o que meu pai fez que está devendo dinheiro para máfia. Eu não quero me casar com ele Jeongguk, eu não o amo! – seus olhos umedeceram e algumas lágrimas percorreram o seu rosto bonito.
- Não se case. – me aproximei de seu rosto. – Foi por isso que você saiu correndo na chuva?
- Não. – fungou. – Quando meu pai anunciou o noivado eu senti náusea e corri para o meu quarto para vomitar. Me tranquei lá e permaneci até que ele bebeu demais e foi até a mim querendo me espancar. Eu pulei a janela e com a ajuda de um dos seguranças eu saí de casa, vim correndo na chuva e como esse é o primeiro prédio que eu tenho acesso eu corri pra cá e lembrei de você. Eu. – crispou os lábios. – Peço desculpas por só te dar trabalho.
- Você não tem que se desculpar, eu já disse. Por que o Jaguar não foi atrás de você?
- Jaguar só quer ver minha desgraça, ele se contentou em saber que meu pai iria me espancar então não tem sentindo para ele ter vindo atrás de mim já que ele sabe que eu não irei ceder a nada.
- Posso te fazer uma pergunta? – sussurrei próximo ao seus lábios me controlando para não prova-los. – Você ficou chateado por eu ter te defendido?
- Não, eu só não queria que você se prejudicasse e nem que o Jaguar fosse reclamar com meu pai porque de uma maneira ou de outra, nós dois acabaríamos prejudicados. – sua respiração chocou-se contra minha pele.
- Eu sinto muito.
- Não sinta, você não sabia.
- Por que eu sinto que já te conheço há anos? – perguntei contornando seus lábios com meus dedos.
- Eu também sinto o mesmo. – ditou num sussurro. Ficamos em silêncio por alguns segundos até que Taehyung elevou sua mão até a minha nuca depositando um carinho gentil nela. Posso te pedir uma coisa? - perguntou suavemente e eu assenti. – Me beija Jeongguk. – pediu roçando seus lábios nos meus. – Por favor, me beije! – suplicou.
Não pensei duas vezes antes de tomar seus lábios em um beijo gostoso e lento.
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Sweet Revenge Kth+Jjk
FanficJeon Jeongguk é um jovem de vinte e um anos que teve a vida transformada da forma mais cruel que existe. Cresceu sendo amparado pelos avôs que lhe deram todo o apoio, amor e carinho que necessitava. Jeongguk através de uma conversa "proibida" desco...