Vincent
Já era segunda, haviam se passado cinco dias da primeira e última vez que havia a visto, e não conseguira dormir desde então, no entanto, não queria ligar para ela, não queria ser submisso de algo tão banal quanto um piano. O relógio marcava 5:30 A.M, eu teria que trabalhar e não tinha cabeça para aguentar mais nada, mas levantei da cama e me forcei a tomar um banho e fazer a barba que insistia em crescer, arrumei meus cabelos e olhei para o estado lastimável dos meus olhos, que continuavam com a íris clara, mas com uma profunda marca escura, expondo minhas noites mal dormidas, vesti mais um terno preto, e um sapato caro, tomei café com Sophi reclamando de sua professora na escola de Balett e Morgana mais uma vez se intrometendo em minha vida, eu a adoro, é como uma mãe para mim, mas um tanto intrometida.
Quando chego em meu escritório me forço a beber uma caneca de café forte e amargo, leio e assino alguns contratos e ao mexer em minha carteira encontro o cartão com o contato de Soraia e quando menos eu percebo já estou esperando ela atender a segunda ligação que faço.
- Alo?
- Soraia? É o Vincent.
- Vincent? O carrancudo do restaurante?
- Bom... Sim (dou uma risada sem graça) eu pensei melhor, eu gostaria de ter outra conversa com você, seria possível?
- Claro. Pode ser hoje? Não tenho nada por agora, nem a tarde.
- E a noite?
- Também não, onde eu devo te esperar?
- Você aceita um jantar?
- Sim. Onde?
- Eu passo para te buscar, o que acha?
- Um pouco invasivo. Posso esperar o Senhor em alguma cafeteria, ou ir até a sua empresa.
- Sabe onde fica a empresa?
- Sim. Apareço as 20hrs pode ser?
- Combinado.
- Até mais tarde
Um dos atributos de ser conhecido era ser conhecido, mas não gostava da ideia dela na empresa e no perigo que ela estaria exposta, da mesma maneira não iria protestar tanto, até porque ela não sabe da verdadeira intenção desta fortaleza. Passei o dia mais tranquilo e um pouco ansioso, conforme a noite ia chegando e meus funcionários indo embora eu me apressava em arquivar alguns documentos.
O relógio marcava exatamente 20hrs07min, escuto um dos meus seguranças se aproximar junto com Soraia.
- Senhor, a Senhorita Soares já chegou. – Ele estende mais a abertura da porta e Soraia entra usando um vestido de alças branco de flores vermelhas, de tecido fino acompanhado de uma sapatilha e uma bolsa de alça transversal vermelha, seu cabelo em um coque com alguns fios cacheados soltos e seus óculos de armação redonda enfeitando seu rosto, ela não usava maquiagem e isso a deixava mais linda ainda.
- Obrigada Marcos, pode bater seu cartão, obrigada por ter ficado mais – Ele apenas acena com a cabeça e se retira. – Boa noite, Senhorita Soares.
- Boa noite, Senhor DAvanzzo – Sua voz como mel já me devolveu a paz e o sono que havia me tirado a uma semana. – Onde iremos jantar? – Ela sorriu.
- Pode escolher - digo desligando meu computador e levantando da cadeira, retirando meu paletó de seu encosto e o apoiando em meu braço enquanto busco minha pasta.
- Eu gosto de comida caseira, acredito que não seja do gosto do senhor, então melhor escolher – Apoio minha mão em suas costas e abro a porta da minha sala, esperando a mesma sair e eu saindo logo atrás.
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Entre Tiros E Harmonia
RomanceSe apaixonou pela melodia que ouviu, foi assim com Vincent e Soraia, a brasileira de cheiro doce que tocava uma melodia desconhecida no salão de um restaurante enquanto o mesmo almoçava. Os dedos da jovem dedilhavam algo íntimo, que havia composto a...